Por: dr. Merisse, Ngovene, Adam e Tomásia

Acesso à educação 

Adams: Em Moçambique a educação está para todos, isto porque o acesso a ela nos ensino primário e secundário geral ela é for free. Digamos que não há de que reclamar quanto ao acesso, embora a factores da pobreza, guerras, dentre outros que na maioria das vezes contribuem para muitos de nos não estudarmos ou prosseguirmos. É importante questionar, acho eu, este ponto pelo que, os locais em que as escolas se localizam já é um factor que dificulta o acesso à educação, há mais escolas nas cidades e muito poucas nas localidades, o que faz pensar que a educação está para os da cidade e não para os camponeses. Posso estar aqui a falar da impossibilidade de se reclamar quanto ao acesso, isto se calhar porque nunca me tenha faltado dificuldades de aceder a uma escola, mas existem muitos de nós que por falta de escolas escolhem ficar nas machambas, não se seja mau, por falta de uma escola ou de dinheiro para transporte (chapa) ou ainda para poder comprar o materail escolar. Portanto, embora o Estado sob governação do partido no poder tenha melhorado o "acesso" é necessário que pense e repense, enquanto práxis na possibilidade de não tornar o ensino somente na cidade, mas também em outras zonas ou regiões do país mais necessitadas.
Ngovene: O acesso à educação nunca foi das melhores em Moçambique desde a independência, devido a muitos factores tais como: pobreza, guerras e falta de profissionais no sector da educação. Passado algum tempo as evidências nos indica que o governo melhorou muito em alguns aspectos, porém, o acesso à educação continua sendo difícil em Moçambique, no princípio concordávamos porque todos estávamos numa posição não tão distante que os outros, passado algum tempo, fomos pegados de surpresa que o acesso à educação só é difícil para os cidadãos comuns, para os membros do governo é fácil para os filhos deles ter acesso.
 
Merisse: O acesso à educação em Moçambique teve seu início em 2004, através do antigo estadista Moçambicano Armando Emílio Guebuza, ao retirar as propinas para as escolas primárias e tornar o ensino gratuito em todo território nacional. Foi a mesma época em que o governo de Guebuza, começou a espalhar as universidades públicas e privadas pelo país todo. Porém, ainda há desafios em matérias de acesso à educação dada a inexistência de escolas nas localidades e zonas mais recônditas a nível do país.
 
Tomásia: Quanto a acesso à educação em Moçambique é pontual que o governo trabalhe na implantação de novas escolas em zonas recônditas e habitadas para evitar a falta de vaga e a percorrencia de quilômetros para encontrar uma unidade escolar.
 

Qualidade de ensino

Merisse: Enquanto o acesso à educação teve arranque em 2004 por Armando Guebuza, foi exatamente no mesmo ano que a qualidade de ensino começou a decair. O sistema de passagem automática para os níveis sem exame contribuiu negativamente no desenvolvimento de competências por parte dos alunos. Este foi o maior erro do sistema nacional de educação. De lá pra cá, o sistema está cada vez mais em níveis alarmantes e a sociedade, incluindo o cidadão comum, critica a educação no país.
 
Tomásia: A educação em Moçambique não está em condições de competir a nível internacional. Devido à fragilidade do governo nessa área, então o governo tende a seguir as políticas internacionais, isto é dos seus parceiros, doadores, financiadores... E estes exigem estatísticas ou números, daí que o ensino torna-se quantitativo e não qualitativo (Um exemplo prático: passagens automáticas como forma de garantir boa percentagem).
 
Adams: Existe uma ideia, em Moçambique, que é muito transmitida pelos nossos pais, familiares e conhecidos que, na verdade, eu não concordo, é a ideia de que se continuássemos com a educação tida na primeira república a nossa educação estaria sob o ponto de vista qualitativo melhor que a actual, o que esse não sabem é que a educação "antiga" era de "sujeito-objecto", os professores eram detentores do conhecimento e os alunos eram simplesmente "akousmaticoi", ouvintes sem opiniões contrárias, não podemos negar que a educação nesse período era centrada, mas não tinha interferências das "social midia" e tudo mais, talvez seja por isso que a qualidade da segunda república, a partir da gorvernação do ex-estadista Armando Guebuza reduziu muito. Os professores e o sistema de educação tinham e têm grandes desafios, isto por que agora os alunos não são simplesmente ouvintes, agora são também "matematicoi", acho que esse factor afectou de certo modo a centralidade da educação no aluno. O aluno tem mais conhecimentos das tecnologias do que o professor, por essa razão manipula-o, reduzindo o seu desempenho e esforço ao dinheiro... Contudo, falar de qualidade de ensino em Moçambique, nosso país, e falar de algo que anda teremos muito que trabalhar, se calhar dando formação aos professores sobre o uso das tecnologias e de moral, sobre o que é professor e, o mais importante sobre o que é fazer educação.
 
Ngovene: Falar da qualidade do ensino em Moçambique é um pouco difícil porque para tal seria necessário que os jovens tivessem tido a educação antiga e os velhos terão que ter a educação actual. Para evitar que os velhos julguem educação dos filhos vice-versa, é um erro grave, os pais querer que os filhos tenham a mesma educação que eles tiveram, do mesmo jeito que os filho querer a educação que os seus pais tiveram. O tempo muda, as condições de vida também melhoraram muito, não há necessidade de os filhos se esforçar como o fizeram os seus pais.

Perspectivas

Tomásia: Quanto a perspectiva, o que torna uma educação qualitativa é a existência de planos governamentais para a educação, de qualidade isto irá contribuir para a formação de um professor de qualidade e também irá possibilitar a existência de material escolar.
 
Merisse: Espera-se que recuemos ao governo de Chissano para buscar o sistema de educação daquela época; manter o projecto de educação para todos implantado por Guebuza e fazer com que os próximos governos elaborem planos de acordo com as especificidades locais bem como a auscultação de pontos de vista do cidadão comum.
 
Adams: Pensar educação em Moçambique, como em todos os países, acredito eu, é sonhar na possibilidade de melhorar as condições político-econômico, sociais e moral do país, desse modo estamos nós neste momento a sonhar. Uma das coisas que se pode modificar na educação básica no nosso país é, primeiro, as disciplinas de moral e cívica devem, acho eu, ser dadas a partir da primeira classe, pelo que é impossível educar matulões sobre o que é moral e sobre o que é ser cidadão, o que ocorre neste momento, os alunos ó estudam essa disciplina na sexta classe o que é no meu parecer negativo. Nos cinco primeiros anos do ensino básico é a base para que se cultive e se incuta os ideias de patriotismo, de socialização, de trabalho e de cidadania, os restantes anos seriam para aprimorar os conhecimentos iniciados. O outro aspecto, acho que deixei claro no ponto anterior, por isso vou evitar fazer repetições.
Ngovene: Como cidadão gostaria muito de ver a nossa educação, se adaptando as novas tecnologias, eliminando algumas disciplinas no ensino primário, isto é, introduzisse a informática na 3.ª classe, de 1.ª a 5.ª classe passar a ter três disciplinas Português, Matemática e informática. Só a partir da 6.ª classe é que se pode introduzir disciplinas como Moral cívica, ciências sociais e naturais, etc. O mundo hoje precisa de jovens com capacidade de lidar com a tecnologia, embora, que os que tutela a educação não aceita, as evidências mostram o contrário é triste ver um estudante do ensino pré-universitário ou estudante universitário sem o domínio da informática. É preciso que o nosso governo cultive o espírito de os jovens publicar os seus textos na ‘internet’ de modo a partilhar com estudantes de outros países.