OS REINOS AFRICANOS
 
IMPÉRIO DO MALÍ
 
O Império do Mali foi um império pré-colonial africano, da época da Idade Média, existente entre 1235 e 1670, na região de Manden, nos atuais Mali, Serra Leoa, Senegal, Gâmbia, Guiné e sul do Saara Ocidental. Este Império foi um dos mais poderosos da historia da humanidade, sendo uma das maiores potências da Idade Média, além de um dos mais ricos em ouro e pedras preciosas. O Império e considerado o mais rico de toda a historia africana.
 
 
O império começou como um pequeno reino Mandinga na parte superior do rio Níger, centrado em torno da cidade de Niani. Durante os séculos XI e XII, começou a se desenvolver como um império após o declínio do Império de Gana ao norte.
O Império de Mali (1240-1645 EC) no oeste africano foi fundado por Sundiata Keita, após sua vitória sobre o reino de Sosso (1180-1235). O governo centralizado de Sundiata, sua diplomacia e seus exércitos bem treinados permitiram expansão militar massiva, abrindo caminho para a prosperidade do Império de Mali, tornando-o o maior já visto na África.
 
Após uma sequência de governantes aparentemente sem brilho, o Império de Mali gozou de sua segunda era de ouro durante o reinado de Mansa Musa I na primeira metade do século XIII EC. Com um exército de aproximadamente 100,000 homens, incluindo um corpo de cavalaria pesada de 10,000 cavalos, e o talentoso general Saran Mandian, Mansa Musa foi capaz de manter e estender o Império de Mali, dobrando seus territórios. Ele controlou terras até a Gâmbia e o baixo Senegal no oeste; no norte, tribos foram subjugadas ao longo de todo a extensão comprimento das fronteiras do Saara Ocidental; no leste, o controle se estendeu até Gao no Rio Níger e, ao sul, a região de Bure caiu sob a supervisão de Mali.
 
O Império de Mali então veio a incluir vários grupos étnicos, religiosos e linguísticos.
Para governar tantos povos diferentes, Mansa Musa dividiu seu império em províncias a serem governadas por um farba (governador) apontado pessoalmente por ele e responsável pelos impostos locais, justiça, e resolução de disputas tribais. A administração foi melhorada posteriormente com maiores registros sendo realizados e enviados para o governo central em Niani. Com mais tributos vindos de novos chefes conquistados, mais rotas de comércio sob o controle de Mali, e ainda mais recursos naturais a serem explorados, Mansa Musa e a elite de Mali se tornaram imensamente ricos. Quando o rei de Mali visitou Cairo em 1324, ele gastou, ou simplesmente presenteou tanto que o preço do ouro caiu 20%. Tais riquezas desencadearam uma onda de rumores de que Mali era um reino pavimentando à ouro. Na Espanha em 1375, um cartógrafo foi inspirado a criar o primeiro mapa detalhado da África Ocidental da Europa, parte do Atlas Catalão. O mapa mostra Mansa Musa usando uma coroa de ouro impressionante, brandindo triunfante um enorme pedaço de ouro na mão. Exploradores europeus passariam os próximos cinco séculos tentando localizar a fonte deste ouro e a lendária cidade de Timbuktu.
 
O reinado de Mansa Musa I (1312-1337) levou o império a atingir novos níveis de grandiosidade em termos de territórios controlados, efervescência cultural, e impressionante riqueza vinda pelo controle do Mali sobre as rotas de comércio regional. Atuando como intermediário entre África do Norte via Deserto do Saara e o Rio Níger ao sul, Mali explorou o tráfego de ouro, sal, cobre, marfim e escravos que cruzavam a África Ocidental. Mercadores muçulmanos foram atraídos por toda essa atividade comercial, e eles converteram os governantes de Mali que, por sua vez, disseminaram o Islão através de centros de conhecimento notáveis como Timbuktu. Em contraste com cidades como Niani (a capital), Djenne e Gao, a maior parte da população rural de Mali se manteve como fazendeiros ainda apegados às crenças animistas tradicionais.
 
Como seus predecessores políticos, o Império de Mali prosperou graças ao comércio e sua localização privilegiada, situada entre as florestas tropicais do sul da África Ocidental e os poderosos Califados Mulçumanos da África do Norte. O Rio Níger cedia acesso fácil ao interior do continente e à costa do Atlântico, enquanto as caravanas de camelo berberes que cruzavam o Saara garantiam que mercadorias valiosas viessem do norte. Os governantes de Mali tinham rendimento triplo: taxavam o transporte de mercadorias, compravam e revendiam a preços muito mais altos, e tinham acesso a recursos naturais próprios. De maneira significativa, o Império de Mali controlava regiões ricas em ouro como Galam, Bambuk e Bure. Uma das principais trocas comerciais era o de pó de ouro pelo sal do Saara. O ouro era demandado particularmente por poderes europeus como Castela na Espanha e Veneza e Gênova na Itália, onde a cunhagem passava a ser feita com metal precioso.
 
O Império de Mali sucumbiu nos anos 1460s após guerras civis, aberturas de novas rotas de comércio em outras localidades e a ascensão do império vizinho de Songai, apesar de ter conseguido manter o controle de uma pequena parte do império ocidental até o século XVII.