O ponto de partida da metafísica de Avicena é a divisão da realidade em "seres necessários por si" e em "seres necessários em virtude de sua causa": "Dizemos, portanto, que o que faz parte do 'ser' pode ser dividido pelo intelecto em dois grupos. 

1 - Do primeiro grupo fazem parte aquelas coisas que, consideradas em si mesmas, têm um ser que não é necessário, mas também não é impossível , porque, de outro modo, não pertenceriam ao ser. Trata-se, pois, do ser possível.

2 - Ao outro grupo pertencem aquelas coisas que, consideradas em si mesmas, se verifica que têm um ser necessário. Diremos por isso que aquilo que é necessário por si não tem causa "necesse esse per se non habet causam" (o que existe necessariamente não tem causa), e que aquilo que é possível por si tem causa; e, além disso, que aquilo que é necessário por si é a razão da necessidade de todas as outras coisas. 

Notamos aqui o aparecimento debuma distinção fundamental que os filósofos precedentes ignoravam, a distinção entre essência e existência. Avicena dá a máxima importância para distinção entre o ser necessário e os seres possíveis.

Assim, as coisas são simplesmente possíveis e não necessárias e que, por isso, para existirem em acto, têm necessidade de uma causa. Esta, em última instância, só pode ser o Ser necessário por si. O Ser necessário é o Sumo bem. A criação é um evento necessário, e necessárias são todas as coisas singulares que fazem parte da criação.