A África do Norte nas Vésperas da Partilha
No extremo norte da África encontram-se os actuais territórios da Líbia (a
oriente fazendo limite com o Egipto), a Tunísia (encrostada entre a
Argélia e Líbia), a Argélia e, mais a ocidente, Marrocos. São, juntamente
com o Egipto (a nordeste da África), os designados países do Magreb ou
ainda África branca. 

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A Resistência e Conquista na Tunísia
Nas vésperas da conquista europeia, a Tunísia enfrentava, por um lado, os
italianos que, para lá emigravam com vários objectivos e, por outro lado,
a ameaça dos franceses, instalados na Argélia.
O Sultão de Constantinopla tinha aproveitado suas desventuras na Argélia
para colocar a Tripolitânia e Cirenaica sob sua alçada e reconquistar a sua
influência sobre a Tunísia, onde existia um forte sentimento a favor dos
otomanos entre a elite da regência de Túnis.
A influência turca constituía perigo para o poder do bei (rei) por isso este
decidiu aliar-se, ora aos italianos, ora aos franceses de acordo com as
circunstâncias.
Entretanto, pouco tempo depois esta estratégia revelou-se fatal, pois
quando os franceses encontraram uma situação favorável para atacar a
Tunísia, o bei ficou isolado não obtendo nem o apoio interno (da elite
local) nem externo (dos europeus). Perante esta difícil situação a 12 de
Maio de 1881, o bei foi forçado a assinar um tratado aceitando o
protectorado francês.
O acordo com a França foi visto como uma traição, razão pela qual a
população revoltou-se esperando o apoio dos otomanos. Os franceses

organizaram então uma segunda expedição, que encontrou uma forte
resistência especialmente nas regiões montanhosas do noroeste, centro e
sul do país.
A Itália mantinha as suas pretensões sobre o país, mas os tunisinos
permaneceram fiéis à soberania otomana, islâmica, recusando a
aproximação aos italianos para enfrentar os franceses.
Neste período não tinham ainda sido estabelecidas as áreas de influência
de cada potência europeia na região. Cada país com interesses na região
limitava-se a apresentar suas intenções aos demais países e sempre que
possível apropriar-se de alguns territórios.
Neste contexto, Marrocos acabou ficando sob domínio de duas potências
europeias – Espanha e França. Em 1893 a Espanha impôs uma derrota
aos marroquinos consolidando as suas possessões próximo de Melilla.
Por sua vez em 1899 a França consolidou o seu domínio sobre Tuat.
A Conquista e Resistência em Marrocos
A conquista e resistência em Marrocos teve início num momento em que
se desenrolava uma revolução que levou a queda do Sultão Abdal Aziz.
Apesar dessas distensões internas, diante da invasão emergiu um
movimento nacionalista que assumiu um cariz religioso ao se
transformar numa guerra entre muçulmanos e cristãos, constituindo uma
espécie de prosseguimento das cruzadas. 

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Os conflitos entre espanhóis e marroquinos remontam desde a época da
primeira Expansão europeia, quando os espanhóis se apoderaram de
Ceuta e Melilla. Desde essa altura o governo marroquino, tentando travar
o avanço espanhol, começou a impedir o contacto entre os espanhóis
instalados naquelas regiões, e as populações marroquinas.
O bloqueio esteve na origem da guerra entre Espanha e Marrocos em
1859 e 1860. As consequências desta guerra foram particularmente
graves para Marrocos. Além de uma pesada indemnização teve que
aceitar o alargamento territorial de Melilla e ceder um porto na costa
atlântica.
De 1880 a 1881 Marrocos tentou, na Conferência de Madrid, colocar em
discussão a independência de seu território, mas a coligação França, Itália
e Espanha opôs-se e, nem o apoio britânico foi suficiente para que
Marrocos lograsse seus intentos.  

A conquista desta região de Oásis iniciou em 1899, quando uma
expedição francesa aproximou-se dos oásis e exigiu a rendição do chefe
In Salah. Levantou-se de imediato uma forte resistência, mas a 27 de
Dezembro de 1899 toda a região do oásis foi conquistada. A resistência,
embora enfraquecida, prosseguiu por mais de um ano tendo o último
combate acontecido em Março de 1901. O Sultão Abd al - Aziz apelou a
Inglaterra e Alemanha, mas estes aconselharam-no a aceitar o domínio
francês pelo que assinou o protocolo de 20 de Abril de 1902.
A perda de Tuat foi uma das principais razões da corrosão paulatina do
poder do sultão até a sua queda em 1911.
A partir de 1905 a França lançou-se na conquista nas chamadas bilad alsiba (regiões desérticas, pobres e sub povoadas administradas por chefes
locais mas sob soberania do sultão).
A França continuou, então, a apropriar-se lentamente dos territórios
marroquinos. Assim ocupou os territórios entre os rios Gir e Zusfana e a
sul tomou Trarza e Brakma.
Para materializar os seus intentos a França enviou, em 1905, para
Marrocos Xavier Coppolani considerado especialista sobre assuntos
muçulmanos e que defendia a teoria de “penetração pacífica”.
Alertado sobre os acontecimentos, o sultão Mulay Abdal-Aziz enviou
Mulay Idris para dinamizar a resistência. Coppolani seria morto em Abril
do mesmo ano durante o ataque ao seu acampamento em Tidjikdja.
Após a retirada de Mulay Idris, em Janeiro de 1907, os franceses
lançaram uma expedição militar que, após derrota em al-Muynam, em
Junho de 1908, apoderou-se de Atar em Janeiro de 1909. Na sequência da
derrota, o xeque al Aynayn retirou-se com os seus apoiantes para alHamra de onde continuou a luta até 1933.
Na mesma época a Espanha, que não pretendia assistir passivamente ao
avanço francês, decidiu avançar. Em 1906 partiram da sua colónia de Rio
de Ouro em direcção ao interior e em 1909 iniciaram a conquista de Rif, a
norte, que só terminou em 1926 após vencer a forte resistência popular
conduzida sob o signo da djihad. 

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