Conceito

A Malária é uma doença sistémica que provoca alterações na maioria dos órgãos, variando porem sua gravidade dentro de amplos limites, desde das formas benignas até as muitos graves e fatais.

Malária é uma doença infecciosa aguda causada por protozoários do género plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito anopheles.

O agente etiológico da malária e o plasmódio. Possui ciclo heteroxeno onde o homem é o hospedeiro intermediário e os mosquitos do gênero Anopheles são os definitivos

Formas de transmissão

A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada de fêmeas infectadas do mosquito do género anopheles.

A transmissão congênita, embora muito rara, pode ocorrer. Outro mecanismo possível é através da transmissão de sangue de doadores na fase crônica, sem sintomatologia aparente.

 A transmissão é condicionada a determinados factores que permitem não só o surgimento de novas infecções como também a perpetuação do agente causal:

  • Presença do parasita
  • Presença do vector
  • Presença do hospedeiro humano.

Hábitat do parasito

Varia conforme a fase do ciclo evolutivo do parasito. Assim, no homem, temos formas parasitando os hepatócitos durante a fase pré-eritrocítica e formas parasitando hemácias na fase eritrocítica. No mosquito encontramos formas parasitárias principalmente no estômago e glândulas salivares.

Sistemática do Plasmódio

  •  Reino: Protista
  •  Filo: Apicomplexa
  •  Classe: Aconoidasida
  •  Familia: Plasmodiidae
  •  Genero: Plasmodium
  •  Especies:  Plasmodium.

Classificação

Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies causadoras de malária em diferentes hospedeiros vertebrados. Destas, apenas quatro espécies parasitam o homem: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. Este último ocorre apenas em regiões restritas do continente africano.

O plasmodium falciparum encontra-se distribuído em todas as regiões tropicais e é a espécie que causa a malária mais grave com um ciclo de 48 horas.

O plasmodium malariae e plasmodium ovale são responsáveis por menos de 10 por cento dos casos. O plasmodium vivax é muito raro em África, contudo, existe na Europa.

Sintomas

  • Febres geralmente a intervalos regulares, dependendo da espécie do plasmódio,
  • Dores nas articulações,
  • Dores de cabeça,
  • Náuseas e vómitos,
  • Fadiga.

Os sintomas coincidem com a ruptura das hemácias do doente pelos merozóitos e que os intervalos entre eles representam justamente o tempo necessário para que os merozóitos invadam novas hemácias e provoquem lise celular.

Se a infecção for por plasmodium falciparum, pode haver sintomas adicionais mas graves como: ocorrência de anemia, pois o numero de hemácias destruídas é muito grande levando a perda de hemoglobina (pigmento responsável pelo transporte de oxigénio pelo organismo e que está dentro das hemácias) causando sérios problemas para a manutenção da fisiologia normal. Problemas hepáticos são comuns, pois parte das células do fígado também é destruída pelo parasita, levando ao aumento do volume do órgão.

Tratamento

O tratamento da malária é feito através do uso de drogas ou antimaláricos que matam o plasmódio no organismo humano como é o caso de coartem e quinina.

Profilaxia e controle biológico

Do ponto de vista teórico, a profilaxia da malária pode ser feita em níveis individuais e colectivo. Na prática, as circunstâncias que levam as pessoas e populações a viverem sob o risco de adquirir a doença funcionam como limitadores do alcance dessas medidas. As medidas profiláticas consistem basicamente em:

  • Diagnóstico precoce e tratamento da doença
  • Eliminar os focos ou criadouros de mosquitos
  • Proteger portas e janelas com redes
  • Dormir debaixo da rede mosquiteira
  • Usar repelentes.

Ciclo de vida do plasmódio

O plasmódio é um parasita heteroxeno, pois seu ciclo de vida necessita de dois hospedeiros:

Hospedeiro vertebrado (o Homem), no qual o plasmódio realiza apenas a reprodução assexuada, isto é, hospedeiro intermediário.

O hospedeiro invertebrado (fêmea do mosquito do género anopheles), no qual o plasmódio realiza a reprodução sexuada e é o hospedeiro definitivo.

Ciclo assexuado no Homem

De uma forma geral, o ciclo começa quando os esporozóitos são inoculados na corrente sanguínea humana com a saliva do insecto vector. Em seguida vão para o fígado e invadem as células hepáticas nas quais desenvolvem estágios amebóides. Cada parasita sofre fissão múltipla ou esquizogonia produzindo milhares de merozóitos que são liberados para o sangue e invadem as hemácias.

Nas hemácias reproduzem-se novamente por fissão múltipla e causam roptura ou lise celular, nas quais repetirão o procedimento. Alguns merozóitos, entretanto, podem dentro de certas hemacias sofrer um processo de diferenciação celular e originar células chamadas gametócitos, que são percursores de gâmetas. Os gametócitos são liberados para o sangue circulante e termina aqui o ciclo assexuado no Homem. O ciclo continua dentro do insecto.

Gametócitos de plasmodium faciparum (bolinhas amarelas)

Ciclo sexuado no anopheles

Na sua actividade hematófaga, o mosquito pode ingerir também merozóitos e outras formas sanguíneas do parasito mas somente os gametócitos se desenvolverão no insecto. No tubo digestório do insecto o gametócitos já diferenciados em gâmetas ocorre a fecundação do macro com o microgameta dando origem ao oocineto (ovo ou zigoto da malária) e fixa-se na parede gástrica e passa a se chamar oocisto, que se multiplica por esporogonia dando origem a esporozóitos. Estes podem tanto estar presentes no tubo digestório quanto em suas glândulas salivares. O ciclo se repete quando este insecto pica o Homem e inocula os esporozóitos.

OBS: Os gametócitos são a forma de transmissão para o Anopheles e os esporozóitos são a forma de transmissão para o Homem.