O declínio das duas cidades Tiahuanaco e Huari, cujo as causas ainda não são consistentes abriu-se um novo período de fraccionamento regional, entretanto, prosseguiu-se o desenvolvimento urbanístico junto com as tentativas de integração político-militar. Uma dessas tentativas resultou mais tarde a formação de um grande império Chimu.

Origem do Império

O Império Chimu teria sido fundado nos vales de Chicama e Moche por homens vindos da baía de Guaiaquil em embarcações de bambu. Rapidamente, esses imigrantes assimilaram os elementos da cultura que os Mochica haviam deixado na região.

A civilização Chimu foi fundada por um homem Chamado Taycanamo que chego ao Vale de Moche de jangada, funda a cidade de Cha chan e proclama que ele tinha sido enviado para o norte com o fito de governar a terra de Chimur. Com a sua morte sucedeu seu filho Guacricaur, que deu a continuidade, conquistando e subordinando os senhores do vale, começando assim a expansão territorial que veria columnar com a formação do império.

Sociedade

A estratificação e organização social do império Chimu, assim como outras civilizações andinas, foram marcadas por uma diversidade de mitos de criação, destacando o mito descrito por Calcanha (1977), apud Lima (2010), que justifica a desigualdade de classes sociais nos seguintes termos:

“(…) esses índios de planície e das costas estavam certos que suas massas iniciais e fundadores não foram Adão e Eva, mas quatro estrelas, dos quais  duais deram à luz os reis. Senhores e nobres, e outras duas deram a luz os plebeus, pobres e contratados, que como a fé que professamos (…), são chances desta terra e não porque se pensa que os ricos e poderosos são descendentes de outras origens, que não são humildes, assim eles vem os pobres como os menos favorecidos pela fortuna.”.

A fidelidade e submissão multidão considerável de trabalhadores não qualificados, mas altamente disciplinados eram justificadas pelas crenças. Sabe-se muito que a crença foi muito importante para moldar e configurar convicções humanas, sobretudo nas sociedades de povos altamente tradicionais.

Na sociedade do império Chimu a classe da elite vivia nas fortalezas altamente seguras (cidadelas), com o acesso restrito, pela arquitectura fica-se com a ideia da indicação de quem devia entrar e por onde devia sair os matérias de construção e a arquitectura eram mais sucosas em relação as de mais residências.

A população de Chan Chan era então constituída por soberanos e seus familiares, serventes em suas ciudadelas, artesãos especialistas e servidores ligados à produção metalúrgica, têxtil e construção em adobe, distribuídos entre bairros e uma produção flutuante identificada como mercadores ou carvaneiros, que ocupavam determinados espaços centrais da cidade.

A divisão Administrativa e Politica do Império Chimu

Numa transcrição de cronistas espanhóis Miguel Cabello Balboa e Antônio de La Calancha menciona que a classe aristocrática, da qual descendiam, atribuía-se uma origem divina, que pretendia constituir uma humanidade ao mesmo tempo anterior e superior à que formavam as pessoas comuns. Vivia em um luxo e refinamento inauditos, do qual ainda são testemunhos as cerâmicas, os ornamentos de metais preciosos e as numerosas peças de mobiliário que os arqueólogos encontraram nas sepulturas. O império Chimu esta dividido pelo rio Moche em duas grandes metades, norte e sul, as quais eram subdivididas em duas em ambas regiões, formando uma hierarquia quadripartida, na qual Chan Chan era o centro principal, e a capital do império com ma dimensão de 20 km2 e o seu núcleo aproximadamente de 6 km2, com uma população estimada de 30.000 a 40.000 habitantes

O poder estava ligado com o controlo dos rios e a consolidação dos sistemas de canais. Portanto a agua converteu-se em mecanismos de autoridade, no império, dando se mais primazia as aguas de sub-solo e relegados em segundo plano aguas de irrigação pelos canais.

Esta tendência de se considerar a agua como fonte de riqueza no império Chimu é justificada pela situação geográfica do império, que apresentava pisos ecológicos praticamente desérticos, e para se sobreviverem era preciso a adaptar as condições naturais, dai que há evidencias de se ter removidos, extraído e se transportados entre 30 e 60 mil metros cúbicos de material aluvial para obtenção de agua, o que certamente serviu para consolidar força e poder dos soberanos.

Actividades Económicas

No império Chimu, duas actividades económicas foram primordiais, a agricultura e a cerâmica. Estas actividades (sobretudo agrária) são justificadas pelo Lima (2010), quando refere o engenho hidráulico na abertura de diques, canais de irrigação. Era agricultura que assegurava a alimentação da população. Produzia-se produtos básicos tais como milho, mandioca e entre outras culturais de pequeno relevo como é algodão, tomate, cacau, abóbora, batata e frutas.

A outra actividade económica foi o artesanato, que foi considerado pelos diversos autores como a principal actividade. Esta actividade foi desenvolvida na região de Huaca de luna que era um complexo assentamento urbano – cerimonial, dos antecessores mochica. Neste centro produzia-se os instrumentos de trabalho com fins meramente produtivos, que nos induzem a pensar é uma cidade que teve como um dos seus princípios organizativos o trabalho artesanato especializado.

