Para os artistas do século XX, a livre criatividade artística não mais podia restringir-se apenas à produção da obra de arte: era preciso reinventar a própria arte, redefini-la a partir de critérios novos e mais adequados à situação histórica, tanto da arte como da humanidade.

A própria idéia de obra de arte foi objeto de drásticos questionamentos e reformulações, com o que também colocou-se em questão o papel da arte na História e no contexto mais geral da existência humana.

A ruptura com a tradição foi o lema de todas as vanguardas, e foi também a palavra de ordem que ecoou em todas as revoluções que a arte atravessou desde o início do século XX.

oiNo cubismo, no dadaísmo, no futurismo, no surrealismo na poesia e na música concretas, no teatro do absurdo e no da crueldade, no atonalismo musical, na música dodecafônica, como também em vários outros movimentos vanguardistas, manifesta-se o espírito inquieto e questionador da arte contemporânea, em sua constante luta por renovação e redefinição.

Nisto ela se revela como filha legítima de seu tempo, pois a História contemporânea é o palco das mais profundas rupturas e revoluções por que passou a humanidade.

O surgimento das grandes metrópoles, a mercantilização e mecanização avassaladoras da vida humana, o desenvolvimento de tecnologias de comunicação de massa, as duas Guerras Mundiais, o horror das armas atômicas e dos campos de concentração, a divisão do mundo em dois blocos inimigos, a ameaça ambiental… tudo isso tornou nosso mundo um lugar de perplexidade e de profundos questionamentos, onde todas as certezas oscilam e ameaçam desabar, e onde tudo o que balizou a vida humana no passado parece perder progressivamente seu valor e sua solidez.

Como tal situação não haveria de se refletir na arte, nesse espelho em que nossa civilização aprendeu a projetar sua imagem e a se mirar?