Por: S.A.C.


Jean Jaques Rousseau no seu tratado pedagógico intitulado Emílio1 ou da educação, propõe uma educação do indivíduo desde o seu nascimento até a idade adulta, quando o indivíduo já reúne condições de viver por si só e formar família.

A formação da personalidade deve partir daquilo que são instintos naturais do indivíduo. Embora tenha nascido no período iluminista Rousseau se opõe à ideia de educação que se tinha na época, uma vez que a educação era reduzida estritamente às competências intelectuais.

Para auxiliar a criança neste processo, educador deve afastá-la dos perigos da sociedade e conservá-la na sua bondade original […], Emílio terá por companheiro de infância um preceptor que nada lhe ensina e o faz encontrar tudo, descobrir, inventar” (ROUSSEAU, 1990:07).


Esse posicionamento é contra os ideiais da educação no âmbito iluminista e filosófico da época, dando primazia à aptidão física como princípio basilar na formação da personalidade do indivíduo. Em outras palavras, Rousseau se afasta da educação positiva, que valoriza essencialmente a capacitação racional.

O autor nos propõe uma educação negativa, onde a criança deve, segundo o autor, estar o mais próximo possível de sua natureza e preservar seus instintos e desenvolvê-los. Nos anos iniciais a criança deve ser protegida para que não corra riscos mas, nunca deve ser afastada da sua natureza.

A educação duma pessoa é gradual e compreende 4 períodos, que devem ser cumpridos á risca, nomeadamente:

  • Primeiro período: vai dos zero aso cinco anos, e corresponde ao aleitamento materno. Também
    chamado período lactente, neste a criança se relaciona sobretudo com a ama.
  • Segundo período: dos cinco aos doze anos, e é aquele no qual a criança desenvolve seu corpo e seu carácter no contacto com as realidades naturais. Neste período há muita agitação e descobrimentos por parte da criança.
  • Terceiro período: dos doze aos quinze anos, é quando o adolescente inicia-se essencialmente pela experiência, na Física e Geografia sobretudo. Simultaneamente aprende algum ofício ou profissão manual.
  • Quarto período: o último período dos quinze aos vinte anos, é aquele em que o homem floresce para uma vida social, moral e religiosa. É neste período que o jovem aprende a viver em sociedade, aprendendo regras sociais e assimilando tudo quanto necessário para que possa conviver num Estado civil.


Apesar de ser a mais importante, a educação natural é complementada por outras duas, a saber: educação humana e educação material. Só quem é educado nesses três níveis é educado de maneira plena. Uma personalidade é formada plenamente quando incorpora dentro de si às três vertentes da educação acima mencionados.

A educação no estado da natureza é e merece destaque em Rousseau porque o natural permanece, diferente daquilo que é adquirido. Aquele que na sociedade conserva a primazia da natureza, entra em contradição consigo mesmo, e isso não é bom para ele nem para os outros.

O homem educado é aquele que suporta melhor os males e os bens da vida. A instrução começa no momento que começamos a viver e a educação começa connosco, sendo que nosso primeiro preceptor é nossa ama. A educação nos dá tudo aquilo que não temos ao nascer.

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É uma obra filosófica sobre a natureza do homem, escrita em 1762 por Jean Jaques Rousseau. Explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural enquanto participa de uma sociedade corrupta