Texto de pesquisa de dados: o Resumo e a Ficha de Leitura
Em muitas situações da nossa actividade (aulas, reuniões, pesquisas, etc.) somos confrontados com discursos orais ou escritos extensos, cuja informação precisamos de reter. A tarefa é facilitada se elaborarmos um resumo de texto. Ao produzir um resumo, estaremos a distinguir a informação essencial da acessória, isto é, da menos importante, a apreender o conteúdo do texto e a sintetizar a informação. Por outro lado, é importante consultar livros nas bibliotecas frequentemente.
Embora as fichas bibliográficas permitam a identificação das obras, não revelam o seu conteúdo. As fichas de leitura são textos mais abrangentes do que as fichas bibliográficas, pois não só identificam a obra, como resumem, analisam ou comentam o seu conteúdo.
Nesta unidade, abordaremos o resumo e a ficha de leitura, pois, apesar de terem características diferentes, têm uma mesma função: condensar informação.
- Resumo
O resumo é a condensação, em poucas palavras, de algo que foi dito ou escrito (Dicionário Michaelis — UOL). Portanto, resumir significa criar um novo texto, mais condensado, que utiliza as informações importantes do texto-base, reduzindo-lhe a extensão e sendo objectivo, na tentativa de criar uma síntese coerente e compreensível do texto de partida (Serafini, 1986).
O resumo deve ser:
- impessoal;
- Claro;
- compreensível;
- fiel ao pensamento do autor do texto de partida;
- fiel à ordem lógica (ao Plano) do texto de partida.
O resumo não deve ser:
- De estilo telegráfico;
- A transmissão integral dos enunciados do autor, mesmo os mais importantes.
A produção do resumo é prática corrente no trabalho intelectual e científico e em vários tipos de profissões, pois facilita a consulta rápida de documentos.
Técnicas de redacção de resumo a partir de um texto escrito
- 1ª fase: leitura para compreensão do texto – leitura;
- 2ª fase: leitura com incidência especial nas primeiras palavras de cada parágrafo, quando estas constituem o t6pico do parágrafo – selecção;
- 3ª fase: divisão do texto em partes que constituam uma ideia completa – segregação;
Nota: Cada parte não corresponde, necessariamente, a um parágrafo.
- 4ª fase: atribuição de um título a cada parte. Esta etapa, além de constituir uma fase importante para a redução do texto, permitirá a confirmação da apreensão do sentido do mesmo – nomeação;
- 5ª fase: apagamento de redundâncias, isto é, eliminação de ideias que se repetem – supressão;
- 6ª fase: elaboração do plano do texto, com agrupamento das unidades significativas, isto é, das ideias significativas – generalização;
- 7ª fase: produção do resumo por articulação das unidades significativas selecionadas e reagrupadas – construção.
- Ficha de leitura
As fichas de leitura são fichas de registo em que: são anotadas com precisão todas as referências bibliográficas relativas a um livro ou a um artigo, é elaborado o seu resumo, são transcritas algumas citações-chave e são feitas apreciações e observações.
A ficha de leitura contribui para o aperfeiçoamento da ficha bibliográfica. Com efeito, além de conter dados identificadores de uma obra, apresenta informação sobre a essência da obra, seja ela um resumo, citação ou outro tipo de anotação. Portanto, a ficha de leitura é mais abrangente do que a ficha bibliográfica.
A ficha de leitura é de uso bibliotecário. É o documento que resume ou comenta a obra disponível na biblioteca, com o objectivo de facilitar a identificação da fonte de pesquisa do leitor. Normalmente, a ficha de leitura é uma cartolina de tamanho A5 que fica anexada à capa da obra correspondente ou que se encontra num ficheiro específico.
A redacção das fichas de leitura das obras de uma biblioteca é da responsabilidade dos bibliotecários.
Nos últimos tempos, o uso de fichas de leitura generalizou-se nas escolas e nas universidades. São frequentemente usadas por estudantes para a elaboração de resumo de livros e de fichas de apoio.
Formato da ficha de leitura
Referências bibliográficas | Natureza da obra | |
Páginas | Ficha de……………… | Observações |
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No espaço central, redige-se o texto a partir do qual é feita a ficha, seja ele em forma de resumo, síntese, comentário ou outro. Por Cima do texto, regista-se o tipo de ficha que se fez. Por exemplo: se a ficha for de síntese, escreve-se por Cima do texto «Ficha de síntese»; se o texto for de citações, «Ficha de citação»; e assim por diante.
A coluna de «observações» é facultativa.
Tipos de fichas de leitura
Ficha de resumo ou de síntese — apresenta um resumo ou síntese das ideias principais do texto-base.
Quando contiver um resumo, este deve obedecer às exigências do resumo, que já estudámos. Quando se tratar de uma síntese, deve resultar num texto reduzido que revela uma leitura critica, uma interpretação do leitor.
Ficha de citação – reproduz as frases relevantes do texto-base, de acordo com os procedimentos seguintes:
- Apresentar as frases entre aspas;
- Indicar as páginas de onde as informações foram extraídas;
- Transcrever textualmente (incluindo erros, que devem ser seguidos pelo termo «sic» entre parênteses rectos: [sic]);
- Indicar a supressão de palavras, recorrendo aos parênteses curvos ou rectos: […], (…);
- Completar as frases com elementos indispensáveis à sua compreensão, estabelecendo uma ligação Intrafrásica.
Ficha de comentário – é uma interpretação critica do texto-base, relativamente aos seguintes aspectos:
- ideias do autor;
- forma do texto;
- clareza/obscuridade do texto;
- pertinência do conteúdo.
Ficha analítica – faz uma análise da obra de partida, podendo referir entre outros, os seguintes aspectos:
- Campo/área do saber;
- Problemas tratados;
- Conclusões alcançadas;
- Contributos especiais para o tema;
- Métodos utilizados (indutivo, dedutivo, hist6rico, comparativo, etc.);
- Recursos empregues (tabelas, gráficos, quadros, mapas, etc.).
leia também: Textos jornalísticos: a reportagem e a crônica
Bibliografia
MACIE, Filipe Virgílio. Pré-universitário – Português 11ª Classe. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2009.