Isaac Newton foi catedrático na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII — época em que tanto a política como as ciências atravessavam tempos de turbulência.

Entre suas contribuições para a ciência, Newton descreveu as leis do movimento e da gravitação, fez avanços na Óptica e criou, ao mesmo tempo que Gottfried Leibniz, o cálculo integral e infinitesimal.

No campo da política, Newton atuou como deputado no Parlamento inglês, foi guardião da Casa da Moeda Real e presidente da Royal Society, ou The Royal Society of London for the Improvement of Natural Knowledge (Sociedade Real de Londres para o Progresso do Conhecimento da Natureza), uma instituição destinada à promoção do conhecimento científico, fundada em 1660.

Até o fim da Idade Média, os fenômenos físicos eram discutidos sem que se contasse com recursos matemáticos que pudessem ajudar a descrevê-los ou com experimentos que possibilitassem a comprovação ou refutação das hipóteses formuladas. Iniciativas no sentido de “matematizar” o conhecimento mostraram-se possíveis a partir de Galileu Galilei no século XVI, que investigou a natureza do equilíbrio das forças e da inércia dos corpos, reconhecendo a linguagem matemática como a mais importante aliada na articulação de conceitos.

Na mesma época, René Descartes (1596-1650) descreveu os movimentos de um universo mecanizado, como resultado do intercâmbio entre as quantidades de movimento e de repouso, imutáveis desde o momento da Criação, e ampliou o conceito de inércia.

Newton reuniu e ampliou o trabalho realizado por Galileu e Descartes, formulando as leis da Mecânica de maneira universal (com base matemática) em sua obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), de 1687, fazendo com que a Física alcançasse o status de ciência no sentido moderno do termo.

Como na época não havia uma matemática adequada para realizar as aproxima- ções de que necessitava, Newton teve que desenvolver o cálculo de variações ou fluxões, uma ferramenta de valor inestimável para a Mecânica e, mais tarde, para toda a Física.

O escritor inglês Michael White, autor de uma biografia sobre Isaac Newton, comenta o impacto dos Principia no cenário científico: Assim como Newton, outros filósofos perceberam a importância da experimentação, sistematização e uma linguagem adequada para o desenvolvimento da ciência. John Locke, filósofo cujas ideias são a base do empirismo inglês, acreditava que todo o nosso conhecimento deriva da experiência.

De acordo com Locke, o conhecimento vem de duas fontes de experiência: a sensação, que fornece ideias sobre o mundo externo, e a reflexão, que fornece o conhecimento do funcionamento interno da mente. Mas concluía que, como não percebemos verdadeiramente um objeto, mas apenas a ideia dele, a verdadeira natureza de qualquer coisa só poderia ser alcançada pela matemática.

A publicação dos Principia era aguardada por toda a comunidade científica do século XVII, mas poucas pessoas perceberam a sua natureza revolucionária; assim como os trabalhos de Darwin ou Einstein, a sua profundidade só foi percebida com alguma lentidão. Mas os Principia fizeram muito mais do que dar a Newton fama internacional; revolucionaram não só a forma como se percebia o universo, mas também o funcionamento da ciência.

Ao levar a Física além da arena do debate eclesiástico e filosófico, Newton sem querer criou um novo reino intelectual. Este levou mais de um século e meio para receber o nome de “ciência”, mas o conjunto de disciplinas que tornou possível a Revolução Industrial não se baseava na fé nem em especulações, e sim em rígidos fatos matemáticos e provas passíveis de verificação.