Durante muito tempo, mitos e preconceitos de toda espécie, ocultaram ao mundo a verdadeira história de África. As sociedade africanas eram vistas como sociedades que não podiam ter história. Apesar de importantes trabalhos realizados desde as primeiras décadas do século XX por pioneiros como Leo Frobeniuns, Maurice Delafosse, M˙ Bow (1991), apontam que um grande número de estudiosos não-fricanos, presos a certos postulados, afirmava que essas sociedade não podiam ser objecto de um estudo científico, devido, sobretudo, à auxência de fontes e de documentos escritos.

Negava-se à tradição oral africana, memória de povos que fornece a trama de muitos povos  que marcaram suas vidas. Para escrever a história de grande parte da África, recorria-se somente a fontes exteriores ao continente, e o resultado era uma visão não do que podia ter sido o percurso dos povos africanos, mas do que se pensava que ele devia ter sido. Sendo a Idade Média europeia frequentemente tomada como ponto de referência, os modos de produção as relações sociais e as instituições políticas eram analisadas somente em relação ao passado europeu.

De facto, havia uma recusa a considerar o povo africano como criador de culturas originais que froresceram e se perpectuaram através dos séculos por caminhos próprios, as quais os historiadores, a menos que abandonem certos preconceitose renovem seus métodos de abordagem, não podem aprender.

M˙ Bow (op cit), aponta que o continente africano quase nunca era considerado uma entidade histórica. Enfatisa-se a ideia de que em tempos muitíssimo remotos, havia uma cisão entre a África branca e a África negra, que se ignoravam mutuamente.

Os esforços dos africanos para conquistar ou reforçar sua independência, assegurar seu desenvolvimento e consolidar suas especificidades culturais devem estar enraizadas numa consciência histórica renovada, e intensamente vivida e assumida de geração em geração.

Um outro fenómeno que causou  grandes prejuízos ao estudo objectivo do passado africano foi o aparecimento com o trafico negreiro e colonização, de estereótipos raciais geradores de desprezos e de incompreensão e tão profundamente arraigados que chegaram a falsear  os próprios conceitos da historiografias. Com a introdução de noções de “brancos” e “negros” para nomear de forma genérica os colonizadores – vistos como superiores – e os colonizados, os africanos tiveram de lutar contra uma dupla servidão a humana e a psicológica. Este processo de falsa identificação reduz a historia dos povos africanos a uma etno-história, na qual a apreciação das realidades históricas e culturais só poderia ser deformada.

Com tudo, a partir do final da segunda guerra mundial, em particular, desde que os países africanos, tendo conquistado sua independência, começaram participar activamente da vida da comunidade internacional e dos intercâmbios que ela implica. Um numero considerado dos historiadores empenha-se em abordar a historia de africa com maior rigor, objectividade e imparcialidade, utilizando, com as suas precauções, fontes africanas originais. No exercício do seu direito a iniciativa histórica, os próprios africanos sentiram profundamente a necessidade de restabelecer em bases sólidas a historicidade de suas sociedades.

Segundo Fage (1995)  a historiografia africana evoluiu em quatro grandes fases nomeadamente:

1- Fase da evolução do continente africano (1737-1884) – é a fase que temos uma historia imparcial, descritiva e por veses pormenorizada acerca dos povos africanos, o seu meio, os símbolos políticos, o desenvolvimento económico a evolução da sociedade, a cultura e religião. É uma história de profissionais ligados às sociedades de geografia e de antropologia que se desenvolveram na Inglaterra, França, Portugal e Bélgica. Ele considera o ano de 1737 como ponto de partida porque esta data marca a criação de instituições de investigação científica sobre África, início da publicação de obras sobre África.

2- Criação das administrações coloniais (1885-1920) – é a fase da integração euro centrista da africa nas historias dos impérios coloniais e a utilização dps resultados das investigações dos exploradores da fase anterior. É aqui desenvolvida a teoria euro centrista segundo a qual o africano antes do contacto com o europeu não tinha historia.

Nesta fase a um desenvolvimento de estudos etno-antropológico sobre África. Muitos historiadores adiantam que a ciência que poderia estudar a África seria a antropologia porque não há em África nebhuma escruta para a reconstituição do passado.  Análise do impacto da acção colonial através de identificação de problemas de ordem ambiental, social e cultural que dificultam os resultados esperados. Há discrições de campanhas de pacificação, isto é, pacificar o africano e ocupa-lo. A inicio de estudos aprofundados sobre a religião dos povos colonizados, estudos estes da competência dos missionários cujos resultados são usados para p+ropositos de explorações coloniais.

3- Métodos de colonização (1920-1960) segundo Fhilipe Curtin, citado por Fage esta fase é rica tanto em fontes como em temas. Em termos de fonte destacam-se os recenseamentos e os relatórios dos administradores coloniais que contêm realidades politicas, sociais e culturais do povo africano. Criação de centros de investigação científica nas colónias em cordenação com as metrópoles e a criação de revistas especializadas.

A produção de monografias com valor científicos por vezes com exageros etnocentristas, isto, é, valorização excessiva das  realizações africanas (afro centrismo). Realça-se que o afrocentrismo é também racista pois sobrevaloriza a raça africana em detrimento das outras.

4- Descolonização – identidades africanas (1960-nossos dias) – a emergência de estratégias nacionais de desenvolvimento e do discurso politico (ideologias) que passam a interferir na análise histórica africana.

O recurso aos estudos coloniais do período anterior embora equacionados com as exigências do patriotismo, coordenação regional no domínio da pesquisa cientifica e como fruto temos oito volumes da historia geral da UNESCO. Opção de macro-analises em detrimento de micro-análises por falta de vontade politica ou de domínio técnico relativo a micro-análises, isto é, escrevem-se histórias nacionais, não regionais para evitar revoltas tribais