Esta actividade da cerâmica com maior destaque para a especializada era controlada pela elite governativa, com fins para ornamentação e para o comércio. Esta especialização implicava que o individuo não produzia todos os produtos necessários para subsistência, assim sendo os bem produzidos deviam ser utilizados para troca mercadorias/serviços que não dispunham, entretanto devia existir um sistema de troca entre unidades sócias.

Arte e Ciência

Um grande império “hidráulico” Chimu, centralizado na costa setentrional, cuja civilização se assemelhava mais, em seus fundamentos, à do Egipto ou da Mesopotâmia, esta civilização desenvolveu também um grande sistema arquitectónico divididos em três principais tipos de arquitectura residencial, definidos pela dimensão, material de construção, técnica de construção sendo desta feita dividida em três conjuntos: conjunto arquitectónico monumental, conjunto arquitectónico da elite e conjunto de arquitectónico ou irregular aglutinado.

Conjunto arquitectónico monumental

Também denominado cidadelas, era destinado a residência da elite governante cercado por altas paredes de adobe. Era dentro desta ciudadelas havia várias formas distintas de arquitectura, as audiências (as quais eram frequentemente adornadas com nichos e frisos, dependências de armazenagens ou depostos, os quais eram organizados próximos as audiências que eram identificados com as funções administrativas e a arquitectura de fontes de agua potável, huacaques.

As cidadelas eram de facto um símbolo de autoridade estatal Chimu, dado às variações, dimensões, acabamento e quantidade dão fortes dos mecanismos administrativos que foram encontrados pelos arqueológicos

Conjunto arquitectónico da Elite

Conjunto arquitectónico da elite ou arquitectura intermediária, era também construída em adobe. Vivia a nobreza Chimu que não era membro da elite governante, ou os responsáveis pela supervisão das actividades administrativas das classes mais baixas. A sua configuração era semelhante com as das ciudadelas, composta por várias audiências, paredes com nicho e depósitos, mas com dimensões menores.

A questão do espaço que era menor em relação a arquitectura monumental prendia-se pelo facto de ser o lugar essencialmente ocupado pelos artesãos de status mais alto que aqueles dos bairros, pois nessas áreas existia uma menor evidência de laminação ou fabrico de lingotes de metal, dai que se sugere ter sido espaços da finalização dos artefactos mais importantes no império.

Conjunto do arquitectónico irregular

Conjunto arquitectónico irregular e aglutinado, também designado de SIAR (smail, irregular, aglutined rooms), era composto por grandes áreas com numerosas pequenas dependências irregulares aglutinadas, construídas de material perecível. Residiam os artesãos e serventes, os quais, correspondiam a maior parte da população urbana de Cha Chan. Os bambos eram construídos com quincha (taquara, junco), e não continham instalações para armazenagem, plataforma de suplemento ou audiência. Eram concentradas em quatro áreas da cidade, dentro das quais os artesãos eram abrigados em unidades domésticas familiares individuais, servidores ou produtores de mercadores em período integral.

O apogeu do império Chimu

O apogeu do império Chimu foi marcado pelas expansões territoriais que começaram no século XIV. Por essa época, Nasempinku, terceiro soberano de Chan chan, teria conquistado os vales de Viru, Chão e Santa. Os soberanos seguintes prosseguiram activamente sua política expansionista, pois no início do século XV o Estado Chimu ultrapassava os limites da área de influência da antiga cultura Mochica. Estendia-se de Nepefia, ao sul, até Lambayeque, ao norte, e talvez já incluísse Piura e Tumbes, nos limites entre o Peru e o Equador.

O movimento de expansão do império Chimo foi marcada em duas deslocações  principais: o primeiro movimento foi de expansão, após a consolidação dos Chimo no vale de Moche en torno de 1200 d.C, motivado pela dependência da população urbana de Cha Chan de força de trabalho e de recursos , que o império queria que  veria conseguir com  a incorporação dos vales de Chicama e Viru. É importante frisar que este movimento foi acompanhado por incremento massivo militar acompanhado pelas políticas agrárias de investimento com um sistema de irrigação extensiva.

O segundo movimento foi caracterizado por uma expansão em direcção mais para o norte, onde o império veria ocupar o vale de La leche, entre 1360 a 1400, se apropriando do sitio de Túcume, incorporando os senhores de Lambayeque no sistema imperial. Concomitamente `a conquista de Lambayeque, há indícios de uma grande reorganização das actividades económicas e da população em Cha Chan. Áleas há hipóteses na qual aventam que o aumento incrível da população de especialista na cidade, foi o resultado da decorrência da importação de artesão dos territórios conquistados.

Decadência

A decadência do império Chimu, foi marcadamente caracterizado pelo abandono das áreas ocupadas pelos artesãos em Chan Chan,. Com a invasão imperial Incas. Os protestos da guerra surgem numa indicação da disputa de novas terras, porque os Chimu seu queria estenderem o seu domínio os planaltos do interior, facto que acabou criando um choque o império Inca, que se estendia paralelamente ao longo das depressões internas das cordilheiras.

Bibliografia

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