A reportagem
Este é um texto jornalístico oral ou escrito. Baseia-se no testemunho directo dos factos e em histórias vividas pelas pessoas, numa perspectiva actual. A reportagem televisiva, testemunho de acções espontâneas, relata histórias em palavras, imagens e sons.
O repórter pode valer-se também de fontes secundárias, como documentos, livros e relatórios, entre outras fontes documentais, ou servir-se de material enviado por órgãos especializados em fazer a transformação de factos em notícias.
A reportagem de carácter jornalístico é mais desenvolvida do que uma simples notícia. O trabalho resulta de uma investigação no local, estando o jornalista mais directamente relacionado com o assunto.
O texto que se segue ajudar-te-á a conhecer melhor este género jornalístico.
«A reportagem jornalística reconhece-se pela sua maior elaboração. Trata-se de um trabalho que não sofre tão directamente os efeitos da urgência. Na maior parte dos casos, não "é para hoje", ao contrário do que acontece com as notícias. O jornalista dispõe de mais tempo para estudar o tema, aprofundá-lo, procurar informações em fontes diversas e, por fim, encontrar um estilo adequado a uma melhor e mais directa transmissão do significado dos acontecimentos.
Uma reportagem é, por vezes, uma notícia um pouco mais aprofundada e com uma maior carga de interpretação pessoal por parte do jornalista. Na Vida dos profissionais de informação, acontece, frequentemente, que a cobertura de um dado assunto permite, por circunstâncias várias — disponibilidade de tempo, importância do acontecimento —, ir além da simples notícia. A reportagem resultante dessa opção proporciona, desde logo, além das informações, uma primeira interpretação.
A relação entre a notícia e a reportagem pode ilustrar-se, por exemplo, com a inauguração de uma grande barragem. No primeiro dia, perante a necessidade de cobrir o acontecimento com urgência, o jornalista envia a notícia do acto inaugural: cerimónias nelas incluídas, personalidades presentes e informações a que tenha acesso sobre as caracteristicas técnicas do empreendimento, sem grandes perdas de tempo.
Permanecendo no local para além da inauguração, já depois de enviada a notícia para a redacção, o jornalista pode aprofundar o tema, nomeadamente na perspectiva das alterações que a barragem vai provocar na região, epis6dios da construção, situação local da agricultura e do abastecimento de energia eléctrica — sectores sobre os quais o novo empreendimento terá efeitos. O leitor aperceber-se-á assim. Com maior nitidez, da importância do acontecimento.
Na elaboração da reportagem, o jornalista pode recorrer a entrevistas, a testemunhas dos acontecimentos, à investigação directa no local ou locais abrangidos pelo trabalho e à consulta de fontes impressas, nomeadamente livros, folhetos, estatísticas e materiais de arquivo em geral.»
José Jorge Letria e José Goulão. Noções de Jornalismo (adaptado)
Organização textual
Como a notícia, a reportagem deve responder a seis questões obrigatórias: O quê? Quem? Quando? Onde? (questões-base); Como? Porquê? (questões de desenvolvimento).
Para que haja uma compreensão essencial dos factos, as informações devem ser apresentadas de forma Clara e organizada, mediante uma narração. Com efeito, embora vise informar sobre acontecimentos, a reportagem deve seguir a estrutura da narrativa para mostrar a forma como os acontecimentos se desenvolvem. Assim, à semelhança da narrativa, a reportagem apresenta uma exposição, uma complicação (desenvolvimento) e uma resolução (conclusão).
Por outro lado, para que seja «os olhos e os ouvidos» dos leitores, o repórter descreve aprofundadamente o que vê, ouve e sente. Faz, por isso, um retrato da situação, isto é, uma descrição. Contudo, este retrato não deve ser estático, mas inserido num contexto pessoal e social, ligado ao passado, e mostrando também aspectos psicológicos.
Tipos de reportagem
Destacam-se os seguintes tipos de reportagem:
- Reportagem do acontecido, cuja elaboração compreende duas fases:
— Fase de preparação, em que se prepara o assunto tendo em conta as seis questões obrigatórias;
— Fase de trabalho de campo (no local em causa), em que se define o esquema de acção (consoante os primeiros dados colhidos) e se procura responder às questões obrigatórias (dando atenção aos pormenores);
- Reportagem do imprevisto, em que o repórter é surpreendido por um acontecimento, devendo usar a sua capacidade de observação e rapidez de raciocínio (o chamado «faro» em gíria jornalística) para descobrir rapidamente o «quem» e o «porquê» da situação, que arrastarão outras respostas.
2. Regência verbal pela preposição a: exigência do complemento indirecto
Em passagens como «[...] disse a Cordero e «Cordero disse aos Moçambicanos [...]», identificamos a função sintáctica de complemento indirecto exigido pelo predicado, que é constituído por um verbo especial — o verbo seguido da preposição: a, isto é, regido pela preposição a. É esta a particularidade de alguns verbos da língua portuguesa: são regidos pelas preposições — de, em, com, etc.
Vamos estudar os verbos seguidos da preposição a, como dizer (algo a alguém), dar (algo a alguém) e obedecer (a alguém).
Nas frases acima, o verbo dizer é acompanhado pela preposição o, que se conta com os artigos o e os, respectivamente. O complemento resultante é o indirecto, Cordero e Moçambicanos, pelo facto de se ligar indirectamente ao verbo. A precedência de urna preposição (frequentemente contraída) é uma característica do complemento indirecto.
3. Complementos de verbos de movimento: complemento circunstancial de lugar
Verbos de movimento são aqueles que sugerem a deslocação de um lugar para outro. Os verbos ir, vir, entrar, sair, chegar, partir (no sentido de ir) e dirigir, normalmente exigem um complemento circunstancial de lugar.
Já sabes que complemento circunstancial é uma função sintáctica desempenhada por uma palavra ou expressão que indica uma circunstância da acção expressa pelo verbo. O complemento circunstancial de lugar aponta para o local de realização da acção. Nas frases abaixo, este complemento encontra-se sublinhado:
Cordero chegou a Maputo.
Os menos interessados saíram da sala.
Eu também irei ao encontro.
Cordero partirá amanhã para Beira.
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Bibliografia
MACIE, Filipe Virgílio. Pré-universitário – Português 11ª Classe. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2009.