O Nacionalismo Africano
O nacionalismo refere-se a fortes sentimentos de patriotismo e orgulho nacional que são compartilhados por um grupo de pessoas.
O Nacionalismo Moçambicano significou a tomada de consciência ou desejo de desenvolver a força, a liberdade ou prosperidade de Moçambique por parte de indivíduos ou grupos de indivíduos em relação à estrutura socioeconómica do país, buscando a autodeterminação e a independência.
A ideia de independência em Moçambique começou a ser divulgada desde a década de 1950 período em que os círculos intelectuais nas colónias africanas portuguesas também, começaram a se manifestarem. Alguns dos fundadores dos movimentos de libertação, como foi o caso de Amílcar Cabral (Guiné-Bissau), Agostinho Neto (Angola), e Eduardo Mondlane (Moçambique), desenvolveram uma consciência anticolonial quando foram estudar para fora dos seus países.
A intransigência do governo português acabou por conduzi-los à luta armada como único meio para alcançar a independência. Desta forma, em 1961 (Angola), 1963 (Guiné) e 1964 em (Moçambique) iniciaram-se as acções militares do diferentes movimentos de libertação.
Origem e Desenvolvimento do Nacionalismo Africano
O nacionalismo em África surgiu como forma de contestação a esta situação colonial. A história de África no geral dos séculos XIX e XX, foi sem dúvida marcada pela opressão colonial.
Pode se dizer que, a situação colonial era deplorável, a exploração económica aliada a discriminação racial. Muitos africanos foram atingidos por esta presença opressora, e, como resultado desta situação, estabeleceu-se uma unidade entre os povos do continente negro.
Para efectivar esta contestação foram três as fases das manifestações nacionalistas africanas, a saber: a imitação da cultura europeia, a redescoberta dos valores tradicionais e a procura de uma síntese; isto quer dizer que a África colonizada usou inicialmente os próprios meios do colonizador (a sua própria língua, a sua técnica, a sua religião, as suas ideias), para acabar com o sistema de opressão colonial.
Os nacionalistas exprimiram sua revolta na língua colonial e só mais tarde encontraram no socialismo e nas armas a força de luta contra a exploração, miséria e o desemprego.
O Nacionalismo em Moçambique
O nacionalismo moçambicano nasceu da contestação ao colonialismo e revelou-se principalmente ao nível das associações, imprensa e da poesia, na linha mais ampla da emancipação africana cujo a espiração predominante chamou-se de pan-africanismo.
Causas do nacionalismo moçambicano
Pode se dizer que, em moçambique foi a dominação colonial que criou a base para a consciência nacionalista tendo como causas, a experiencia de descriminação, exploração, trabalho forçado, os maus tratos entre outros aspectos ligados a sistema colonial.
Entre as primeiras organizações associativas mais importantes lançados por assimilados e mulatos, pode se destacar o grémio africano de Lourenço porque, fundado em 1908 oficializado em 1920 mudando o seu nome para associações africanas de colónias de Moçambique teve como primeiro presidente João Albasini uma outra associação a destacar e a liga africana nascida em 1910 este chegou a patrocinar a II parte do congresso Pan-africano, realizado em Lisboa em 1923. Mereceu preferência o partido Nacional Africano fundado por elementos das colónias protestou junto da organização internacional de trabalho (OIT) a cerca das condições de trabalho uma África portuguesa.
O desencadeamento de luta de libertação de Angola e a independência de Tanganhica vieram estimular sentimentos patrióticos. Mas é, sobretudo, o processo de evolução no interior de Moçambique que vai desencadear o movimento unificado.
Paralelamente à agitação patriótica no exterior, no interior de Moçambique, em especial, nos centros urbanos da Beira e Lourenço Marques e nas zonas onde se encontravam embriões agrícolas como em Gaza, Cabo Delgado, Manica e Sofala desenvolveu-se uma acção patriótica simultaneamente pequenos grupos utilizando frequentemente organizações culturais recreativas e organizações de socorro mútuos lançam um debate de ideias: é o caso do NESAM (Núcleo de Estudantes Secundários Africanos de Moçambique) do centro associativo dos negros de Moçambique.
Moçambique estava neste período, sob a dominação do colonialismo português caracterizado por um sistema de administração directa, que abalava a consciência dos moçambicanos. Este facto levou s formação de muitos outros grupos associativos, entre os quais a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique formado em 1960, em Salsbury por Adelino Guamba), o MANO (União Nacional Africana de Moçambique formado em 1959) e outros grupos associativos muito em borra estes dois movimentos não fossem as únicas a constituírem os principais movimentos independentistas, o amadurecimento destes movimentos tiveram lugar em Tanganhica onde a situação política, acompanhada pela proclamação da independência em 1961, favoreceu a sua implementação e posterior União.
