As teses fundamentais de Górgias eram tres, concatenadas entre si:
Tese 1. Nada existe;
Tese 2. Se algo existe, não é cognoscivel pelo homem;
Tese 3. Ainda que seja cognoscivel, é incomunicável aos outros.
1. (Argumentos da Tese 1) - Não existe nem o ser nem o não ser. O não ser não existe porque,se existisse, seria ao mesmo tempo não ser e ser, o que é contraditório. E o ser, se existisse, teria de ser ou eterno seria infinito e, se o infinito, não estaria em lugar alguma, isto é, não existiria de facto. Se gerado, deve ter nascido ou do ser ou do não ser; mas do não ser nada nasce; e se nasceu do ser, já existe antes, portanto não é gerado. O ser não pode ser, pois , nem eterno nem gerado; não pode ser tão pouco eterno e gerado ao mesmo tempo porque as duas coisas se excluem. Portanto, nem o ser nem o não ser existem.
2. (Argumentos da Tese 2) - Mas se o ser existe, não pode ser pensado. As coisas pensadas não existem: de outro modo existiriam todas as coisas inverosímeis e absurdas que ao homem ocorra penas. Mas se é verdade que aquilo que é pensado não existe, será também verdade que aquilo que existe não é pensado e que, portanto, o ser, se existe, é incognoscível.
3. (Argumentos da Tese 3) - Ainda que fosse cognoscivel, não seria comunicável . Efectivamente, nós expressamo-nos pela palavra, mas a palavra não é o ser, portanto, comunicando palavras, não comunicamos o ser.
Górgias chega assim a um niilismo total, sendo que tudo e reduzido ao falso; nega-se a "objectividade" do pensamento e da validade que lhe advém da sua referência ao ser.