Historial da origem da Química orgânica 

Os compostos orgânicos são conhecidos há já muito tempo em  virtude da sua aplicação na vida diária. Os povos da antiguidade  fermentavam o suco da uva produzindo o vinho; produziam o  vinagre por fermentação do vinho, extraiam gorduras e azeite dos  animais e plantas, etc. 

Em 1777, Bergman classificou a Química em orgânica e  inorgânica. Segundo ele, a Química orgânica é o ramo da química  que estuda os compos orgânicos, aqueles obtidos directamente dos  seres vivos e, Química inorgânica, o ramo da química que estuda os  compostos inorgânicos, os obtidos do reino mineral.

Em 1807, Berzelius, fundamenta a classificação de Bergman e  formula a Teoria de Força Vital. O vitalismo de Berzelius referia que “os compostos orgânicos só podiam ser obtidos dos seres vivos, sob influência de uma força divina, Deus”. 

Em 1828, Woehler, aluno de Berzelius, obteve um composto orgânico, a ureia, a partir de um composto inorgânico, o cianeto de amônio. 

Agora, preste atenção à equação da reacção química, onde 
T = temperatura. 



Esta síntese marcou o começo da derrota da Teoria vitalista e o nascimento da nova era da Química orgânica.  Assim, em 1845, Kolbe sintetizou o ácido acético. Berthelot obteve  gorduras. Em 1861, Butlerov obteve uma substância açucarosa. 

Deste modo a Química orgânica passou a ser definida como: 
Química orgânica – área da química que estuda os compostos do  elemento químico carbono.  Entretanto, caro aluno, os compostos como o dióxido de carbono, CO2, o monóxido de carbono, CO, o ácido carbónico, H2CO3, o ácido cianídrico, HCN, os carbonatos, CO3 2- e bicarbonatos, HCO3
-, entre outros, que são compostos de carbono (formados por  carbono) e que suas propriedades são mais semelhantes às de  compostos inorgânicos, não são considerados compostos orgânicos.  Eles são inorgânicos e servem de intermediários entre a Química  orgânica e inorgânica, pelo que você não deve confundí-los com os  orgânicos. 

Veja a diferença entre compostos orgânicos inorgânicos

Diferença entre compostos orgânicos e inorgânicos 

Compostos orgânicos Compostos inorgânicos
Formados fundamentalmente por 
ligação covalente.
Basicamente formadas por ligação 
iónica ou com acentuada tendência 
ao carácter iónico. 
Raramente solúveis em água e 
formam electrólitos. 
Muitas vezes electrolitos: ácidos, 
bases e sais em solução aquosa. 
Pontos de fusão e de ebulição 
relativamente baixos, menores que 
400ºC. À temperatura ambiente 
muitos são líquidos de carácter 
covalente
Pontos de fusão e de ebulição 
elevados. Muitos são sólidos 
cristalinos. 
Densidade menor, aproximada a 1.  Densidades variáveis e por vezes 
grandes (metais). 
Facilmente se decompõe por acção 
do calor, são pouco resistentes a 
temperaturas maiores que 500ºC.
Grande estabilidade térmica.
Quase todos são combustíveis. Raramente combustíveis. 
As reacções são lentas e reversíveis.  As reacções por vezes são rápidas
Efeito térmico fraco. A diferença 
entre a energia final e a inicial é 
pequena
Acentuado efeito térmico (exo e 
endotérmicas). 

 

Bem, depois de ver a diferença entre os compostos orgânicos e 
inorgânicos, é a vez de estudar a constituição e ocorrência de compostos 
orgânicos. 

Composição elementar e ocorrência de compostos orgânicos 

Os compostos orgânicos ocorrem na Natureza tanto em organismos animais e vegetais, como no petróleo bruto e no gás natural. São constituídos por carbono (C) e hidrogénio (H), oxigénio (O), enxofre (S),  fósforo (P), halogéneos (X= F, Cl, Br, I). 

Caro aluno, como você pode notar, apesar de ser um número bastante pequeno de elementos que se combinam para formar os compostos 
orgânicos, na Natureza o número de compostos orgânicos supera em 
milhares de vezes o de compostos inorgânicos que são formados na base 
dos cerca de 112 elementos químicos do sistema periódico. 

De certeza você já observou um plástico a arder! Plástico é um composto 
orgânico. Então, quais são as características ou propriedades e aplicações 
dos compostos orgânicos? 

