Foi um confronto entre duas grandes potenciam EUA de um lado e URSS doutro lado na disputa sobre Supremacia económica e militar mundial, ou seja o confronto sem armas do mundo capitalista e o mundo comunista pós-guerra.

Os EUA defendiam a política capitalista, argumentando ser ela a representação da democracia e da liberdade. Em contrapartida a URSS enfatizava o socialismo como resposta ao domínio burguês e solução dos problemas sociais.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.

A guerra fria foi uma guerra de ameaças, não de confrontos. Jamais houve um confronto direto entre EUA e URSS durante os 43 anos de guerra fria. Embora não tenha havido confrontos direitos entre os EUA e URSS, ainda designa-se “guerra”, pelo facto do termo guerra, não é significar somente batalha, mais também a clara e expressa vontade de disputar pela batalha, durante certo período de tempo. A guerra fria, foi uma guerra de ameaças nucleares e de extinção de toda a humanidade.

Surgimento da Guerra Fria

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. Era o confronto de dois sistemas econômicos o capitalismo e socialismo que dividiram o mundo em três categorias econômicas distintas: primeiro, segundo e terceiro mundos.

No pós guerra os Estados do terceiro Mundo e os pós-coloniais, apesar de não se afinarem com a política dos EUA, eram em sua maioria anti-comunistas na ordem interna e não-alinhados (não-soviéticos) em assuntos internacionais, constituindo um bloco de Estados que ficou conhecido nas Nações Unidas como “Grupo dos 77”, o qual conseguiu aprovar uma série de resoluções contra o sistema neo-colonialista e a fixação da soberania absoluta dos Estados sobre seus assuntos internos.

Se um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, os EUA viam aí logo uma ameaça aos seus interesses; se um movimento popular combatesse um governo alinhado aos EUA, logo receberia apoio URSS.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A disputa entre as duas superpotências resultou na formação de dois blocos. Esses dois blocos formaram alianças militares: OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) reuniu os aliados dos Estados Unidos; e Pacto de Varsóvia reuniu os países sob influencia soviética.

Primeira Guerra Fria (1945-1973)

A primeira guerra fria foi marcada pela mais intensa ameaça de destruição nuclear e pelo desenvolvimento da indústria armamentista, o que explica o significativo número de resoluções da Assembleia Geral e de tratados internacionais sobre armas nucleares neste período, mas, curiosamente uma fase de próspero desenvolvimento econômico global.

Neste primeiro período a guerra baseou-se na chamada Doutrina Truman, anunciada pelo presidente Harry Truman em Março de 1947. O pressuposto geopolítico fundamental da Doutrina Truman era impedir o expansionismo da URSS, fazendo alianças com outros países para isolá-lo. Ela ainda visava apoiar os povos livres na tentativa de sub-julgação por minorias armadas ou forças externas). Em sua política exterior Truman lançou os EUA em três campanhas: na China em 1949, na Coreia em 1950 e na Revolução Iugoslava de Tito em 1948, todas com contraponto soviético.

Planos Marshall e COMECON

Com as nações europeias frágeis, após uma guerra violenta, os Estados Unidos estenderam uma série de apoios econômicos à Europa aliada, um amplo plano econômico para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo, que veio a ser conhecido como Plano Marshall . Era uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente. Enquanto isso a URSS propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECON (Conselho para Assistência Econômica Mútua). Este conselho tinha como meta a recuperação dos países Orientais, também para mostrar como vitrine as benfeitorias que o socialismo fazia ao povo.

Neste período de intensa instabilidade política internacional, as superpotências confiaram na possibilidade de uma coexistência pacífica, sem um ataque direto entre as duas forças armadas.

Paz Armada

Este período pode ser exposto pela seguinte expressão paz armada.  As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo. Os dois blocos militares formados tinham o objetivo de defender os interesses militares dos países membros.

A OTAN -Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em Abril de 1949) para defender a Europa ocidental da ameaça soviética, liderada pelos Estados Unidos e tinha suas em alguns países como: Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. A partir desta criação surge a República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental.

A resposta soviética viria no mesmo ano com a criação da República Democrática Alemã (RDA) em sua respectiva zona de ocupação. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas. Congregava os seguintes países: Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

Corrida armamentista

O embate entre EUA e URSS, a corrida armamentista ganhava fôlego: em 1952 os Ingleses conseguem produzir sua primeira bomba nuclear, proclamando sua independência em relação aos EUA; em 1953, a URSS testa sua primeira bomba nuclear, dando início à corrida armamentista e desenvolvimento de complexos industriais militares que não mais se voltavam para a guerra directa, mas para o lucrativo mercado internacional de armas. Finalmente em 1960, os chineses constroem sua primeira bomba nuclear.

Nesta primeira fase, a guerra fria inspirou dois conflitos armados de grande relevância: a guerra da Coréia (1950/1953) e a guerra do Vietnã (1965/1975), que se estendeu até o início da Segunda fase da guerra fria. Juntamente com a guerra do Vietnã surgiram os primeiros movimentos contra a guerra fria, bem como movimentos ambientalistas contra as armas nucleares e experimentos nucleares.

Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

Fase do afrouxamento da Guerra Fria

O início da década de 60 foi marcado pelo afrouxamento da tensão entre EUA e URSS, fato denominado no meio diplomático como Josef Stalin falecera em 1953 coincidindo com o fim da guerra da Coreia sem um conflito nuclear, e é substituído pelo Nikita Kruschev na URSS, estabelecendo sua liderança.

O período de Stalin se estenderia até o ano de 1973, rompido somente pela crise dos mísseis cubanos em 1962 e curiosamente em 1977 a Assembleia Geral aprovava a Resolução 23/155 que encerrava a Declaração sobre Aprofundamento e Consolidação da Stalin Internacional.

Nesta fase inicial de Stalin, concluía-se a construção do Muro de Berlin (1961) ou cortina de ferro e se estabelecia a “linha quente” entre Moscou e Washington (1963). Nesta mesmo ano, Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas; no ano seguinte Kruschev seria substituído por Leonid Brejnev, que mergulharia a URSS num “período de estagnação” de 20 anos. Neste período de estagnação da URSS, entre 1961 e 1981, estabeleceram-se uma séria de tratados sobre o uso do espaço cósmico e controle de armas nucleares.

Este período, sem dúvida, ficou marcado como uma era de ameaças de um conflito nuclear capaz de destruir toda a humanidade. Iniciava neste período, contudo, os principais movimentos de independência da África, os quais teriam grande instabilidade na economia global, marca do segundo período da guerra fria.

Segunda Guerra Fria

O segundo período foi marcado por duas crises económicas globais, ambas causadas pela intervenção da OPEP sobre o petróleo: em 1973 e 1979, esta última agravada pela revolução cultural islâmica no Irã, que derrubou o Xá Reza Pahlevi, o qual havia sido reconduzido ao trono em1953 pela CIA, guindando ao poder o Aiatolá Khomeini.

Este período iniciou com uma grande crise económica global provocada pela repentina super elevação dos preços do petróleo provocada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), agravada em 1979 por uma segunda grande crise coincidente com a Revolução Cultural do Islão promovida pelo Aiatolá Khomeini. Esta subida do petróleo em 1973 enfraqueceu o domínio dos EUA mas não alteraram o cenário da Guerra Fria. No entanto, entre 1974 e 1979 uma nova onde de revoluções eclodiu na África, Oriente e América, propiciando à URSS a instalação de bases militares em alguns Estados.

Transferia-se, assim, a área de competição das superpotências da Europa para o 3ª Mundo. Logo após a crise de 1973, as Nações Unidas editaram a Resolução 3201 (S-VI) contendo a Declaração sobre o Estabelecimento de uma Nova Ordem Económica Internacional e no final daquele mesmo ano a Carta dos Direitos e Deveres Económicos dos Estados de 197428, sem descuidar do tema sempre presente dos conflitos armados com a edição da Resolução 3314 (XXIX) sobre a Definição de Agressão.

O fim da Guerra Fria

Encerrando este período de graves conflitos armados, em 1986 e 1987, diante de um flagrante processo de degeneração económica do bloco socialista, URSS (Gorbachev) e EUA (Reagan) promovem a assinatura de dois tratados internacionais, em Helsinque e Washington, respectivamente, colocando um fim na guerra fria entre os EUA e a debilitada URSS. O marco de uma nova era teria lugar dois anos mais tarde, em 1991, quando se pôs abaixo o maior ícone de um mundo bipolarizado que não mais existia: o muro de Berlim.

Até os acordos de Reykjavik (1986) e Washington (1987) o mundo conviveu com o constante confronto entre as duas superpotências emergentes da Segunda Guerra, EUA e URSS, conflito que os historiadores denominaram de “guerra fria.

Consequências da Guerra Fria

De entre as consequências da guerra fria, avançam-se consequências políticas e económicas desta guerra e no panorama internacional, pode-se identificar os seguintes:

Polarizou o mundo controlado por EUA e URSS em dois grupos bem definidos (pró-comunistas e anticomunistas);

Ameaça americana de intervenção na Itália se os comunistas vencessem as eleições de 1948;

Criação da “Internacional Comunista”, extinta em 1953;

Criação de um sistema uni-partidário permanente no Japão e Itália, excluindo os comunistas;

Alteração da política internacional do continente europeu. Provocou a reacção e a criação da Comunidade Europeia em 1957, pelo acordo de 06 Estados (França, Alemanha, Itália, Países baixos, Bélgica e Luxemburgo);

Criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN (1949) aliança militar anti-soviética (pacto de Varsóvia), baseada na força da economia alemã, rearmada pelos EUA;

Enfraquecimento do dólar com o estabelecimento do “Pacto do ouro” para estabilização do preço do metal no mercado internacional (a paridade ouro-dólar extinta em 1971, retirando dos EUA o controle do sistema de pagamentos internacional).