Ética
Ética, geralmente, é um valor social que identifica, qualifica e guia princípios universais e crenças e acções humanas. A palavra “ética” vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao “bom costume”, “costume superior”, “portador de carácter” ou “modo de ser”.
A investigação da ética remonta aos primórdios da actividade filosófica. Sócrates se caracterizou por fazer perguntas ético-morais.
Todavia, foi Platão quem inventou a discussão ética, o que denominamos hoje de metaética.
Enquanto campo de estudo e investigação, a ética se responsabiliza pela discussão das normas e regras de conduta e, portanto, tem como objecto as normas morais vigentes.
Metaética
Metaética é o ramo da ética que estuda a natureza das propriedades, afirmações, julgamentos e atitudes éticas. É um dos quatro ramos tradicionais da ética. A ética normativa, por exemplo, pergunta “o que devo fazer?”, enquanto a metaética pergunta “o que é o bem?”
A metaética, é um discurso de segunda ordem que se põe filosoficamente para validar ou não preceitos ético-morais vigentes. A metaética diz respeito a fundamentos ou justificativas da moral. Em termos académicos atuais, as posições metaéticas formam três grandes guarda-chuvas: o naturalismo, o relativismo e o emotivismo.
Naturalismo
Naturalismo é um movimento artístico e literário conhecido por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade.
No âmbito do senso comum, é utilizada como um porto seguro. Uma boa parte das pessoas se tranquilizam quando, diante do relato de uma situação vivida por outros ou por si mesma, a avaliação moral recebida vem junto à frase “ah, isso é normal, é próprio da natureza”. O que é um fato que pode ser classificado como “da natureza humana” serve, então, de fundamento ético para o comportamento moral – por mais esquisito que este possa parecer em um primeiro momento. A ideia básica nesse caso está lá no século XVII, especialmente na distinção entre fato e valor estabelecida por David Hume.
Relativismo
O relativismo é uma corrente filosófica fundamentada em uma ideia: a verdade absoluta não existe. Para os relativistas, todos os enunciados que afirmam o certo e o errado não estão sob o crivo que deriva de uma autoridade universal e absoluta. É claro que uma posição como esta precisa ser discutida, pois ela não é o que se pode pensar dela inicialmente, uma posição de auto-refutação. Mas o relativista sério sabe que o relativismo não se presta à legitimação de toda e qualquer prática. O relativismo implica em dizer que valores, práticas e enunciados não podem ser colocados, em princípio, fora do contexto da discussão racional por conta de qualquer lei “escrita nas estrelas”. Ou seja, tudo merece discussão.
Emotivismo
O emotivismo é uma visão metaética que reclama que as frases éticas não expressam proposições mas atitudes emocionais. Influenciado pelo crescimento da filosofia analítica e do positivismo lógico no século XX, a teoria foi expressa vivamente pelo filósofo britânico Alfred J. Ayer.
Ayer, da linha dos positivistas lógicos, foi um dos principais defensores do emotivismo. Ele afirmou que todo e qualquer enunciado ético é sem sentido, não possui nenhum literalidade – é alguma coisa que expressa emoção e não fatos.
Expressões de emoção, mesmo que sejam sentenças, foram tomadas por Ayer como equivalentes a grunhidos ou sorrisos e, por isso mesmo, não poderiam receber os adjetivos “falso” ou “verdadeiro”. Não estando no campo do que é literal, não pertenceriam ao âmbito do que podem ser verificados. Ora, sendo assim, mesmo que se coloque um enunciado do tipo “neguem deve tirar a vida do outro homem”.