HORMONAS VEGETAIS E MOVIMENTOS DOS VEGETAIS

Por: Leonardo Américo Machava

 

Hormonas vegetais e regulação do crescimento das plantas.

 

 As hormonas vegetais, ou fitohormonas, são mensageiros químicos capazes de controlar o desenvolvimento, o crescimento, a diferenciação celular, a floração, o amadurecimento dos frutos e outros fenómenos que ocorrem com as plantas. As principais fitohormonas são: auxinas, giberelinas, citocininas e etileno. 

Auxinas 

Foram os primeiros fitohormonas a serem identificados e isolados por vários pesquisadores, por meio de várias experiências. Charles Darwin e seu filho Francis, em 1881, demonstraram que o coleoptile (haste verde que emerge da semente) de alpiste, quando iluminado lateralmente, curva-se em direção à luz. Se o ápice do coleoptile for coberto não responde mais à luz. A auxina posteriormente foi identificada como ácido indolacético (AIA). 

O AIA é produzido nas zonas meristemáticas da planta: nos meristemas apicais de caules e raízes, nos embriões das sementes e nas folhas jovens. Desloca-se do ápice do caule até a ponta das raízes. 

Acções Do Aia 

Quando aplicados a flores antes da fecundação, os ovários crescem e originam frutos sem sementes, denominados partenocárpicos. Dependendo da concentração de AIA, tanto pode inibir como estimular o crescimento de raízes, caules e gemas.  

Outro fenómeno relacionado à diferença de sensibilidade das diversas regiões das plantas do AIA é a dominância apical. A gema apical produz AIA, que passa a inibir as gemas laterais mais distantes. Se a gema apical foi removida, a concentração de auxinas cai, e as gemas laterais desenvolvem-se.

 

Giberelinas 

Esta denominação deve-se ao fato de elas serem encontradas no fungo Gibberella fungikuorai, que ataca e provoca doença no arroz. Por abranger inúmeras substâncias, são genericamente denominadas de ácidos giberélicos. 

Locais de produção das giberelinas no vegetal

As giberelinas são produzidas em tecidos jovens do sistema caulinar e sementes em desenvolvimento. É incerto se sua síntese ocorre também nas raízes. Após a síntese, as giberelinas são provavelmente transportadas pelo xilema e floema.

Acções Das Giberelinas 

Estimular a distensão celular; promover o desenvolvimento do fruto, inclusive a paternocarpia; estimular a floração em muitas plantas; quebrar a dormência de gemas e da semente. 

Citocininas 

São as fitohormonas que estimulam a divisão celular. O principal local de produção dessas hormonas é a gema apical da raiz, e o transporte, como nos demais hormônios, é feito pelo xilema. Os citocininas são também conhecidos como hormonas anti-envelhecimento de folhas, permitindo que elas fiquem verdes por muito tempo. Atuam em menor proporção na floração, na quebra da dormência de semente e no crescimento do fruto. 

 

 

Ácido Abscísico - Abscisão Foliar

A queda das folhas de uma planta decídua pode ocorrer em resposta a sinais do meio ambiente, tais como curtos ou baixas temperaturas no outono, ou devido a condições adversas ao desenvolvimento vegetal.

A folha jovem tem a capacidade de sintetizar níveis de auxinas relativamente altos; durante a senescência, a síntese de auxinasno limbo foliar diminui consideravelmente, o que promove o rompimento do pecíolo na camada de abscisão.

A dissolução parcial ou total da parede celular e da lamela média torna a região de abscisão enfraquecida, do ponto de vista mecânico. Basta neste momento um vento moderado para causar a quebra do feixe vascular e completar a separação da folha do restante da planta.

A abscisão de frutos é muito semelhante à abscisão foliar, somente que nos frutos e em algumas folhas ocorre, antes da abscisão, um aumento no nível de ácido abscísico. Este hormônio vegetal poderia promover a síntese de etileno e, possivelmente, a síntese das enzimas que atuam na parede celular e lamela média.

 

Etileno 

Fitohormona gasoso, produzido pelas plantas e também liberado por meio da queima de diversos produtos, como serragem e derivados de petróleo (gasolina, querosene etc.). O etileno acelera o amadurecimento dos frutos, e a queda (abcisão) das folhas. Frutos maduros ou podres liberam grande quantidade de etileno. É utilizado em estufas para amadurecer as frutas ali colocadas. Quando embrulhamos bananas em jornal, o papel retém o etileno liberado pelas bananas, o que acelera o seu amadurecimento. 

 

Movimentos Vegetais

Os movimentos dos vegetais respondem à ação de hormônios ou de fatores ambientais como substâncias químicas, luz solar ou choques mecânicos.

Estes movimentos podem ser do tipo crescimento e curvatura e do tipo locomoção.

Movimentos de Crescimento e Curvatura

Estes movimentos podem ser do tipo tropismos e nastismos.

Tropismos

Os tropismos são movimentos orientados em relação à fonte de estímulo. Estão relacionados com a ação das auxinas.

Fototropismo é o movimento orientado pela direção da luz. Existe uma curvatura do vegetal em relação à luz, podendo ser em direção ou contrária a ela, dependendo do órgão vegetal e da concentração do hormônio auxina. O caule apresenta um fototropismo positivo, enquanto que a raiz apresenta fototropismo negativo. O fototropismo positivo ou negativo é decorrência da distribuição desigual de auxinas. Quando iluminado o caule unilateralmente, na face iluminada ocorre destruição das auxinas pela luz, o que inibe o seu crescimento. Com isso o lado não iluminado, com maior concentração de auxinas, cresce mais, determinando a curvatura em direcção à luz. 

 

                                

Geotropismo é o movimento orientado pela força da gravidade. O caule responde com geotropismo negativo e a raiz com geotropismo positivo, dependendo da concentração de auxina nestes órgãos.

 

Tigmotropismo é o movimento orientado por um choqe mecânico ou suporte mecânico, como acontece com as gavinhas de chuchu e maracujá que se enrolam quando entram em contato com algum suporte mecânico.

 

Fotonastismo

Movimento das pétalas das flores que fazem movimento de curvatura para a base da corola. Este movimento não é orientado pela direção da luz, sendo sempre para a base da flor.

Existem as flores que abrem durante o dia, fechando-se à noite como a "onze horas" e aquelas que fazem o contrário como a "dama da noite".

Tigmonastismo e Quimionastismo

Movimentos que ocorrem em plantas insetívoras ou mais comumente plantas carnívoras, que, em contato com um inseto, fecham suas folhas com tentáculos ou com pêlos urticantes, e logo em seguida liberam secreções digestivas que atacam o inseto. Às vezes substâncias químicas liberadas pelo inseto é que provocam esta reação.

 

Seismonastia

Movimento verificado nos folíolos das folhas de plantas do tipo sensitiva ou mimosa, que, ao sofrerem um abalo com a mão de uma pessoa ou com o vento, fecham seus folíolos. Este movimento é explicado pela diferença de turgescência entre as células de parênquima aquoso que estas folhas apresentam.

 

 

Referências bibliográficas 

 NULTSCH, wilhelm. Botânica geral. 10a edicção, Artmed editora, Porto Alegre, 2000.

MODESTO ,M.M. Zulmira ; SIQUEIRA, Botânica- currículo de estudos de Biologia; Editora Pedagógica e Universitária Lda; 2007