Etiópia, sua Localização e Limites

A Etiópia situa-se na África oriental, ao norte o mar vermelho, ao sul o kénia, a leste a Somália e a oeste o Sudão. Com a adopção do cristianismo no séc. IV, n.e. como religião oficial, a Etiópia nascida do antigo estado de Axum, envolve-se numa série de guerras com os, egípcios e outros que professavam a religião muçulmana.

A influência na região do mar vermelho contra o poder central na Etiópia exercia-se através do apoio em armas e instrutores aos principados islâmicos. Nestas lutas, os muçulmanos apoiavam se também na sua força económica e nos fracos laços entre poder central etíope e as províncias instigando movimentos separatistas.

Sistema Político

Segundo fontes primarias, a história do reino Axum alongou-se por aproximadamente a 1 milénio, a partir do século I da era crista. Nela se registram alguns acontecimentos de relevo, como as três intervenções armadas na arábia do sul no decorrer dos séculos III, IV e VI, uma expedição a Méroe no século IV e na primeira metade deste ultimo, a introdução do cristianismo.

Ao lado da Etiópia existem unidades políticas de relativa extensão e importância: o reino dos Falacha (alcunhados Judeus da Etiópia), reino de Godjam e o reino de Damot, que remontavam a períodos anteriores à penetração Cristã Ortodoxa e Muçulmana. Também existiam principados Muçulmanos, entre os quais os sultanatos Awfat, Dawaro, Adal e Dahlak, que se encontravam estabelecidos estrategicamente, por razões comerciais, ao longo de toda costa que vai desde o arquipélago de Dahlak, no mar Vermelho, até a cidade Somali de Brava, no oceano Índico.

Economia

A despeito da importância que tinham a agricultura e a pastorícia, parece ter sido o comércio dinamizado pelos Estados islamizados do litoral que garantia a reprodução da economia etíope.

Tais principados islâmicos eram frequentados por mercadores e negociantes árabes, sendo as Dahlak uma verdadeira ponte de comércio entre o Iêmen e a costa da Eritreia, escala importante nas relações económicas entre o sul e norte do mar Vermelho. Afirma ainda que estas ilhas já desempenhavam este papel desde a antiguidade e que, no sé. VII da era Cristã os árabes anexaram-nas para ter presídio e local de exílio, passando a denominá-las ilhas Dahlak al-Kabir, durante o reinado dos califas omíadas e abássidas, no séc. IX. No séc. XIII, depois de recuperar a sua economia, a ilha constitui-se com um emirado. A partir de então dedicou-se ao comércio e à pirataria.

 No cultivo os etíopes praticavam uma agricultura mista, produzindo o arroz que constituía a base da alimentação e a banana, a manga e os legumes. Esta actividade era feita em fazendas de famílias tradicionais numerosas, depois, também em fazendas de famílias cristãs e mais tarde ainda de muçulmanos.

Impacto do comércio na Etiópia

As rotas comerciais das cidades da costa estendiam-se, desde o séc. X d.c, para o interior. Era do interior que vinham muitas mercadorias de troca. A interacção com as comunidades africanas do interior não só contribui para a evolução económica da região, como também para o desenvolvimento político dos Estados onde essas comunidades estavam distribuídas para o intercâmbio cultural, religioso e linguístico.

As populações Africanas dos reinos cristãos do interior estavam influenciadas pela prática de trocas com a costa, começavam a envolver-se em troca internas mútuas. A título de exemplo os negociantes internos iam ao tigre buscar sal para trocarem Shoa por cavalos e mulas. Certas comunidades muçulmanas estabelecidas no interior, que vieram a envolver-se neste comércio, obtiveram vantagens não só advindas desta actividade como também das caixas que cobravam pela travessia dos seus territórios. Idem

O comércio permitiu o aparecimento de vários cidadãos, praticamente ligadas umas às outras, e o nascimento de uma camada aristocrática urbana constituída por, jurisconsultos e funcionários, ligados geralmente ao poder local dos sultãos.

A economia Comercial da Costa Oriental Africana do séc. XII-XV

Entre o séc. XII – XV, formou-se na costa Oriental de África e nas suas ilhas a comunidade Swahili, constituído por um fundo formada por uma população de língua Bantu, da costa e da interior influenciada por elementos culturais do exterior. A acompanhar este processo: Árabes, Persas, e indianos.

A agricultura era praticada paralelamente à pesca e á recolecção Marítima. Eram praticas as seguintes culturas praticadas no séc. X: Banana, dura (variedade de sorgo), inhame, cóleo (da família de hortelã), coco, tamarindo, cana – de – açúcar.

