Por: Delfina Estevão Bambo

Sistemas de classificação dos seres vivos (breve historial da Sistemática e sua evolução: Lineu, Haeckel, Copeland e Whittaker)

 

Historial da sistemática e sua evolução


Desde Lineu, meados do século XVIII os seres vivos foram classificados em dois reinos: o Animal e o Plantae.

O Reino Plantae incluía todos os seres vivos fotossintéticos, sem locomoção, sem ingestão, bactérias e fungos.

O Reino Animal incluída todos os seres vivos que não faziam a fotossíntese, com locomoção, com ingestão, incluindo seres unicelulares (protozoários) e seres multicelulares (metazoario).

Com o avanço da ciência e a descoberta do microscópio, o biólogo alemão Ernest Haeckel, em 1866 propõe o Reino Protista, passaram a ser 3 reinos. O Reino Protista incluída todos os seres simples: bactérias, protozoários e fungos.

Herbert Copeland (1902-1968) introduziu o quarto reino, o Monera, considerando um novo critério: seres procariontes e eucariontes. Monera- procariontes, e os restantes eucariontes.

Embora com o aparecimento destas novas classificações em 3 e 4 reinos, os biólogos continuaram-se a basear no modelo de Aristóteles e Lineu, só em 1969 com o biólogo H. Wittaker apareceu uma nova classificação com 5 reinos em que os fungos passam a constituir um reino à parte o reino Fungi.

O sistema de classificação de Whittaker baseia-se em critérios básicos:

    • Tipo de célula e organelos: Unicelulares (Monera e Protista), Multicelulares (Protista, Fungi, Plantae e Animalia).

 

    • Tipo de organização celular: Procariontes (Monera) ou Eucariontes (Protista, Fungi, Plantae e Animalia)



Modo de nutrição Autotróficos (Monera, Protista e Plantae) ou Heterotróficos (Protista e Animalia por ingestão e Monera, Protista e Fungi por absorção).
Interacções nos ecossistemas:

    • Produtores (Monera, Protista e Plantae)

 

    • Macroconsumidores (Protista e Animalia)

 

    • Micronsumidores (Monera, Protista e Fungi).



REINO MONERA


O termo “monera”, criado por Haeckel no século passado, deriva do grego mono e significa só, único, referindo-se à simplicidade estrutural desses seres. Portanto, são unicelulares e procariontes. Os fungos eram classificados com as bactérias, pelo fato de ambos terem capacidade decompositora. Mais tarde houve a separação, constituindo o Reino Fungi isoladamente.

O reino Monera compreende duas divisões:

Schizophyta (bactérias) e Cyanophyta (cianobactérias).


Embora sejam unicelulares, esses organismos podem, às vezes, agrupar-se, formando massas ou filamentos de células −as colónias.

DIVISÃO SCHIZOPHYTA


Com cerca de 3.000 espécies, as bactérias estão entre os menores e mais simples organismos actuais e são os organismos mais abundantes do planeta. Algumas bactérias são responsáveis pela deterioração dos alimentos, outras causam doenças em diversos organismos, inclusive no homem.

MORFOLOGIA BACTERIANA



    • Apresenta uma parede de polissacarídeos e proteínas interligadas em forma de rede, que muitas vezes é coberta por uma cápsula gelatinosa.

 

    • Abaixo da parede, encontramos a membrana plasmática, que pode formar invaginações ou dobras chamadas mesossomas.

 

    • São ricos em enzimas respiratórias e importantes no período de divisão celular da bactéria, guiando o material genético para os pólos da célula.



A ESTRUTURA DE UMA BACTÉRIA


No citoplasma há inclusões, os ribossomos, e a região central mostra filamentos de DNA, o material genético denominado nucleóide. Não há membrana nuclear. As bactérias podem apresentar motilidade com um ou mais flagelos.

TIPOS MORFOLÓGICOS DE BACTÉRIAS


Quanto à forma, as bactérias classificam-se basicamente em quatro categorias: cocos, bacilos, espirilos e vibrião.

Cocos


São bactérias de forma arredondada, cujo tamanho, em geral, situa-se entre 0,2 e 5 micrômetros (1/1000 do mm) de diâmetro. Apresentam-se isolados ou formando colônias.

As colónias são classificadas em:

    • Diplococos: dois cocos;

 

    • Tétrade: quatro cocos;

 

    • Arcina: cúbica de oito ou mais cocos:

 

    • Estreptococos: cocos em fileira;

 

    • Estafilococos: cocos dispostos em cachos de uvas;



Bacilos


São bactérias em forma de bastonete que medem, em regra, de 1 a 15 micrômetros. Exs.: bacilos da tuberculose, hanseníase e tétano.

Espirilos


São bactérias que têm a forma de um bastonete recurvado. Os espirilos propriamente ditos formam filamentos helicoidais.

Vibrião


São bactérias que têm forma de um bastonete curvo. Exemplo: vibrião da cólera.

NUTRIÇÃO BACTERIANA


Quanto à forma de nutrição, as bactérias podem ser divididas em autótrofas e heterótrofas.

