Aqueles que defendiam o socialismo com frequência discordavam, veementemente, do tipo de socialismo a ser buscado. É necessário, portanto, delinear os diversos tipos de socialismo antes de tentar a tarefa mais difícil de seleccionar as ideias comuns. Os principais tipos de socialismo incluem:

Socialismo Utópico:

Este data de aproximadamente 1800, com Henri Comte de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen como figuras principais. Eles desenvolveram suas ideias na época em que os trabalhadores industriais ainda eram fracos e desorganizados, desmoralizados pelas rápidas mudanças da Revolução Industrial, desprovidos de privilégios e ainda nao-cientes de seu poder latente.

Os socialistas utópicos consideravam a economia de mercado competitiva, injusta e irracional. Eles organizaram os conceitos das organiza6es sociais perfeitas e, então, conclamaram o resto do mundo a adopta-los. Pregaram mais a união universal do que a luta de classes e confiaram nos capitalistas para cooperar com eles e ate mesmo financiar seus projectos. As imaginarias comunidades cooperativas modelo foram elaboradas, e algumas foram, de fato, testadas, geralmente sem sucesso.

Socialismo de Estado:

Este envolve a posse do governo e a operação de todos os sectores ou de sectores específicos da economia com propósitos de alcançar mais os objectivos sociais gerais do que o lucro. A antiga União Soviética e um exemplo de nação em que todos os sectores principais eram, até recentemente, propriedades do Estado e administrados por ele.

Mas o socialismo de Estado também pode ocorrer em um sistema capitalista. Os exemplos nos Estados Unidos são o sistema federal de previdência social, a Tennessee Valley Authority e o serviço postal. Historicamente, os socialistas de Estado consideravam o Estado um poder imparcial que poderia ser influenciado em favor da classe trabalhista se o voto fosse difundido e os trabalhadores fossem instruídos e organizados. Então, o Estado poderia ter o comando das empresas e tornar-se o empregador ou poderia estimular e subsidiar as cooperativas (os trabalhadores e os consumidores como proprietários). Louis Blanc foi o primeiro e o principal te6rico do socialismo de Estado.

Socialismo cristão:

Essa versão de socialismo se desenvolveu na Inglaterra e na Alemanha após 1848, com Charles Kingsley como seu principal defensor na Inglaterra. Esse socialismo surgiu após o fracasso dos movimentos radicais nesses dois países. O consolo da religião era oferecido aos trabalhadores para aliviar seu sofrimento e proporcionar esperanças. A Bíblia servia para compor o manual do líder do governo, do empregador e do trabalhador. A ordem de Deus era o amor e o companheirismo mútuos. A propriedade dos ricos era administrada em benefício de todos. Esse movimento, que repudiava a violência e a luta de classes, defendeu a reforma sanitária, a educação, a legislação da fábrica e as cooperativas.

Anarquismo:

Doutrina política que prega a abolição do Estado como ponto de partida para a construção de uma sociedade alternativa, onde as relações entre os indivíduos sejam livres, igualitárias e desprovidas de qualquer coerção. Por isso, os partidários do anarquismo são também chamados de libertários. Nessa perspectiva, o anarquismo rejeita qualquer princípio de autoridade seja do Estado, de instituições, de grupos sociais ou de indivíduos. Essa proposta política implica uma nova organização económica da sociedade.

De inspiração socialista, propõe a abolição da propriedade privada capitalista, o fim da exploração do homem pelo homem, a colectivização dos meios de produção e a solidariedade entre os produtores (trabalhadores). A administração geral da vida social baseia-se na autogestão de cada unidade produtiva; colectivamente, os trabalhadores decidiriam sobre as formas de organização do trabalho, produção, troca e distribuição dos produtos e relacionamentos com o conjunto da sociedade.

Com Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) como um dos primeiros teóricos, o anarquismo declarava que todas as reformas do governo são coercivas e que deveriam ser abolidas.

De acordo com Proudhon: “A experiencia mostra, na verdade, que em qualquer lugar e sempre, o Governo, como quer que tenha sido para as pessoas em sua origem, ficou ao lado da classe mais rica e instruída contra a classe mais numerosa e pobre; tem pouco a pouco se tornado limitado e exclusivo; e, em vez de manter a liberdade e a igualdade entre todos, trabalha persistentemente para destrui-las, pela virtude da tendência natural para o privilegio (…) Podemos concluir sem medo que a formula revolucionária não pode ser o Governo imediato, nem o Governo simplificado, [mas de preferencial e o nenhum Governo (…) Governar as pessoas sempre será enganá-las. O homem está sempre dando ordens ao homem, a fixação que cria um final de liberdade”.

Os anarquistas não acreditavam que a sociedade não tinha ordem, mas principalmente que a ordem da sociedade surgia dos grupos do governo autónomo por meio do esforço voluntário ou aliado. A natureza humana, eles afirmavam, e essencialmente boa se não for corrompida pelo Estado e suas instituições. A propriedade privada deveria ser substituída pela posse colectiva de capital pelos grupos cooperativos. Os anarquistas previam as comunidades se empregando na produção e comercializando com outras comunidades, com as associações de produtores controlando as produções agrícolas, industrial e ate mesmo intelectual e artística. Esperava-se que as associações dos consumidores coordenassem a habitação, a iluminação, a saúde, a comida e o saneamento.

A compreensão mútua, a cooperação e a liberdade total caracterizariam a sociedade anarquista. A iniciativa individual seria encorajada, e cada tendência para a autoridade uniforme e centralizada seria eficientemente controlada. Embora os métodos para alcançar seus objectivos sejam diferentes, a comunidade ideal dos anarquistas se parece com a dos socialistas utópicos.