Em Kilwa Kisiwani havia coco, laranja, limões, leguminosas, cebola, ervas aromáticas, ervilha, milho e nozes de areca. Idem

A acompanhar este processo emergiram novas cidades – Mercado (Cidade-estado), entre elas existiam: Mogadíscio, Pangani, Brava, Badhuna, Pate, Lumu, Manda, Melindi, Gedí, Mombaça, ilha de Pemba, ilha de Tambatu, Zanzibar, Kaple, ilha de Mafia, Kua, Ilha do Ibo, Ilha de Moçambique, Ilha de Angoche, e Sofala.

A vida Social e Cultural da Civilização Etíope

No presente capitulo far-se-á uma abordagem convicta a perceber a vida social e cultural da civilização na Etiópia bem como a sua decadência.

Estratificação Social na Costa oriental

Nas cidades-estado Swahili era possível distinguir uma camada social tradicional, Dirigente e rica, uma camada enriquecida pelo comércio; uma camada comum constituída pela população Swahili; e uma camada constituída por escravos destinados à exportação e á pratica de algumas actividades como a agricultura, pesca marítima e Comércio.

Sociedade

Ao longo dos períodos precedentes há povos dos bedjas encontravam -se organizados em vários reinos ocupando uma região de Axum, até ao alto Egipto, estes formavam um conjunto étnico.

A partir da região próxima do Nilo Al-ya’bubr enumerou e indico a localização de cinco reinos como bedjas indo do Nilo ao mar e em seguida ao sul. O primeiro reino mais próximo do país muçulmano de Assuã era Nakts, que foi habitado por vários povos cujos nomes citados não foram decifrados.

Cultura

A Cultura do império Axumita protofeutal caracterizou-se por inscrições consagradas aos deuses, fazia relatos detalhados as vitórias alcançadas pelo rei dos reis. As moedas ostentavam o epíteto étnico particular de cada monarca, um etnónimo correspondente ao nome de um dos exércitos axumitas. A arquitectura mostra uma tendência cada vez mais acentuada para a arte decorativa, a arquitectura e a escultura etíope foram de uma originalidade notável, o que não exclui a assimilação das diferentes influências culturais advindo do império romano, arábia meridional, da índia e de Méroe.

A evolução das legendas nas moedas e das inscrições reais de Axum permitem discernir duas tendências opostas na ideologia da administração axumita, a ideia monárquica ligada a unidade cristã e a noção demagógica originarias das tradições locais.

A arquitectura mostra uma tendência cada vez mais acentuada para a arte decorativa bem como a combinação de pedras mais ou menos trabalhados, ainda encontramos o paganismo dos axumitas que lembrava muito a religião da antiga Arábia do sul. Era um politeísmo complexo com características dos cultos relacionados a agricultura e a criação de animais.

O culto dos ancestrais, especiamente dos reis mortos, ocupava um lugar importante na religião axumita. O sabeano foi uma das línguas oficial do reino axumita desde os seus primórdios.

Sendo o reino de Axum uma das grandes potencias comerciais da época, as rotas usadas uniam o mundo romano a índia e a arábia ao nordeste da África, sendo também um importante centro de difusão cultural, ao longo dessas rotas ao mesmo tempo a sua cultura foi determinante e influenciou muitos países da antiga civilização do nordeste da África e do sul da arábia sob seu domínio.

A Decadência do Reino de Axum

No fim do século VI verificou-se a decorada da cultura himiarita e o início do século VII o reino de Axum teve a sua decadência devido a invasão das regiões setentrionais da Etiópia pelos bedjas, com a situação política na borda do mar vermelho foi quase totalmente transformada, com o império Bizantino, ameaçado pelas conquistas persas que tomaram o controlo da península Arábica e se laçaram na luta contra os bizantinos pelo domínio do comércio no mar vermelho privando Axum de alguns dos seus escoadouros de mercadorias.

Bibliografia

ARAÚJO, Carlos Roberto. História do Pensamento Económico, São Paulo, editora atlas, 1991;Fasi. Mohammed El, África do século VII ao XI, Brasília, Unesco, 2010;Mokhtar. Gamal, África Antiga, 2.ed. Brasília : Unesco, 2010;RECAMA, Dionísio Calisto. História de Moçambique, de África e Universal. Plural editores, Maputo, 2004;SENGULANE, Hipólito. Das Primeiras Economias ao Nascimento da economia Mundo. Maputo, Universidade Pedagógica, 2007;TAJÚ, Gulamo & ASSIS, Abel. Da Comunidade Primitiva ao Feudalismo, Lisboa, 1989.