Características: Cosmogonias e Mitografias
A quando do surgimento da escrita, por volta do IV milénio, evento que não se deu concomitantemente em todo tempo por toda parte, foi possível que as corporações sacerdotais procurassem registar por escrito o legado religioso que até ai tinham conservado e que a sua transmissão era oral.
Esta fixação por escrito como afirma Coolingwood (1989:17) não se restringiu única e simplesmente ao legado religioso como também eram gravados os antigos heroísmos guerreiros cuja transmissão era até então encarregue aos poetas. Foi assim que puderam se redimir do esquecimento ou adulterações, algumas das mas antigas cosmogonias. Apesar do surgimento da escrita, a moralidade continuou a sua trajectória, o que é explicado pelo aparecimento de versões diversas de um mesmo tema inicial.
Designa-se por cosmogonias, as primeiras tentativas pré-científicas de explicação da origem do universo. Uma explicação em que não intervêm apenas elementos naturais, mas também sobrenaturais, daí a noção de Deus.
Na concepção dos Vedas (índia), o surgimento do universo e da vida é explicado do seguinte “ Ele criou em primeiro lugar a água na qual na qual depositou um Germe. Este germe tornou-se ovo, resplandecente como ouro, radiante como uma estrela. Nele originou-se Brama, principio de toda a vida.
Segundo a Bíblia, o instrumento sagrado e de unidade dos Hebreus: veja a (“Bíblia” parte da Génesis)
O mito é um fenômeno cultural complexo que pode ser encarado de vários pontos de vista. Em geral é uma narração que descreve e retrata em linguagem simbólica a origem dos elementos e postulados básicos de uma cultura. A narração mítica conta, por exemplo, como começou o mundo, como foram criados os seres humanos e os animais e a origem de certos costumes e formas das atividades humanas. Quase todas as culturas possuem ou possuíram mitos algum dia e viveram de acordo com eles.
Na necessidade que o homem tinha de explicar a sua origem, foi encontrando diferentes formas de explicação como já se viu com os vedas e hebreus, os egípcios tiveram explicações mitológicas cosmogónicas diferentes. Assim, para eles o surgimento mundo e o universo explica-se através do da cosmogonia e da mitografia que se seguem:
De acordo com o relato egípcio da criação, no princípio só existia o oceano. Então Rá, o Sol, surgiu de um ovo (segundo outras versões de uma flor) que apareceu sobre a superfície da água. Rá deu à luz quatro filhos, os deuses Shu e Geb e as deusas Tefnet e Nut. Shu e Tefnet deram origem à atmosfera. Eles serviram-se de Geb, que se converteu na terra, e elevaram Nut, que se converteu em céu. Rá regia todas as coisas. Geb e Nut posteriormente tiveram dois filhos, Set e Osíris, e duas filhas, Ísis e Neftis. Osíris sucedeu Rá como rei da terra ajudado por Ísis, sua esposa e irmã.
O mito que se segue explica a imortalidade da alma para os egípcios e que tem origem na ressurreição de Osiris:
No Egipto nos primeiros tempos Osiris ( deus da terra, do sol poente, responsável pela felicidade, e por isso também visto como Deus do Nilo), é assassinado por um outro Deus seu irmão Set ( Deus do vento do deserto, das trevas e do mal), e seu corpo espalhado por varias partes do país. Sua Irmã-esposa Isis (deusa da vegetação e das sementes), auxiliada pelo seu filho Horus (Deus-Falcão e do sol levante),vai conseguir, através de palavras magicas, reunir todas as partes dispersas, e Osiris revive, indo morara entre os deuses.
Esta versão de morte e de renascimento, da luta entre as trevas e a luz, da vida sucedendo a morte, é vista como se a vida tivesse de origem o rio Nilo, que gera a fertilidade do Egipto. A noção de imortalidade, para os egípcios é explicada através do Osiris.
A criação dos deuses pelos homens, foi com o fito de alimentá-los através do seu trabalho. As mitografias e cosmogonias permitem obter elementos informativos sobre a natureza e a vida das civilizações da antiguidade. O mito é sempre uma história com personagens sobrenaturais, os Deuses. Nos mitos os homens são objectos passivos da acção dos Deuses, que são responsáveis pela criação do mundo (cosmos), da natureza, pelo aparecimento dos homens e do seu destino.
Algo de sagrado os mitos contêm, o tempo. Não é possível fazer os cálculos. Ele é o principio de todas as coisas.
Os mitos diferenciam-se dos contos de fadas por referirem-se a um tempo diferente do tempo comum (Contos tradicionais). A seqüência do mito é extraordinária, desenvolvida num tempo anterior ao nascimento do mundo convencional. Como os mitos se referem a um tempo e um lugar extraordinários, bem como a deuses e processos sobrenaturais, têm sido considerados aspectos da religião. Porém, como sua natureza é integradora, o mito pode iluminar muitos aspectos da vida individual e cultural.
A história, como forma de explicação, nasce unida a filosofia. Em geral os historiadores buscam explicações para os momentos e situações que atravessam as sociedades as quais elas vivem. É o caso do Heródoto que estuda a guerra entre os gregos e os persas ( 490-479 a. C.), um grande confronto entre o oeste e o leste que marcou o século V a. C. Nessa guerra os gregos indo contra a expansão imperialista persa, asseguraram a sua independência. Tucídides, outro grande historiador grego, estrategista de Atenas que vive entre os séculos V a IV a. C., vai estudar a guerra de Peloponeso, entre Esparta e Atenas.
Políbio, grego historiador do século II a.C. (após a Grécia ter ciso conquistada por Roma), escreveu:
Desde que o homem assume a atitude de historiador, tem que esquecer todas as considerações, como o amor aos amigos e ódio aos inimigos… Pois assim como os seres vivos se tornam inúteis quando privados de olhos, também a historia da qual foi retirada a verdade nada mais ‘e do que um conto sem proveito.
Políbio testemunha a ascensão de Roma ( onde esteve preso como refém durante 16 anos) procura saber como, em aproximadamente 50 anos, os romanos tornaram-se donos do mundo habitado ( na visão de então, a zona mediterrânea).
De facto a cultura Romana é em grande parte herdeira da cultura grega. Segundo Políbio, “ a Roma é a obra mas bela e útil do destino.” E que todos os homens devem a ela submeter. Assim, na concepção de Políbio, a história é mestra da vida, ela deve levar os homens a compreenderem o seu destino. Roma, centro do mundo, ao impor a sua civilização e seu destino passou a ser destino histórico mundial. Assim, a historiografia foi evoluindo ao longo do tempo e em diferentes épocas.