Socialismo marxista:

 O socialismo marxista, ou “científico”, baseia-se em uma teoria de valor do trabalho e uma teoria de exploração dos assalariados pelos capitalistas. Embora Marx e Engels desprezassem o capitalismo com entusiasmo, eles respeitavam o grande aumento na produtividade e a produção resultantes dele. Entretanto, o capitalismo se deparou com as lutas de classes e as contradições que inevitavelmente liderariam a queda de seu governo e o substituiriam pelo socialismo. O Estado capitalista oprime os trabalhadores.

A classe trabalhadora, ao derrubar o Estado burguês, estabelecera sua própria ditadura do proletariado para destruir a classe burguesa. Com o socialismo resultante, a propriedade privada dos bens de consumo é permitida, com excepção da terra e do capital, em geral possuídos pelo governo central. A produção é planejada, assim como a taxa de investimento, sendo o objectivo do lucro e o livre-mercado eliminados como as principais forcas da economia.

Comunismo:

 De acordo com Marx, o comunismo é o estado da sociedade que finalmente substituiu socialismo. Sob o socialismo, o slogan é “De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com seu trabalho”. Sob o comunismo, o slogan torna-se “De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com sua necessidade”.

Isso pressupõe uma superabundância de bens em relação aos desejos, a eliminação dos pagamentos em dinheiro com base no trabalho realizado e uma devoção a sociedade tão abnegada quanto a lealdade de uma pessoa a sua família. O Estado se enfraquecera quando as classes antagónicas desaparecerem, e o controle sobre as pessoas será substituído pela administração sobre as coisas, tais como os amplos sistemas das vias-férreas e as complexos de maquinaria, de carvão e ferro.

Actualmente, os chamados países comunistas tem estabelecido, na verdade, o socialismo de

Estado ou estão no processo de estabelece-lo. o comunismo não existe em nenhum lugar, excepto em pequenas comunidades cooperativas, geralmente motivadas por uma religião comum ou outras campanhas ou fervores. Aqui, as pessoas trabalham juntas, juntam seus lucros e extraem as coisas de que precisam de um fundo comum.

Revisionismo:

 Na Alemanha, o revisionismo era defendido por Eduard Bernstein (1850-1932). Na Inglaterra, os socialistas fabianos, liderados por Sydney e Beatrice Webb (1859-1947; 1858-1943), eram revisionistas, mas diferentemente do movimento de esquerda alemã, eles nunca aderiram ao marxismo para qualquer iniciativa significativa.

O revisionismo abjurava a luta de classes, negava que o Estado fosse necessariamente um instrumento da classe rica e fixava suas esperanças na educação, nas propagandas eleitorais e no ganho de controle do governo por meio do voto secreto. O governo devia regulamentar os monopólios, controlar as condições de trabalho nas fábricas, comandar alguns serviços públicos e, gradualmente, aumentar sua posse de capital. O revisionismo tem de ser chamado algumas vezes de “socialismo de gás e água”, pois os revisionistas, especialmente o grupo fabiano, favoreceram a posse municipal dos serviços públicos.

Sindicalismo:

Georges Sorel (1847-1922) promoveu e popularizou esse tipo de socialismo nos círculos de trabalho nos países latinos da Europa. Os sindicalistas eram contra o parlamentar e o militarista. Eles acreditavam que o socialismo deteriora as crenças burguesas quando empregado na actividade política e parlamentar. Se representado no parlamento, o movimento degeneraria o oportunismo para ganhar influencia politica. O que os trabalhadores exigem e um grande sindicato que não represente os jogos da burguesia de procurar uma reforma social e o melhoramento das condições.

O sindicato não deve se interessar por greves e fundos de garantia, acordos do sindicato, fundos do sindicato ou reforma fragmentária. As greves devem ser feitas para provocar a consciência revolucionária e o combate dos trabalhadores; a sabotagem deve, frequentemente, ser utilizada como arma na luta de classes. Finalmente, a greve geral de um grande sindicato terminará com o capitalismo. Cada indústria, então, será organizada como uma unidade autónoma administrada pelos trabalhadores, e essas unidades serão unificadas em uma federação que se tornará o centro administrativo. Os sindicalistas esperavam que o governo coercivo desaparecesse.

O sindicalismo se diferenciou do anarquismo, pois acreditava exclusivamente no unionismo revolucionário e na greve geral para derrubar o governo. Mas ambos favoreciam a da propriedade privada e a extinção do governo político. Os trabalhadores industriais do mundo (apelidados de “wobblies”), que se estabeleceram nos Estados Unidos em 1905, foram um exemplo de união sindicalista.

Socialismo da Guilda:

G.D.H.Cole (1889-1959), foi o principal defensor desse tipo de socialismo. Era primeiramente um movimento britânico, de gradualismo e de reforma, e atingiu seu apogeu aproximadamente na época da Primeira Guerra Mundial. Os socialistas da guilda aceitaram o Estado como uma instituição necessária para expressar os interesses gerais dos cidadãos enquanto consumidores.

A supervisão real das indústrias deveria ser confiada mais aos empregados (os produtores), organizados em suas guildas industriais, do que ao governo. Entretanto, o governo deveria desenvolver a política económica geral para toda a comunidade, não meramente para os trabalhadores. Cada trabalhador seria um sócio na empresa para a qual trabalhava. Essa era a essência da “democracia industrial” que os socialistas da guilda favoreciam.

A na o não seria mais dividida entre campos opostos de capital e mão-de-obra. Em vez disso, seria dividida entre produtores e consumidores, cada um com sua associa o nacional a guilda e o governo. Assim, os produtores e os consumidores formariam uma sociedade igualitária.