Conceito de religião

Religião é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana.

A palavra religião é muitas vezes usada como sinónimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração ou escrituras sagradas para seus praticantes.

A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das actividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.

Características das Religiões

Embora cada religião apresente elementos próprios, é também possível estabelecer uma série de elementos comuns às várias religiões e que podem permitir uma melhor compreensão do fenómeno religioso.

As religiões possuem grandes narrativas, que explicam o começo do mundo ou que legitimam a sua existência. O exemplo mais conhecido é talvez a narrativa do Génesis na tradição judaica e cristã. Quanto à legitimação da existência e da validade de um sistema religioso, este costuma apelar a uma revelação ou à obtenção de uma sabedoria por parte de um fundador, como sucede no budismo, onde o Buda alcançou a iluminação enquanto meditava.

As religiões tendem igualmente a sacralizar determinados locais. Os motivos para essa sacralização são variados, podendo estar relacionados com determinado evento na história da religião (por exemplo, a importância do Muro das Lamentações no judaísmo ou da Igreja do Santo Sepulcro no cristianismo) ou porque a esses locais são associados acontecimentos miraculosos (santuários católicos de Fátima ou de Lourdes) ou porque são marcos de eventos religiosos relacionados à mitologia da própria religião (monumentos megalíticos, como Stonehenge, no caso das religiões pagãs). Na antiga religião grega, os templos não eram locais para a prática religiosa, mas sim locais onde se acreditava que habitava a divindade, sendo, por isso, sagrados.

As religiões estabelecem que certos períodos temporais são especiais e dedicados a uma interacção com o divino. Esses períodos podem ser anuais, mensais, semanais ou podem mesmo se desenrolar ao longo de um dia. Algumas religiões consideram que certos dias da semana são sagrados (Shabat para os judeus, sábado para os adventistas e alguns baptistas do sétimo dia, ou o domingo para a maioria das outras religiões ligadas ao cristianismo), outras marcam esses dias sagrados de acordo com fenómenos da natureza, como as fases da lua, na religião Wicca, em que todo primeiro dia de lua cheia é considerado sagrado.

Sacerdote

Sacerdote ou Sacerdotisa é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades. Seu cargo ou posição é chamado de Sacerdócio, um termo que pode também se aplicar a essas pessoas coletivamente.

Requisitos para ser Sacerdote

Dependendo da religião e da forma que ela procede, aquele que deseja entrar num determinado sacerdócio deverá ter certos pré-requisitos como diploma em teologia e de outros cursos específicos. Provavelmente terá que professar votos tais como o de castidade.

Entre outras recomendações. A maioria não aceita mulheres no desempenho dessas funções ou seu nível hierárquico dentro do sacerdócio é limitado. A hierarquia existe em todos os sacerdócios e cada religião tem seus líderes, com deveres, vestuário, ritos e forma de transmissão do ofício sacerdotal. A transmissão pode através de castas, hereditário ou eletiva.

Politeísmo

Na história do politeísmo, um sacerdote administra o sacrifício a um deus, muitas vezes em um ritual altamente elaborado.

Sacerdotisas na Antiguidade, muitas vezes exerciam a prostituição sagrada, e na Grécia Antiga, alguns sacerdotes como a Pitonisa, sacerdotisa de Apolo em Delfos, atuava como oráculo. No Egipto organizavam cerimónias para os Deuses e eram conselheiros do Faraó nas suas decisões.

No hinduísmo, o sacerdócio é exercido por uma casta: os brâmanes. O termo brâmane significa literalmente “aquele que realizou a divindade”. A maioria dos Brâmanes é conhecida por praticarem um vegetarianismo rígido, apesar de, atualmente, a prática ser baseada de acordo com a região.

No budismo, que nasceu do contexto hinduísta do norte da Índia, se entende através da figura carismática de Sidharta Gautama, o Buda, o qual, através da contemplação e da meditação, alcançou a iluminação e o estado superior (nirvana).

No judaísmo, os Kohanim são sacerdotes hereditários através da ascendência paterna. Estas famílias são da tribo dos Leviim (Levitas), e são tradicionalmente aceitos como os descendentes de Aarão. Em Êxodo 30:22-25 Deus ordena a Moisés que fizesse uma unção de óleo santo para consagrar os sacerdotes de todas as gerações que virão.

O judaísmo ortodoxo acredita que os Cohanim futuramente servirão em um novo e restaurado Templo. Em todos os ramos do judaísmo, os rabinos não executam quaisquer funções sacerdotais como propiciação, sacrifício, ou sacramento. Em vez disso, sua função religiosa principal é servir como um juiz autoritário e expositor da lei judaica. Os rabinos também geralmente exercem funções de liderança social e aconselhamento pastoral.

O sacerdote no Cristianismo

A Epístola aos Hebreus do Novo Testamento estabelece uma distinção entre o sacerdócio judeu e do Sumo Sacerdócio de Cristo, ensinando que o sacrifício de expiação de Jesus Cristo no Calvário substituiu o sacerdócio judeu e os seus sacrifícios rituais. Assim, para os cristãos, Cristo é o verdadeiro e sumo sacerdote.

A crença da maioria do cristianismo (incluindo a Igreja Anglicana, Católica Romana e Ortodoxa), o único sacrifício de Cristo, que ele ofereceu “uma vez por todas” (Hebreus 10:10), na Cruz, é feito presente através da Eucaristia, de modo que o único sacerdócio de Cristo se faz presente através do sacerdócio ministerial dos bispos e presbíteros, que são, portanto, por analogia e comparação, chamados de sacerdotes, em plena unidade com o sacerdócio de Cristo.

No protestantismo, o sacerdócio original termina com a morte e ressurreição de Jesus, especialmente com o rasgar do véu quando de sua expiação na Cruz. O sacerdócio continua, analogamente, na pessoa de todos os crentes, que são feitos intermediários entre Deus e os incrédulos, mas não sacrificadores.

O sacerdote no Islã

O surgimento do Islã no século VII.dC. e sua rápida expansão imporia uma nova teologia de face ao judaísmo e cristianismo. Islã reconhece como o único mediador, o Profeta Maomé, que recebeu o Corão das mãos de Allah (Deus) e foi delegado como responsável pela publicidade da verdadeira adoração de Deus a todos os povos.

No islamismo, todo homem é responsável pela sua própria disciplina interna no que diz respeito à sua relação com Deus e as funções do Imame não são outras senão aquelas de custodiar a disciplina religiosa e o estudo dos textos sagrados.