A Rússia pré-1917 pouco tinha de capitalista e menos ainda de avançada. Sua produção era basicamente rural, seu proletariado industrial pequeno se comparado ao de países como Inglaterra, Alemanha e França, e seus movimentos de oposição mais actuantes e revolucionários eram os herdeiros da tradição Narodnik, uma espécie de populismo agrário mais voltado para atentados terroristas do que para a derrubada e o exercício do poder.

A Estrutura Sócio-económica

Sendo uns países predominantemente agrário e semifeudal, aristocracia rural e o clero ortodoxo detinham o controlo da propriedade da terra. O processo de industrialização, por sua vez, se iniciara apenas nas últimas décadas do século XIX, caracterizando se por sua extrema concentração em algumas grandes cidades, como kiev, moscovo e retrógrado, então capital do país.

Além disso, mais de 50% dos capitais investidos na indústria fabril eram estrangeiras, principalmente de origem francesa, alemã e inglesa.

O atraso económico se reflectia na vida social do país, cuja sociedade permanecia essencialmente rural, com os camponeses formando 80% de toda população. Nas cidades onde era reduzido o índice de urbanização, concentrava-se a classe operaria.

Quanto á cultura na Rússia, ao lado de uma refinada influencia europeia existente nas grandes cidades, no campo continuavam a predominar usos, costumes e tradições orientais. Um exemplo do atraso cultural era o facto de a Rússia dotar ainda o calendário juliano, enquanto nos países do ocidente europeu vigorava o calendário gregoriano.

A Estrutura Política e a Formação dos Partidos Revolucionários

Na Rússia, inspirados por ideias socialistas, surgiram vários partidos clandestinos de oposição à autocracia czarista. Entre eles o social-democrata, baseado no socialismo marxista, que em 1903 dividiu-se em duas facções: os Bolcheviques, liderados por Lênin, que eram revolucionários e defendiam a instauração do socialismo na Rússia com base numa aliança entre os operários e os camponeses; os Mencheviques, liderados por Martov, eram revolucionários, defendiam a aliança com a burguesia e a passagem gradual ao socialismo através de uma política de reformas progressivas.

Outro partido de oposição era o dos Social-revolucionários, intelectuais oriundos das camadas médias, que advogavam a realização de uma revolução agraria, com base no apoio dos camponeses.