Nesta fase crucial de implementação destes movimentos que surgem vários esforços associados para a criação de um movimento unitário influenciados pelas ideias pan-africanistas tão propalados por N’Krumah como pela conferência da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas), e defendia a representação unitária e pelo contexto politico que caracterizava a África de então. O conselho consultivo da CONCP, reunida em secção extraordinária de 13-15 de Junho de 1962, em Rabat (Marrocos), exprimiu a sua profunda preocupação quanto a gravidade da situação do povo africano e de Moçambique.
A função dos movimentos para formação de uma única frente para a libertação de Moçambique constituía, assim, a única saída necessária, independentemente de quem fosse o líder. Este facto consumiu-se a 25 de Junho de 1962, tendo Eduardo Mondlhane sido eleito
presidente da frente. Assim a unificação dos movimentos independentistas então existentes, especialmente a MANU, UNAMI e UDENAMO resultou na formação da FRALIMO. Assim a FRELIMO passou a desenvolver um objectivo específico: atingir a autodeterminação e a independência nacional e fazer corresponder a identidade política e identidade nacional. Deste modo, após a independência, não podia falar do estado moçambicano. A nação e o estado eram realidades indistintas.
A luta pela Independência em Moçambique
Nos anos que precederam a criação da FRELIMO, Portugal tinha poucos desafios a enfrentar no continente africano, em geral e em Moçambique, em particular. Mas com a criação da FRELIMO, em 1962, Portugal sentiu-se obrigado a estar na contraofensiva, de modo a conter as manifestações e revoltas pacificas emergentes em particular no norte de Moçambique. Assim, o colonialismo português usou todos os meios para os sufocar: desde massacres, torturas, prisões, deportações de populações e até aproveitamento das rivalidades étnicas, etc.
A 16 de Junho de 1960, por exemplo, verificou-se o massacre da moeda com qual o povo moçambicano confirmava a impossibilidade da obtenção da independência por meio pacíficos sendo a luta armada a única via para o alcance da independência para Moçambique.
Vimos anteriormente que, no final da década de 1940 e inicio da década de 1950, existiam em Moçambique grupos para lutar contra a colonialismo português: NESAM (1949); UDENAMO, MANU, UNAMI (1959-61). Destes grupos viria a surgir a FRELIMO, em 1962; em Dar-es-Salam na Tanzânia. E foi com este movimento (FRELIMO) que em 25 de Setembro de 1964 se iniciou a luta armada de libertação de Moçambique e outros tipos de manifestações contra a dominação colonial portuguesa. Estas pressões contínuas do movimento de libertação Moçambicana fizeram com que, em 1972, Moçambique deixasse formalmente de ser uma província ultramarina de Portugal, passando a ser um estado dotado de uma certa autonomia local.
A Revolução Portuguesa-25 de Abril de 1974
Depois da grande vitoria sobre a opressão Nó-Górdio preparada pelo general Kaúlza de Ariaga, em 1970, a FRELIMO, sob direcção de Samora Machel, avançava cada vez mais em direcção a Manica e Sofala. Este facto aumentou o descontentamento dos soldados e do povo português, cansado de perder seus filhos e de sustentar uma guerra injusta em Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde.
Foi assim que em 25 de Abril de 1974, jovens oficiais portugueses fizeram um golpe de estado em Portugal: a revolução portuguesa, que ficou conhecida pela revolução dos cravos. Assim, á queda do regime fascista em Portugal resultou do descontentamento da população portuguesa, do agravamento nas condições do seio da sociedade portuguesa causadas pelo custo das guerras coloniais e do avanço vitorioso dos movimentos de libertação nas ex-colónias.
Esta revolução provocou conflitos quer no exército quer no governo civil, uma vez que se encontravam órfãos de voz de comando e de competência própria. Nas colónias, especialmente em Moçambique as unidades militares recusaram-se a combater, tendo se, em muitas zonas confraternizando com a FRELIMO. Enquanto isso, a FRELIMO continuava a sua incursão militar, em direcção à Zambézia e ao sul de Moçambique, obrigando a libertação dos presos em Lourenço Marques ao consequente chamamento ao governador-geral a Lisboa, este facto levam aqui, em 1974, tivesse lugar as primeiras negociações entre Portugal e a FRELIMO, e a assinatura do acordo de Lusaka a 7 de Setembro e, em 28 de Setembro, a assinatura do acordo que concedia a independência a Moçambique. Contudo o presidente Samora Machel viria a proclamar a independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975.