As causas da Expansão Bantu
O estudo da idade de Ferro em Moçambique, ao longo de vários anos, foi sempre realizando com múltiplas interpretações através das poucas informações disponíveis e onde arqueologia é, na essência, tida como a única fonte. 
 
Causas da expansão Bantu
  • Procura de terras férteis;
  • Aumento populacional;
  • O conhecimento e difusão da nova tecnologia de ferro;
  • O conhecimento e difusão da actividade agro-pecuária.
Com o conhecimento das actividades agro-pecuárias, criou uma estabilidade no núcleo Proto-Bantu, que entre outros aspectos representou uma melhoria das suas condições de vida, ocasionando o aumento populacional que levou a disputa de terras férteis para a prática da agricultura, daí o movimento populacional.
No que se refere a nova tecnologia de ferro, teve sua importância na migração Bantu, uma vez que a descoberta deste metal permitiu a esta população o fabrico de instrumentos mais cortantes, resistentes e eficazes, contribuindo desta maneira no aumento da produção e da productividade o que criou condições para o surgimento do excedente. Dentre os vários cereais cultivados pelo povo Bantu pode-se destacar a Mapira e a Mexoeira.
Evidências destes fenómenos em Moçambique, são reveladas nas diversas estações arqueológicas tais como: Matola, Xai-Xai, Vilanculos (Chibuene, Bazaruto); Save (Hola-Hola), Bajone (Zambézia), Monapo, Mavita, Serra Maua (Niassa) e Monte Mitukui.
A maior parte destas estações arqueológicas, são testemunhos de um conjunto populacional que escolheu as planícies costeiras para sua gradual progressão, em relação ao sul atingindo a Baia do Maputo e Mpumalanga na R.S.A por volta dos anos 200 n.e.
 
 
As sociedades Moçambicanas após a fixação Bantu
Durante a expansão, atendendo ao tipo da sua economia, os bantu preferiram localizar as suas aldeias em terras férteis e junto de cursos permanentes de água. A base económica era a agricultura (mapira e mexoeira). Por isso, eram sedentários. A caça, a pesca, olaria, tecelagem e a metalurgia do ferro, eram actividades complementares da agricultura. A terra, meio de trabalho principal era património da comunidade. Todos tinham acesso a ela, mas cabia aos membros seniores a distribuição e o controlo da sua correcta exploração. O exercício de tarefas não produtivas por um grupo reduzido da população e o aparecimento do excedente contribuíram para o surgimento da exploração do homem pelo homem. Estas relações de produção, expressas em tributos quer em trabalho quer em espécie, por exercidas no quadro das relações de parentesco, eram conscientemente assumidas pelos produtores directos, como manifestação de reconhecimento pelas valiosas actividades propiciatórias que chefes desempenham.
 
O sistema de parentesco, assente em linhagens e clãs, desempenhava um importante papel nas esferas política, económica, religiosa e social. Era como parente que o individuo tinha acesso aos recursos económicos e demais direitos da comunidade. Os parentes mais velhos, herdeiros e guardiões das experiencias e tradições comunidade, portanto, os únicos detentores do saber, monopolizavam o exercício das tarefas técnico-administrativas e mágico-religiosas. Orientavam as cerimónias da invocação da chuva pediam aos antepassados a fertilidade do solo, a estabilidade política e o sucesso das actividades económicas. Detinham igualmente, o poder de decisão sobre as alianças matrimoniais e políticas. Estes membros seniores, como chefes religiosos, eram considerados os elos de ligação entre vivos e os mortos.
 
 
 
Os Grupos etno-linguísticos moçambicanos: as diferenças norte/sul
Em Moçambique, localizamos dois tipos de linhagens: ao norte do rio Zambeze, predomina a linhagem matrilinear e ao sul do mesmo rio, a patrilinear.
 
a) Linhagem matrilinear: neste sistema, o filho nascido de um casamento pertence a família da mãe; pratica-se a uxorilocalidade, isto é, com o casamento o homem transfere-se da povoação para a da mulher. O dote (mahari, em emakua) de maior significado, é entregue pelo homem a mulher. A educação dos filhos não e assegurada pelo pai, mas sim pelo tio materno. A transmissão do poder, obedece mais ou menos a mesma regra: com a morte de um chefe, o poder não passa para o filho mais velho, mas sim para o sobrinho, filho da irmã mais velha. A caça, a pesca e a construção de casa eram as únicas actividades masculinas relevantes. As mulheres, praticando a agricultura, é que asseguravam o sustento das comunidades.
 
      
b) Linhagem patrilinear: o filho nascido de um casamento pertence à família do pai. Pratica-se a virolocalidade, isto é, a transferência da mulher para a povoação do marido por ocasião do casamento, e um indicador do papel preponderante que os homens desempenhavam na vida      económica e social. O dote (Lobolo) pago pelo noivo aos sogros aparece como um mecanismo de estabilidade dos casamentos e de subordinação da mulher em relação ao homem. A transmissão da herança é de pai para o filho mais velho. A prática da pastorícia, actividade masculina por excelência, conferia aos homens o acesso a um bem duradouro, principalmente expresso em gado bovino. O gado era o principal meio de pagamento de Lobolo e simbolizava o poder económico, ou melhor, representava a capacidade de adquirir esposas.