Plotino é fundador e o principal expoente do neoplatonismo. Este sistema se desenvolveu em Alexandria depois do platonismo judaico com Fílon e do cristão com Clemente de Alexandria e Orígenes, e fez sua característica fundamental de ambos, ou seja, a realização de uma síntese do pensamento filosófico com o pensamento religioso. Desta vez, porém, a síntese não foi o resultado do encontro da filosofia de Platão com a religião revelada, mas com as religiões pagãs orientais.

[Breve biografia: Plotino nasceu em Licópolis, no Egipto, em 205. Estudou em Alexandria, na escola de Amônio Sacas , junto com Orígenes. Aos 40 anos transferiu-se para Roma, onde fundou uma escola que teve enorme sucesso. Morreu em sua vila na Campanha em 270. Porfírio, um de seus discípulos mais inteligentes e devotados, recolheu seus escritos e os dividiu em seis grupos de nove livros cada um; a obra recebeu por isso a designação de "Enéadas".]

O empenho maior da reflexão filosófico-religiosa de Plotino é dirigido para o "Absoluto" e para as nossas relações com ele. Aristóteles havia colocado o "primeiro Motor" acima do mundo e das "inteligências motoras", mas não esclarecerá satisfatoriamente suas relações conosco e com as coisas. Ainda mais obscura era a situação ontológica de Deus na visão filosófica de Platão.

Valendo-se de sugestões que lhe vinham do hebraísmo e do cristianismo, Plotino está em condições de superar os limites da especulação de Platão e Aristóteles, de desenvolver um conveico mais profundo do "Absoluto" e de determinar com mais clareza suas relações conosco e com as coisas. 

A existência do Absoluto pode ser conhecida imediatamente sem necessidade de demostração. Que o Absoluto existe, vemo-lo de tudo o que vem depois dele, de todo o universo, que dele procede e por ele existe. As dificuldades em torno da existência ou do porquê da existência do Absoluto surgem de certas imagens falsas pelas quais procuramos representar-nos a sua realidade.

Ora, o Absoluto transcende qualquer determinação de lugar como também qualquer existência determinada: dele se pode dizer somente que é, sem pretender-se atribuir-lhe nenhuma coisa do exterior.

As grandes pilastras da filosofia da Plotino em torno do Absoluto, que ele chama o Um/Uno, são os conceitos de simplicidade e de transcendência. Tais conceitos exigem que se exclua do Universo qualquer qualidade positiva. Por este motivo, Plotino é considerado, com razão, o fundador da "teologia negativa".

Ao Uni não se pode atribuir nenhuma qualidade positiva porque isso importaria em reconhecer-lhe composição e, consequentemente, em reibaxá-lo ao nível das criaturas. Ao Uni não se pode atribuir nada: nem a vida, nem o ser, nem a virtude, nem o pensamento.

O Uno, diz Plotino, "é destituído de forma, mesmo da forma inteligível, já que , sendo a sua natureza geradora de todas as coisas, não é nenhuma delas. 

Portanto, o Uno não e nem substância, nem quantidade, nem pensamento, nem alma; não se move nem está em repouso, não está em um lugar, nem em um tempo, MAS PERMANECE uniforme em si mesmo, transcendendo toda forma. Ainda o Uno é inefável no verdadeiro sentido do termo, porque qualquer palavra que pronuncies exprime sempre alguma coisa. O Uno é a realidade suprema da qual se originam todas as outras.