A África ocidental sofreu a ocupação dos franceses e dos ingleses. Tal como em outras partes do nosso continente, a dominação colonial na África ocidental assumiu formas militares ou diplomáticas, dependendo das condições encontradas pelos chefes locais.

A partir de 1880, a França decidiu aumentar a sua influência sobre os territórios da África ocidental, que se estendiam do Senegal ao Níger e dai ao Chade.

Para realizar estas conquistas, os franceses usaram preferencialmente a força militar (contrariamente aos ingleses que dominaram através de acordos diplomáticos e alianças).

A esta actuação, os chefes locais africanos opuseram uma forte resistência militar com características de muita violência.

A resistência de Lat-dior na Senegâmbia

A resistência na Senegâmbia (constituído por Senegal e Gâmbia, dois países vizinhos da África ocidental, através de um pacto que unia instituições comuns e forças armadas), foi dirigida por Lat-Dior, rei de Cayor, um dos territórios que constituíam a Senegâmbia. Lat-Dior usou como meios de resistência acções militares, acções diplomáticas e desobediência as autoridades coloniais francesas.

Em 1879, Lat-Dior incitou o seu povo e outros chefes a não colaborarem com os franceses no seu projecto de construir uma linha férrea.

Respondendo ao administrador francês sobre a ideia da construção da linha férrea, Lat-Dior escreveu:

No entanto, o projecto de construir a linha férrea foi realizado. Lat-Dior não desistiu da sua luta: mobilizou o seu povo para não cultivar amendoim, um dos produtos preferidos dos franceses para a sua indústria na Europa. Mobilizou ainda o seu povo para abandonar as regiões que ficavam perito das guarnições francesas, refugiando-se no interior.

Em 1982, os franceses atacaram militarmente rei Cayor. Lat-Dior refugiou-se em jolof e dai organizou a sua resistência. Em Outubro de 1986, La-Dior morreu em combate depois de ter causado pesadas baixas aos franceses na batalha de Dekle.

A resistência de Samori toure

Samori toure optou também pela resistência militar contra a dominação francesa. Para alcançar os seu objectivos, disponha de um exercito profissional, também trienado, disciplinado e equipado com armas compradas aos europeus em troca de ouro, marfim, escravos e cavalos.

O primeiro ataque francês deu-se em 1882 quando Toure se recusou a cumprir uma ordem dos franceses para abandonar keneram, um importante corredor por onde o império recebia as armas europeias. Em 1885, os franceses ocuparam a região mineira de bure e toure.

Para evitar novos confrontos com os franceses, Toure decidiu aliar-se aos ingleses.

Quando reinos vizinhos começaram a pressionar o seu poderio, Samori assinou, em 1886-1887, acordos com os franceses cumprimentando-se a entregar parte dos territórios.

Porem, em pouco tempo descobriu que os franceses o traiam e apoiavam os seus inimigos. Decidiu, então, reiniciar a resistência militar.

Touré derrotou os franceses na batalha de Dabadugu, em Setembro de 1891. Em 1892, os franceses contra-atacaram com um exército numeroso (cerca de 4 mil homens) e bem equipado. Apesar de neste confronto samori ter perdido Bisandugu ,Sanankoro e Ker wane, o imperador infligiu pesadas baixas as tropas invasoras, ao mesmo tempo que mobilizou o povo para abandonar a região.

Depois de se ter organizado, e de ter criado um novo império no Interland da costa do marfim e de Ashante, voltou a atacar os franceses, em Julho de 1895 e Janeiro de 1896, recuperando parte dos territórios que tinha perdido. A 28 de Setembro de 1898 foi capturado e deportado para o Gabão, onde veio morrer em 1900.

A resistência do rei de Daome

Tal como Samori Toure, Behanzin, o rei de Daome, que dirigia o povo Fon, decidiu travar um confronto militar contra a dominação francesa. Em Fevereiro de 1890, os franceses tinham ocupado Cotonou como forma de impor o seu domínio.

Em resposta, Behanzin mobilizou o seu exército, atacou a guarnição francesa e destruiu a cultura de palmeiras, em Setembro de 1890, como forma de pressionar os franceses a assinarem um acordo de paz.

Em Outubro de 1890, os franceses enviaram a Abomey um emissário, o padre Dorgere, com uma proposta de paz. Nessa proposta, os franceses comprometiam-se a pagar a Behanzin uma renda anual de 20 mil francos em troca do reconhecimento dos seus direitos sobre Cotonou, onde, para alem de poderem exercer a actividade comercial, poderiam manter a sua guarnição. Behanzin aceitou os termos do acordo e este foi assinado a 3 de Outubro.

Porem, em 1892, aproveitando-se de um incidente em tropas de Behanzin atacaram um barricam francês e delícia o rio Weme, os franceses voltara ofensiva militar.

Este novo conflito, em Outubro de 1892, foi dirigido pelo coronel Dodds, um mestiço Senegales e dirigia um numeroso e bem equipa exército francês, e infligiu pesadas derrotas aos soldados de Behanzin.

Derrotados, os Fon pediram paz. Em resposta, os franceses impuseram condições inaceitáveis, tais como o pagamento de uma pesada indemnização, o que behanzin fosse preso na sequência de uma traição.

Nos territórios ingleses

Contrariamente aos franceses, os ingleses, no seu processo de dominação da África ocidental, privilegiaram negociações pacíficas, fazendo tratado de protecção com os estados africanos. Porem, em muitas outras regiões, os ingleses também recorreram ao uso da forca militar. Vamos, de seguida, estudar como os povos africanos dos territórios dominados pelos ingleses resistiram a dominação colonial.

A resistência de Ashanti em Gana

A confederação de Ashanti ocupava numerosos territórios da África Ocidental que constituíam os seus estados vassalos. O reino Ashanti teve uma longa história de confrontos militares contra os ingleses, iniciada em 1760, tendo o seu ponto mais alto em1824 quando os Ashanti mataram Sir Charles MacCarthy, governador da costa do Ouro. Em 1826, os ingleses vingaram-se desta morte na batalha de Dowa.

Entre 1869 e 1872 os Ashanti atacaram varias vezes e ocuparam os territórios costeiros e do sul da Costa do Ouro. Em 1874, os ingleses contra-atacaram, saquearam Kumasi e fizeram o exército Ashanti recuar ate ao rio Pra. Esta derrota levou a desagregação do império Ashanti que teve de reconhecer a independência dos estados situados a sul do Pra e dos que se situavam no rio volta, na sequência do tratado de Fomena. Para evitar a reconstituição do império Ashanti, os ingleses incitaram Dwaden, Kokofu, Bekwai e Nsuta a desmembrarem-se ou levarem os seus povos s abandonarem os territórios para se juntarem ao protectorado britânico.

Prempeh, sucessor do rei que morrera em 1884, conseguiu reconstituir o império, em 1888, e ate convencer alguns dos antigos estados vassalos a retomarem a confederação.

Os estados que não aceitaram foram anexos a força em 1892.

Temendo que o novo imperador se aliasse a franceses ou alemães, os ingleses propuseram-lhe a instalação de um representante em Kumasi e o pagamento de uma renda anual.

O rei recusou, ao mesmo tempo que enviava um emissário seu para falar com a rainha britânica em Londres, em 1895. Porem, a rainha não só não recebeu a comitiva como impôs que Ashanti lhe pagasse uma pesada indemnização, o que foi prontamente recusado.

Na sequência desta recusa, os ingleses invadiram Kumasi, em Janeiro de 1896, sem encontrar nenhuma resistência por parte de Prempeh, que tentava evitar o sofrimento do seu povo e tomar a superioridade militar britânica.