Localização geográfica e temporal

Mapa da Mesopotâmia

A Mesopotâmia é o nome dado para a área do sistema fluvial Tigre-Eufrates, o que nos dias modernos corresponde a aproximadamente a maior parte do actual Iraque e Kuwait, além de partes orientais da Síria e de regiões ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque.

Amplamente considerado como um dos berços da civilização pelo mundo ocidental, a Mesopotâmia da Idade do Bronze abrigava a Suméria, além dos impérios Acadiano, Babilónico e Assírio, todos nativos ao território do actual Iraque. Na Idade do Ferro, era controlada pelos impérios Neoassírio e Neobabilônico. Os povos sumérios e arcádios (incluindo assírios e babilônios) dominaram a região desde o início da história escrita (c. 3 100 a.C.) até a queda de Babilônia em 539 a.C., quando foi conquistada pelo Império Aqueménides. Caiu a Alexandre, o Grande em 332 a.C. e, após sua morte, tornou-se parte do Império Selêucida, de cultura grega.

História da Mesopotâmia

A Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações por volta do VI milénio a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarização da população e de uma revolução agrícola, que se originou durante a Revolução Neolítica. O homem deixava de ser um colector que dependia da caça e dos recursos naturais oferecidos, uma nova forma de domínio do ambiente é uma das causas possíveis da eclosão urbana na Mesopotâmia.

A partir do III milénio a.C. cidades como Ur, Uruque, Nipur, Quis, Lagas e Eridu e a região do Elam se desenvolvem e a actividade comercial entre eles se torna mais intensa. Os templos passam a gerir a economia e muitos zigurates são construídos.

O surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evitava inundações e garantia o armazenamento de água para as estações mais secas. Fazia-se necessária a construção dessas estruturas para manter algum tipo de controlo sobre o regime dos rios Tigre e Eufrates. A princípio se acreditou que a construção desse sistema de irrigação fosse responsável por determinar um controle rígido e despótico da sociedade pelos governantes, como sugere a “hipótese causal hidráulica.

Os mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de uma unidade política. Entre eles, sempre predominaram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu centro político, formando as chamadas cidades-Estados. Cada uma delas controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de irrigação. Tinham governo, burocracia própria e eram independentes. Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de origem divina.

Povos

Sumérios e Arcádios (antes de 2 000 a.C.)

De origem semita, os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5 000 a.C. pelo povo sumério, que ali construiu as primeiras cidades de que a humanidade tem conhecimento, como Ur, Uruque e Lagash.

Amoritas (2 000-1 750 a.C.)

 Com o declínio do império fundado por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia um grande e unificado império que tinha como centro administrativo a cidade da Babilónia, situada nas margens do rio Eufrates. Os amoritas, povos semitas provenientes da Arábia, edificaram então o Império Paleobabilônico. Este povo é conhecido também como “antigos babilónicos”, o que os diferencia dos caldeus, fundadores do Segundo Império Babilónico, denominados neobabilônicos.

O soberano que mais se destacou foi Hamurabi (1792 a 1 750 a.C.), elaborando leis que ficaram conhecidas como Código de Hamurabi, que tinha como base um código sumeriano ” Ur-nammu”. O ” Código de Hamurabi”. O carácter das leis que constituíam o Código de Hamurabi era bastante severo – a pena era equivalente à falta cometida.

Assírios (1 300-612 a.C.)

A partir do final do segundo milénio a.C., passaram a se organizar como sociedade altamente militar e expansionista. Realizaram diversas conquistas e expandiram seu domínio para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egipto. O centro administrativo do império assírio era Nínive, onde foi feita a biblioteca real de Assurbanípal, com mais de 22 000 placas de agrila. O exército assírio era um dos mais notáveis da Antiguidade, fato que proporcionou aos assírios o poder de conquistar diversos territórios. Clique aqui para mais informações acerca dos Assírios.

Caldeus (612-539 a.C.)

Povos de origem semita que se estabeleceu na Baixa Mesopotâmia no início do primeiro milénio a.C., os caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos assírios (pois, junto com os medos, saquearam Nínive) e pela organização do novo império babilónico. Nabucodonosor II foi o soberano mais conhecido dos caldeus.

Economia e sociedade

Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade colectiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sob o controle do déspota, personificação do Estado, e dos templos. O templo era o centro. Que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, além de proprietário de boa parte das terras: é o que se denomina cidade-templo.

A economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milénio a.C., baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), árvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro.

A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida. Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias-primas favoreceram os empreendimentos mercantis.

Ciência

A Astronomia

Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia.

A Matemática

Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades do dia-a dia levaram a um certo desenvolvimento da matemática.Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexagesimal (baseado no número 60).

A Medicina

Os progressos da medicina foram grandes (catalogação das plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito e a matemática, a medicina estavam ligados a adivinhação. Contudo, a medicina não era confundida.

Escrita

A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objecto representado expressava uma ideia. Os sumérios – e, mais tarde os babilónicos e os assírios, que falavam acadiano – fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme.

Literatura

Da literatura mesopotâmica sobraram diversos textos e fragmentos, muitos ainda em vias de decifração e tradução. Uma característica comum à maioria dos textos é sua origem estatal, especialmente no caso da religião e dos negócios.

Leis

O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro código de leis que se tinha notícia, é uma compilação de leis sumerianas mescladas com tradições semitas. Ele apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama de crimes.

Arquitectura

A mais desenvolvida das artes, porém não era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias dos existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na região; O zigurate, torre piramidal, de base rectangular composto de vários pisos superpostos, formadas por sucessivos andares, cada um menor que o anterior.

Religião

Os deuses, extremamente numerosos, eram representados à imagem e semelhança dos seres humanos. O sol, a lua, os rios, outros elementos da natureza e entidades sobrenaturais, também eram cultuados. Embora cada cidade possuísse seu próprio deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos. Na Mesopotâmia, os deuses representavam o bem e o mal, tanto que adoptavam castigos contra quem não cumpria com as obrigações.