Bactérias Autótrofas


São aquelas que fabricam seu próprio alimento por meio da fotossíntese (bactérias fotossintetizantes) ou da quimiossíntese (bactérias quimiossintetizantes).

Bactérias Heterótrofas


São incapazes de obter seu alimento das substâncias inorgânicas do meio, e, por isso, vão extraí-lo de outros organismos, através do saprofitismo (nutrição a partir de matéria putrefata), simbiose (nas raízes das leguminosas) ou do parasitismo (instalam-se no corpo de animais ou vegetais, causando-lhes doenças).

RESPIRAÇÃO BACTERIANA


Pode ser aeróbia, na presença de O2 livre, e anaeróbia na ausência de O2 livre.

Aeróbias


Oxidam matéria orgânica utilizando O2 livre, com liberação de energia. Não vivem na ausência de O2. Exemplo: Bacilo do carbúnculo (Bacillus anthracis).

Anaeróbias


Não dependem do O2 livre para os seus processos oxidativos. Exemplo: Bacilo do tétano (Clostridium tetani). As anaeróbias são ditas estritas ou obrigatórias quando só vivem na ausência completa de O2 livre. Algumas bactérias quimiossintéticas vivem nas raízes de leguminosas (feijão), sendo responsáveis pela transformação de nitrogénio em nitrato, fundamental para adubar o solo. Tal fato permite a utilização de leguminosas na rotação de culturas.

A REPRODUÇÃO DAS BACTÉRIAS

 

Reprodução Assexuada


O principal tipo de reprodução nas bactérias é a reprodução assexuada, que ocorre principalmente por esquizogênese ou bipartição ou divisão simples ou cissiparidade: um indivíduo se divide originando dois outros iguais.

Reprodução Sexuada


A Biologia moderna desvendou três formas diferentes de transferência de material genético entre bactérias: a conjugação, a transformação e a transdução. Em qualquer desses casos, uma bactéria pode passar, de repente, a revelar um caráter que não possuía.

UTILIDADE OU FUNCAO DAS BACTÉRIAS


Na indústria de laticínios: fermentação do leite,produzindo a coalhada e o queijo. Lactobacillus bulgaricus.

Na indústria de bebidas: através da fermentação produz o álcool, o vinagre e o vinho.
Na agricultura: algumas bactérias vivem em simbiose (mutualismo) com as raízes de certas plantas, aí se prendem e se alimentam dos carboidratos da planta, fornecendo a ela o nitrogênio atmosférico, que será usado em novas sínteses.

Flora intestinal: no intestino grosso dos animais existem milhões de bactérias (Enterobactérias). Elas vivem em simbiose e promovem a degradação de substâncias como a celulose, que não é digerida pelas enzimas produzidas no organismo do homem. Além disto, elas promovem a síntese de substâncias importantes para o organismo. Vitaminas do Complexo B e Vitamina K.

Ciclo dos elementos da natureza (Carbono e Nitrogênio): as bactérias realizam a putrefação e a mineralização dos dejetos orgânicos, produzindo uma verdadeira higienização da superfície terrestre.

DIVISÃO CYANOPHYTA

 

Cianobactérias ou Cianofíceas ou Algas Azuis


Uma vez que esses seres são nitidamente aparentados com as bactérias, melhor seria adotar apenas a designação cianobactérias (ciano, vocábulo de origem grega significando azul). As cianobactérias apresentam o pigmento clorofila, o que as capacita a realizarem a fotossíntese.

Sua nutrição é, portanto, autotrófica. As cianobactérias podem apresentar-se como células isoladas esféricas ou em forma de bastonete, ou ainda formando colónias filamentosas ou colónias com o aspecto de placas laminares.

MORFOLOGIA


São unicelulares procariontes. Podem viver isoladamente ou em colônias. Além de apresentarem a clorofila, apresentam a ficocianina (azul) e às vezes ficoeritrina (vermelha), contidas em plastos distribuídos ao longo de membranas espalhadas no citoplasma.

A parede celular é igual à das bactérias podendo apresentar uma capa gelatinosa. Não possuem cílios e flagelos.

REPRODUÇÃO


Entre as cianofíceas, as espécies unicelulares reproduzem-se por cissiparidade. Nas espécies filamentosas, a reprodução se faz por hormogonia, que consiste na fragmentação do filamento. Cada fragmento, denominado hormogônio, cresce independentemente, constituindo nova cianofícea. Em algumas cianofíceas filamentosas, quando as condições do meio se tornam desfavoráveis, ao lado de células que morrem, há células que espessam a parede celular e passam ao estado de vida latente, constituindo esporos, denominados acinetos. Quando o meio volta a ser favorável (presença de água), os esporos germinam e produzem novas cianofíceas.

As cianobactérias são responsáveis pela transformação do nitrogênio atmosférico em nitrato, o qual não somente é importante para o solo, mas também como fornecedor de oxigênio.

Referencias Bibliográfica


AMARAL, L; MENDES, F, Ciências da natureza matemática e suas tecnologias, São Paulo, S/A.