Álcool

Álcool ẻ uma droga lícita, mais conhecida popularmente de forma individual ou colectiva (festas, casamentos, nascimentos, etc) e por esta razão muitas pessoas não a identificam como uma droga.

Qualquer dos componentes de um grupo de compostos líquidos e incolores, todos tóxicos a uma certa medida.

 Alcoolismo

Alcoolismo como o conjunto de manifestações patológicas do sistema nervoso, nas esferas psíquicas, sensitiva e motora, observadas nos sujeitos que consomem bebidas alcoólicas de forma contínua e excessiva, durante longo tempo.

Actualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define o alcoólatra a como um bebedor excessivo, cuja dependência em relação ao álcool é acompanhada de perturbações mentais, da saúde física, da relação com os outros e do comportamento social e económico.

O consumo moderado do álcool pode não ser prejudicial, ele pode facilitar a circulação sanguínea, divertir, relaxar, descontrair. O grande problema é que este pouco álcool pode funcionar como uma porta aberta para o aumento gradual do consumo do álcool, até atingir ao abuso do álcool e a dependência.

Bebidas alcoólicas

O termo álcool em geral significa álcool etílico, este pode ser ingerido em forma de bebida alcoólica que é produzido pela acção de uma levedura sobre cereais, como o milho, a cevada, o centeio, e sobre as batatas.

O álcool puro é obtido por meio da destilação de produtos fermentados.

A cerveja é produzida a partir da fermentação de cerais, como a cevada as quais se adiciona lúpulo, para dar sabor, o seu teor é baixo cerca de 5%.

Os vinhos resultantes da fermentação do sumo de uva, tem um teor alcoólico que oscila entre 7 a 17%. Alguns vinhos como xerez e o vinho do porto podem conter de 16 a 18% de álcool. As outras bebidas possuem um teor de 40 a 50% exemplo: tentação, caravela, gin, etc. As bebidas alcoólicas quando consumidas em quantidades moderadas (1 a 2 copos) não afectam a saúde do individuo.

Riscos do consumo do álcool

Quando a pessoa bebe mais que a quantidade normal pode causar problemas como a ressaca, acidentes de trabalho e de trânsito, problemas de saúde, problemas no relacionamento familiar, profissional, social e consigo mesmo.

O consumo de bebidas alcoólicas constitui um grave problema para a saúde do indivíduo e ate para a sociedade, quer pelo número de pessoas que morrem ou que ficam prematuramente incapacitadas, quer pelo número de acidentes de viação que provoca.

Efeitos do álcool sob o organismo

O álcool começa a ser absorvido pela corrente sanguínea assim que entra no estômago.

O consumo regular e excessivo de álcool origina mais tarde ou mais cedo alterações graves na saúde do alcoólico, podendo afectar praticamente todos os órgãos, em especial o cérebro e o fígado. A primeira manifestação corresponde a excitação intelectual e motora (física), euforia alegria exagerada); depois perde o controlo de si próprio, começa a ter uma certa agressividade e pode começar a dizer coisas que não deve; por último pode entrar em coma (sono muito profundo).

Para as pessoas que bebem muitas vezes e ficam embriagadas, o efeito do álcool é sobre o fígado que pode causar a cirrose hepática (que é uma destruição do fígado). Estas pessoas quando não bebem ficam fracas e tremem, devido a falta que o organismo sente, o que faz com que eles fiquem dependentes do álcool, podem apresentar pequenos ferimentos nos lábios, desidratação e falta de apetite.

No Sistema Nervoso

O álcool é um depressor do Sistema Nervoso Central (SNC), e seu uso contínuo desenvolve tolerância e dependência.

O consumo de baixas doses do álcool, (menos de 20 mg /dL de sangue) causa sedação e alívio da ansiedade. Doses moderadas podem inibir a atenção e as habilidades de processamento da informação (30-80 mg/dL). Em concentrações mais elevadas (80-300 mg/dL) aparece fala arrastada, ataxia, e comportamento desinibido, condição geralmente chamada de intoxicação ou embriaguez.

Outros danos produzidos pelo uso crónico e pesado de álcool, associado à deficiência grave de tiamina, são a neuropatia periférica (dormência bilateral dos membros, formigueiro e parestesias de predomínio distal), a degeneração ou atrofia cerebelar (alterações da marcha, da postura e nistagmo) e, em presença de uma vulnerabilidade pré-existente, as Sindromes de Wernicke (paralisia do sexto nervo craniano e ataxia) e de Korsakoff (amnésia severa).

No Sistema Cardiovascular

Agudamente o álcool diminui a contractilidade do miocárdio e causa vasodilatação periférica, com a consequente diminuição da pressão arterial e o aumento compensatório do débito cardíaco. O consumo do álcool em baixas doses mostra um efeito protector do sistema cardiovascular, principalmente pelo aumento nos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) e diminuição da agregação plaquetária.

