A partir dos finais do século XIII surge um novo tipo de historiografia de iniciativa régia ou senhorial, que tem por centro a perspectiva cortês e por autores cronistas ao serviço dos reis ou dos senhores que os contratam e lhes encomendam a crónica dos seus principados ou reinados.

Os séculos XII ao XIV, o protagonista da produção historiográfica tinha sido, no meio senhorial e monárquico, o protegido dos grandes enquanto, no meio urbano, aparece o notário cronista. Para além disso, no meio urbano, o historiador é um membro da alta burguesia no poder.

Não se tratava de transmitir uma imagem fiel e objectiva dos factos narrados, mas a imagem mais conveniente à instituição servida pelo cronista. O cronista era um homem ao serviço do príncipe. Sob o impulso da ética profissional, ele tentará, por vezes, ser fiel a si próprio, transmitindo aquilo que, em consciência, julga ser verdade

Enquanto a historiografia palaciana continuava assegurada pela produção de crónicas, historiografia burguesa propriamente dita nascida no século XIV, inicia os seus primeiros passos fazendo a história das cidades onde torna – se autónoma. Giovanni Villani, por exemplo, faz uma espécie de inventários da cidade de Florença trazendo o número de bairros, de paróquias, de habitantes, de corporações e respectivos sócios. O que, para uma época tão escassa em estatísticas constitui uma informação preciosa.

As transformações ocorridas entre os séculos XIV prepararam terreno para o surgimento de uma nova interpretação da história. A ascensão da burguesia relaciona-se intimamente com a formação de uma nova consciência política, facto que vai justificar a autonomia dos cronistas do século XIV.

O século XIV foi uma fase de transformações em que rompe-se a historiografia palaciana com a ascensão da burguesia que contribuiu bastante para a concepção de uma nova consciência política o que vai dar mais autonomia aos cronistas sendo mais um passo para uma nova história humanista.

Transformações ocorridas entre os séculos XIV e XV prepararam terreno para o surgimento de uma nova interpretação da história. A crise do feudalismo e a ascensão da burguesia relacionavam-se intimamente com a formação de uma nova consciência política.

Segundo a historiografia humanista e renascentista não trouxe grandes transformações na orientação política da história, mas iniciou um movimento fundamental: a busca dos fatos verdadeiros através da crítica às fontes e a supressão das lendas e fantasias presentes na historiografia cristã.

Percursores da historiografia do século XIV

Ao longo dos tempos a estrutura feudal foi enfraquecendo dando lugar a uma nova sociedade, a burguesia e a historiografia palaciana foi perdendo o seu eco e os autores desta foram tomando a autonomia iniciando com a produção de crónicas em que buscavam trazer factos verídicos sobr e a sociedade.

Gomes (1987 106).Referencia como principais percursores da Historiografia do século XIV, o florentino Giovanni Villani.

Caldas, leitor assíduo dos gloriosos feitos dos romanos descritos por historiógrafos antigos como Salústio, Tito Lívio, por Valério Máximo, começou a escrever nos primeiros anos do século XIVos acontecimentos de sua pátria em “per dare memória ed esempio a quelliche sonoa vivere” escritas em 12 livros, discorrem sobre as passagens de Florença desde sua fundação até ao ano de 1348, discorrendo também por algumas outras cidades italianas. . Os seus conhecimentos referentes a política e da psicologia fazem dele os cronista mais moderno deste período, sendo a sua crónica vista como um elemento positivo na História.

Características da historiografia do século XIV

Neste período verifica-se a ruptura da historiografia palaciana que preocupava-se com a vida da corte, estando assim submissa a política para uma história da burguesia onde os cronistas preocupavam se não em trazer aspectos da nobreza mas sim da sociedade e das cidades isto no que refere a evolução do pensamento histórico.

Do ponto de vista intelectual, os cronistas burgueses preocupam-se em dinamizar os currículos das Universidades medievais introduzindo novas áreas de conhecimento como a história, a filosofia, a eloquência, a matemática e a poesia tentando resgatar os modelos da Antiguidade Oriental e Clássica, propostas estas que numa primeira fase foram negadas e refutadas pela igreja que as considerava que era uma tendência a resgatar o paganismo de outrora.

Na verdade a tendência a resgatar os princípios da Antiguidade Clássica e Antiguidade Oriental não cingia-se na repetição do que acontecera outrora, mas sim buscar inspiração nas suas crenças, nos seus actos e suas realizações de modo a despertar uma nova consciência no homem europeu dominado pelo teocentrismo.