Propriedades e aplicações dos compostos orgânicos 


• Quase todos formam-se por ligação covalente (apolar ou polar). 
• São menos densos que a água. 
• Insolúveis na água mas bem solúveis em solventes orgânicos. 
• Inflamáveis. 
• Ao aquecimento facilmente se decompõe. 
• Ardem e libertam o dióxido de carbono e/ou carbonizam-se 
quando aquecidos. 
• Apresentam o fenómeno de isomeria (fénomeno tratado em 
próximos lições).

Aplicações dos compostos orgânicos 


• São usados como combustíveis, medicamentos, fermentos, 
hormonas, vitaminas, bebidas, plásticos, borrachas, insecticidas, 
adubos, explosivos, etc.

Teoria da estrutura química. 

Caro estudante, muitos químicos formularam teorias para explicar a estrutura química, de entre eles mais se notabilizou Butlerov. 

Teoria de Butlerov 

Butlerov, formulou em 1861 a teoria que explica a estrutura das 
moléculas. Segundo ele, a estrutura química é sequência com que se ligam os átomos numa molécula ou seja ordem em que os átomos se  ligam, bem como a sua influência recíproca. 

Os postulados da teoria de Butlerov são: 


• Nas moléculas, os átomos ligam-se entre si numa ordem sucessiva segundo as suas valências. 
• As propriedades das substâncias são determinadas pelo tipo de 
átomos, sua quantidade, ordem de ligação na molécula e pela influência mútua na molécula. 
• Carbono é tetravalente, isto é tem valência IV. Esta pode aparecer em ligações simples, duplas e triplas. 
• Os átomos de carbono têm a propriedade de ligarem-se entre si formando cadeias carbónicas. 

A teoria da estrutura química serve de base para a escrita das fórmulas químicas, para a definição das propriedades das substâncias bem como 
para prever as aplicações das substâncias.  Portanto, você precisa de conhecer o que esta teoria refere.  Com certeza você deve-se lembrar que uma cadeia carbónica é uma sucessão de átomos de carbono ligados entre si por ligação covalente.

As  cadeias carbónicas classificam-se em cadeias abertas ou alifática ou ainda acíclicas e cadeias fechadas ou cíclicas. Cada uma das categorias  apresenta sub-classificações, a saber: 

Cadeias carbónicas abertas 

• Quanto à natureza podem ser: homogénea – quando formada por  sucessão de apenas átomos de carbono e hidrogénio; 

heterogénea - quando além de carbono e hidrogénio, apresente 
outro elemento químico diferente (heteroátomo).
• Quanto ao tipo de ligação química, podem ser: saturada –  quando os átomos de carbono se ligam entre si apenas por 
ligações simples; insaturadas – quando existe uma ou mais 
ligações duplas ou triplas entre átomos de carbono.
• Quanto à disposição de átomos na cadeia, podem ser cadeia 
linear (normal), quando os átomos de carbono se dispõe em 
forma de uma linha; ramificada, quando se formam cadeias 
laterais (ramificações). 

Cadeias carbónicas fechadas 
Podem ser: 
• Aromática – quando apresenta um ou mais anéis benzenos  (C6H6). Quando é um diz-se mononuclear e, quando dois ou mais, chama-se de polinuclear. As cadeias polinucleares dizem-se  isoladas quando a ligação entre os anéis ocorre por ligação  simples e, condensada quando os anéis têm dois ou mais  carbonos em comum. 
• Não-aromática ou alicíclica – quando a sucessão dos átomos de 
carbono forma um ciclo, mas sem ter o anel benzeno.
• As cadeias carbónicas podem ser representadas usando fórmulas  químicas diferentes, nomeadamente, a fórmula estrutural, a  fórmula molecular, a fórmula racional e a fórmula mínima ou  empírica. 

Tipos de carbono numa cadeia carbónica 
Dependendo do número de átomos de carbono que se encontram directamente ligados ao carbono em classificação, distinguem-se: 
• Carbono primário – aquele que se encontra directamente ligado a 
apenas um outro átomo de carbono. 
• Carbono secundário – aquele que se encontra directamente ligado 
a outros dois átomos de carbono. 
• Carbono terciário – aquele que se encontra directamente ligado a 
outros três átomos de carbono. 
• Carbono quaternário – aquele que se encontra directamente 
ligado a outros quatro átomos de carbono.