Mas quando o consumo aumenta começa a predominar o efeito vasocontritor do álcool tornando-se factor de risco para Hipertensão arterial. A pressão sanguínea aumenta à medida que o coração compensa a redução inicial causada pelo álcool. O consumo crónico de álcool em altas doses gera deterioração do músculo cardíaco que se manifesta como irregularidades dos batimentos e sinais de insuficiência cardíaca conhecida como miocardiopatia alcoólica.

No sistema digestivo

Agudamente o álcool produz inflamação da mucosa gastrointestinal. A esofagite relacionada com o refluxo do conteúdo gástrico pode causar dor epigástrica. A gastrite, que pode se apresentar com anorexia e dor abdominal, é a mais frequente causa de hemorragia aguda GI em bebedores pesados. O consumo agudo de álcool pode levar ao incremento da motilidade intestinal e à diminuição da absorção de água e electrólitos, e causar assim diarreia e lesões hemorrágicas das velosidades intestinais.

O consumo pesado de álcool interfere com os processos normais de digestão e absorção o que é potenciado pelos hábitos nutricionais deficientes dos alcoólatras. Produz sérias deficiências de vitaminas, principalmente Folatos, Piridoxina (B6), Acido Nicotínico (B3), Vitamina A e Tiamina (B1). O consumo crónico de álcool também pode aumentar o risco de aparição de carcinomas no aparelho digestivo.

No Fígado

O álcool absorvido no intestino delgado é levado directamente para o fígado onde será metabolizado nos hepatócitos. Observa se a inibição da gliconeogênese, que resultará em queda da quantidade de glicose; aumento da produção de lactato; e diminuição da oxidação de ácidos graxos incrementando sua acumulação nos hepatócitos. O aumento na produção e acumulação de lipídeos no fígado vai gerar as primeiras mudanças da macromorfologia hepática, a esteatose. O fígado aumenta de tamanho, se torna gorduroso e modifica sua consistência e sua cor.

Pode se manifestar clinicamente com hepatomegalia como único achado clínico, até desconforto no quadrante superior direito, hepatomegalia dolorosa, náuseas e icterícia. Com a suspensão da exposição, estas lesões são reversíveis. Outra consequência reversível, mas potencialmente grave, do uso repetido de álcool é a hepatite (alcoólica). Esta pode se apresentar assintomática ou com febre, com icterícia e dor abdominal simulando um abdomen agudo. A cirrose alcoólica é a expressão mais grave do dano hepático produzido pelo consumo de álcool. É um dano irreversível e potencialmente fatal, que produz um fígado duro e encolhido com perda da função.

No Pâncreas

Usuários de álcool são vulneráveis a pancreatite aguda e crónica, assim como ao carcinoma pancreático. Os mecanismos através dos quais o álcool desencadeia a instalação da pancreatitis são desconhecidos, mas se postula que um aumento transitório na secreção exócrina do pâncreas, devido a ingestão de grandes quantidades de álcool e/ou alimentos; a inflamação e obstrução periampular do ducto biliopancreatico; a hiperlipidemia aguda induzida pelo álcool;

O efeito tóxico directo do álcool nas células acinares do pâncreas pode levar ao acúmulo de lipídios nas células, à perda celular e, eventualmente, à fibrose.

O estresse oxidativo induzido pelo álcool pode gerar radicais livres nas células acinares, levando a oxidação de membrana lipídica e activação de factores de transcrição, que induzem a expressão de quimiocinas que atraem as células mononucleares. Assim o estresse oxidativo, promove a fusão dos lisossomos e grânulos de zimogênio produzindo a necrose celular, inflamação e fibrose.

Se depois de um episódio agudo de pancreatite a agressão celular persiste, pode se desenvolver uma forma crónica da doença, provocando dor persistente e severa, afectando a digestão dos alimentos e gerando perda de peso. O álcool ingerido em grandes quantidades e por tempo prolongado determina alterações no parênquima pancreático, caracterizadas por fibrose e endurecimento, com consequente atrofia do pâncreas. A insuficiência pancreática, normalmente, cursa com sintomas de má-absorçao, deficiências vitamínicas e proteicas, esteatorrea, e em alguns casos, com diabetes.

No Sistema Reprodutor

Doses moderadas de álcool podem aumentar o desejo sexual, mas também diminuir a capacidade eréctil em homens. Mesmo na ausência de insuficiência hepática, uma minoria significativa de alcoólatras crónicos mostra atrofia testicular irreversível com encolhimento dos túbulos seminíferos, diminuição do volume de ejaculação, e uma baixa contagem de espermatozóides (Robbins, 2005). O consumo frequente de altas doses de álcool por mulheres pode resultar em amenorréia, diminuição no tamanho dos ovários, e ausência de corpos lúteos com infertilidade associada. Embora não seja conhecido seu mecanismo, mulheres que bebem álcool apresentam um maior risco de aborto espontâneo e de câncer de mama. Na gravidez, o consumo frequente de álcool pode causar à síndrome alcoólica fetal que se caracteriza por:

  1. a) Retardo no crescimento (altura-peso),
  2. b) Malformações leves tais como microftalmia, fendas palpebrais estreitas, hipoplasia de fase, filtro nasal liso ou curto e lábio superior fino, e
  3. c) Alterações neuropsiquiátricas como hiperatividade, défices de atenção e aprendizagem, retardam mental e síndromes convulsivas.

