Outro povo muito importante para a formação do mundo cristão ocidental foram os hebreus, que viveram na Palestina. O território da Palestina formava um estreito corredor que unia os impérios da Mesopotâmia e do Egito. Foi lá que nasceu Jesus Cristo. Atualmente, o território da antiga Palestina é ocupado por Israel.

A Palestina é a “terra prometida” dos hebreus, um povo semita que se estabeleceu lá. A moral e a ética dos hebreus foram o seu principal legado. Elas serviram de base para o judaísmo e o cristianismo, duas das principais religiões do mundo.

Localização e clima

A Palestina ficava entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo. Apesar de ser um território pouco extenso, a Palestina era formada por três regiões geográficas: a região norte, a Galiléia, era formada por colinas cobertas de vegetação; a região central, Samaria, era menos fértil do que a Galiléia, apesar de entrecortada por muitos vales; o sul, a Judéia, era uma região árida e montanhosa.

O rio Jordão é o único que atravessa toda a Palestina. Ele nasce nos montes da Fenícia, percorre 220 quilômetros e desemboca no mar Morto, que é tãosalgado que nada pode viver nele.

A Palestina é hoje uma região semidesértica. Mas, antigamente, ela recebia mais chuvas e era um lugar muito próspero, com vales e bosques. Era essa a “terra prometida” que o povo hebreu tanto procurou.

A luta pela Palestina

Por volta de 3000 a.C., a tribo dos cananeus, de origem semita, chegou ao rio Jordão. É por isso que a região é conhecida como “terras de Canaã”. Por volta de 1500 a.C., a região foi invadida pelos filisteus, tribos de ários que vieram da ilha de Creta. Os filisteus deram o nome à região, que passou a se chamar Filistina (Palestina).

Em 1400 a.C., a tribo semita dos hebreus conquistou os cananeus e os filisteus e lá estabeleceu um reino. O Antigo Testamento da Bíblia, o livro sagrado dos hebreus, conta toda a história dos hebreus com detalhes. A seguir, veremos qual é essa história.

O povo de Deus (1800 a.C.-1700 a.C.)

Por volta de 1800 a.C., os semitas saídos da Arábia subiram o rio Eufrates e se fixaram ao norte da Assíria. Naquela época, os hebreus eram pastores nômades e adoravam muitos deuses e ídolos. Os juízes e sacerdotes ditavam as regras do clã.

A Bíblia conta que Deus escolheu Abraão para ser o pai de um povo, por meio do qual viria a salvação do mundo. Mas para que isso acontecesse Abraão deveria abandonar os outros deuses e ídolos, e acreditar num único deus. Além disso, Abraão deveria ir ao lugar que um dia seria de seus filhos e netos.

Abraão acreditou na palavra de Deus, queimou os ídolos e partiu com a mulher e um sobrinho em direção a Canaã. Deus apareceu novamente, para propor a mesma coisa ao filho e ao neto de Abraão. Jacó, o neto de Abraão, teve doze filhos que formaram doze famílias. José, o penúltimo filho de Jacó, foi vendido por seus irmãos invejosos a um comerciante egípcio. Apesar disso, Deus protegeu José e o tornou um assessor do faraó. José perdoou seus irmãos e os levou para o Egito, por volta de 1700 a.C.

O cativeiro no Egito (1700 a.C.-1280 a.C.)

Quando o Egito foi invadido pelos hicsos, que também eram semitas, os hebreus se tornaram seus protegidos. Mas quando os egípcios se livraram dos hicsos, escravizaram os hebreus. Em 1280 a.C., os egípcios mataram todos os filhos dos hebreus para evitar que eles se tornassem mais numerosos. Moisés se encarregou de salvar o povo. Ele os guiou numa fuga que a Bíblia chama de êxodo.

Política

A monarquia (1044 a.C.-721 a.C.)

A luta contra os filisteus e os cananeus unificou as doze tribos dos hebreus. Os juízes patriarcas sagraram o primeiro rei de Israel, Saul, em 1044 a.C. Seu filho, Davi, assumiu o trono de Israel em 995 a.C. Davi matara o temível gigante filisteu Golias. Ele unificou o país e fixou a capital do reino de Israel na cidade de Jerusalém. Salomão, filho de Davi, reinou de 966 a.C. a 933 a.C. Nesse reinado, os hebreus viveram um período de paz e prosperidade. Salomão organizou o governo e fez uma aliança com a Fenícia, o que deu impulso ao desenvolvimento do comércio. Além disso, construiu o Templo de Jerusalém, uma das sete maravilhas da Antiguidade.

A sociedade e a cultura

A sociedade dos hebreus era de tipo patriarcal. O homem tomava todas as decisões, e a mulher e os filhos obedeciam. Enquanto foram nômades, as decisões de governo eram tomadas pelos chefes de família. Quando se tornaram sedentários, o governo era conduzido por um conselho de anciãos.

A monarquia dos hebreus também teve duas fases. Na primeira delas, com o rei Davi, a monarquia se apoiava nos guerreiros. O rei Salomão, por sua vez, governava com poder absoluto.

A religião Hebraica

Por acreditar num só deus, os hebreus foram diferentes dos demais povos da Antiguidade. Esse deus lhes dava tudo de que precisavam e, por meio de revelações, fazia-os saber o que queria deles.

A Bíblia, que em grego quer dizer “os livros”, conta toda a história do povo hebreu. Também contém um código de leis, o Torá, que regulamenta a família, as riquezas, os contratos e as obrigações. A Bíblia foi também o legado sobre o qual os cristãos construíram uma nova religião a partir da chegada de Jesus Cristo.

As ciências e as artes

As artes não tiveram muito destaque na vida dos hebreus. A razão disso é que sua religião não permitia que eles fizessem estátuas. O Templo de Jerusalém foi construído pelos fenícios, por encomenda. No campo da literatura, entretanto, nos legaram o Antigo Testamento, com seus 45 livros.

A decadência (721 a.C.-63 a.C.)

O sucessor de Salomão começou a cobrar muitos impostos. O resultado disso foi que o reino dos hebreus se dividiu em duas partes: Israel e Judéia.

Os israelitas se misturaram com os cananeus e voltaram a adorar ídolos. Finalmente, quando estiveram sob domínio assírio, os israelitas formaram uma aliança com o Egito, numa tentativa de pagar menos impostos. Em 721 a.C., foram derrotados e levados prisioneiros para a cidade de Nínive. No reino da Judéia, por volta do século VI a.C., os judeus tentaram se rebelar contra os caldeus, com a ajuda do Egito, mas não conseguiram.

Em 587 a.C., Nabucodonosor, o rei da Caldéia, destruiu a cidade e o Templo de Jerusalém, e levou os judeus para serem escravos em Babilônia. Os judeus acharam que Deus os tinha abandonado porque eles não respeitaram o pacto. Apesar disso, a Bíblia conta que Deus fez um novo pacto com os judeus. Esse novo pacto dizia que um salvador, ou messias, daria início ao “novo reino de Deus”, que se construiria sobre a virtude e a bondade, e não sobre o medo.

Após cinquenta anos de cativeiro, os persas derrotaram os caldeus, e os judeus puderam voltar à Palestina. A liberdade relativa dos judeus terminou quando Alexandre Magno, rei da Macedônia, os incorporou ao seu império em 330 a.C. Em 63 a.C., o general romano Pompeu anexou a Palestina ao já extenso Império Romano. Mas nem todos os hebreus ficaram na “terra prometida”. Muitos se fixaram nas costas do mar Mediterrâneo, sobretudo na Europa. A dispersão dos hebreus pelo Mediterrâneo é conhecida como diáspora.