Roma sofria muito com a crise económica e, paulatinamente, os germânicos tomavam territórios das fronteiras do Império. Muitos povos se aliaram aos romanos, como os francos, numa tentativa de Roma conseguir solidificar as fronteiras. Porém, o grande império aos poucos se esfacelava.

Eram frequentes as invasões e saques que ocorriam na península itálica (que facilitou o processo de ruralização). Por fim, depois de décadas de invasões e ataques, Roma não resistiu e acabou caindo em 476, quando os hérulos derrubaram Rómulo Augusto.

O Escravismo

O sistema económico na época de Augusto baseava-se no trabalho escravo, toda produção vinha das grandes propriedades, os latifúndios. Propriedades, de terras e comerciantes tinham muito lucro. O governo arrecadava, excepto na Itália, onde não havia impostos, os recursos com que pagava a administração pública. Os legionários exerciam papel importante: suas expedições abasteciam o império de escravos.

A causa da crise iniciada no século III foi a diminuição da produção nos latifúndios, devido à falta de escravos, explicada por três factores:

  1. Factor militar– Para garantir boa produção era preciso haver baratos e abundantes. Mas as guerras ofensivas diminuíram a partir do início do império, o número de escravos caiu e o preço subiu, o trabalho escravo pagava a dar prejuízo;
  2. Factor religioso– Os cristãos, já numerosos no século III, consideravam a liberdade um dom natural e a libertação de escravos um acto piedoso, que contribuía para a salvação da alma;
  3. Factor económico– No século III, os latifúndios começavam a ser divididos em pequenas propriedades. Manter muitos escravos as vezes custava toda a produção dos latifúndios. As invasões bárbaras facilitavam as fugas, Idem (p.88).

O colonato e a ruralização

Os proprietários escolheram o arrendamento como saída. Os camponeses se sustentavam trabalhando um pedaço de terra arrendado, em troca, trabalhavam alguns dias por semana na terra do proprietário. Os escravos foram diminuindo e alguns chegavam a comprar seu lote, tornando-se homens livres.

Assim o escravo se elevou a condição de colono, mas também muitos homens livres foram rebaixados á condição de colonos, de facto, o colono não era livre, mas preso a terra e para sempre. Outras pessoas se transformaram em colonos, como os plebeus urbanos, escapando a crise: os bárbaros, fugidos das guerras no mundo germânico e os pequenos proprietários livres, que punham suas terras sob protecção de um grande proprietário para escaparmos aos cobradores de impostos.

Ocorreu uma ruralização, a unidade de produção (o latifúndio com seus colonos) tornou-se quase auto-suficiente. O campo era mais seguro que a cidade, o centro da produção passou a ser a vila, protegida por muros e fossos, na vila, morava o senhor e, em volta, os dependentes dele, com a queda de produção, baixou o lucro de proprietários e comerciantes. As vilas começaram a produzir de tudo, as cidades entraram em crise, a cobrança de impostos ficava cada vez mais difícil, sem recursos, o Estado aumentou os impostos e encarregou os grandes proprietários de cobra-los. A máquina administrativa descentralizou-se. Isso não resolveu os problemas, os legionários, exigidos por toda parte por causa das invasões barbaras, queriam sempre melhores salários.

As despesas militares aumentavam, não conseguindo dinheiro com os impostos, o Estado passou a emiti-lo, agora havia dinheiro, mas não produtos suficientes. Quem tinha produtos, aumentava os preços, e os preços subiam mais do que os salários, era a inflação, um fenómeno bem antigo, como se vê. Sem condições de arrecadar mais, a máquina estatal enfraqueceu-se, o governo reduziu despesas, deixando de sustentar a plebe, limitando o luxo, dispensando funcionários e reduzindo os contingentes militares. Adoptou então novas formas de segurança, nas fronteiras, fixou os aliados (federados), bárbaros que recebiam terra com a condição de defende-la contra a invasão de outros povos.