No Sistema Urinário

Anormalidades da função renal são comuns em pacientes com doença hepática avançada, entre elas, a síndrome hepatorrenal é uma complicação grave da hepatopatía alcoólica e decorre com insuficiência renal aguda sem evidências clínicas de nefropatia prévia.

 Seu aparecimento está relacionado ao mecanismo de formação de ascite, que envolve vaso constrição e hispo fluxo renal, que é a retenção de água e sódio, aumento do volume plasmático, e consequentemente hiperfluxo no território esplénico.

Os efeitos do álcool na função renal, provocam a inibição da secreção do hormônio antidiurético diminui a reabsorção de água e aumenta a diurese. Ao longo prazo, o consumo excessivo de álcool produz: retenção de água e sal com expansão do volume extra celular; interferência no processo de reabsorção renal de uma variedade de nutrientes, incluídas vitaminas hidrossolúveis (Subramanian, 2011); e excreção excessiva de magnésio, cálcio e fosfatos.

Os distúrbios electrolíticos decorrentes desse aumento da excreção parecem estar associados ao Hipoparatiroidismo induzido por álcool e à resistência do harmónio paratiróideo no músculo-esquelético (Vamvakas, 1998). Assim, alcoólatras de longa data podem apresentar diversos transtornos ácido-base, dos quais o mais frequente é a acidose metabólica, facilitada pelo aumento na produção de ácidos endógenos como lactato e cetoacidos, derivados do metabolismo do etanol; apresentam também a perda de bicarbonato por aumento da excreção renal e pela presença de diarreia; e o aumento na acumulação de ácidos endógenos pela insuficiência renal.

Efeitos psicossociais do álcool

O álcool é uma das causas de acidentes de trabalho, transito, de homicídios, violência doméstica, abuso sexual, desmembramento de famílias, baixo rendimento, e pode comprometer o futuro de uma pessoa, de uma família e de um país.

Álcool e os acidentes de viação

Os acidentes de viação representam uma das principais causas da mortalidade no país. A maior parte dos acidentes de viação são causados por condutores alcoolizados.

Após o consumo de álcool mesmo em pequenas quantidades a pessoa perde algumas alterações da visão e dos reflexos, ou seja uma perda da capacidade em distinguir os pormenores e uma resposta mais lenta a estímulos súbitos (como desviar se a tempo de um automóvel), causando problemas muitas vezes para o resto da vida.

Para o caso de peões alcoolizados atravessam mal as estradas, pois eles nesse estado não têm noção do perigo.

Efeitos económicos do álcool

O álcool tem custos elevados para a economia doméstica sobre tudo nas famílias com rendimento muito baixo e muitas vezes o consumo de álcool é feito por um ou mais membros da mesma família substituindo as outras necessidades básicas essenciais, por outro lado o álcool também tem elevados custos na economia nacional que para além de ser um problema para a saúde é também um problema para o desenvolvimento do país. Pois a bebida reduz a capacidade produtiva da pessoa e os viciados quando não apanham dinheiro para satisfazer as suas necessidades recorrem a desvios de fundos, corrupção, para satisfazer os seus vícios.

Quanto maior for os alcoólicos menor é a produtividade o que é um grande problema no desenvolvimento do país.

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Medidas de precaução dos riscos do consumo de álcool no organismo

Como medidas preventivas:

  • Difusão de conhecimento para as pessoas envolvidas com o tema;
  •  Inclusão de conteúdos relacionados ao álcool no currículo das escolas;
  •  Deliberações políticas com intuito de restringir a disponibilidade de bebidas alcoólicas;
  • Proibição do consumo de álcool em determinadas esferas por pessoas impróprias para esse consumo (por exemplo, crianças, mulheres grávidas, doentes), em lugares inadequados (por exemplo, locais de trabalho em que haja riscos de acidente) e em momentos impróprios (por exemplo, ao dirigir)

Para quem bebe e pretende deixar é indispensável um acompanhamento psicoterapêutico do alcoólatra. Onde ele deve discutir com o doente as causas que o levaram ao alcoolismo, estabelecer estratégias e objectivos são essenciais para um tratamento eficaz e para a manutenção da abstinência.

Assim, as psicoterapias são fundamentais na intervenção terapêutica da dependência e abstinência do álcool.