Surgimento

Entre 5000 e 4000 anos a.C., civilizações da América central e do México tornaram-se sedentárias e passaram a cultivar milho, feijão, abóbora e outros produtos. Por volta de 2000 a.C., surgiram centros urbanos, organizados em torno da caça, pesca e agricultura. Aldeia transformou-se em centros cerimoniais, especialmente com o culto à fertilidade. Destacou-se então a classe dos sacerdotes, que detinha a sabedoria e ficava com o excedente agrícola.

Localização

A região onde se encontraram evidências mais significativas da cultura olmeca foi a parte sul da planície costeira do golfo do México, situada entre-os-rios Papaloapan e Grijalva, aproximadamente a metade norte do Istmo De Tehuantepec. A esta região correspondem o sul do actual estado mexicano de Veracruz e o norte do estado de Tabasco.

Habitavam numa área pantanosa localizada próximo à costa leste do México, mais precisamente nas regiões banhadas pelos rios Tonalá, Blasillo, Papaloapan e Chiquito foram encontradas uma série de esculturas e peças de cinzelagem que remontam a um caráter diferente do Maia, diferente do Tolteca, diferente do Asteca, do Zapoteca, do Mixteca e do Teotihuacano. Peças que foram classificadas como olmecas. A partir dessas peças nos é passada toda uma série de informações através de interpretações arqueológicas que nos possibilitam intuir muitos dos aspectos da Civilização Olmeca. Por exemplo, existem 18 sítios arqueológicos com traços Olmecas em maior ou menor grau. Destes, três são muito superiores aos demais e, sendo assim são considerados os centros da civilização: La Venta, Tres Zapotes e San Lorenzo, pois foi, aparentemente, deles que se originou a expansão daquele povo rumo à conquista dos outros sítios. Além desses três sítios arqueológicos, existem outros quinze localizados em sua proximidade que podem ter sido Olmecas ou, ao menos, influenciados por este povo.

Origem e formação da civilização Olmeca

Etimologicamente a palavra “olmeca” significa povo da borracha em “ nauatle ”, em língua dos astecas, o termo povo da borracha remete para a antiga prática utilizada por eles de extrair “látex” de castilla elástica, uma árvore-da-borracha da região. A seiva de uma trepadeira local (ipomoea alba), era então adicionada ao látex para formar borracha pelo menos desde o século XVI a.C. não se sabe como se autodominavam os olmecas mas alguns relatos mesoamericanas posteriores parecem referir-se aos antigos olmecas, sendo outro termo para descrever a cultura olmeca “tenocelome”, que significa “boca de jaguar.”

No estrangulamento do istmo de tehuantepec, na sua parte costeira do golfo, e durante o primeiro milénio antes da nossa era, desenvolveu-se ali uma cultura que todos os especialistas consideram como o centro a matriz de todas as outras que brilham durante toda a época clássica da Mesoamérica, de III a X séculos. De resto estas últimas culturas não se enganavam pois aqueles que nelas viveram sempre se consideraram herdeiros dessa antiga civilização do golfo. E é verdade que os mais diversos testemunhados disso foram encontrados nas regiões mais diversas de Yuacatan, a Guerrero, de Tlatico ao monte Alben, e até ao Istmo do Panamá.

Origem dos olmecas

A civilização olmeca é considerada actualmente, por antropólogos e historiadores como uma civilização de origem da América, esta civilização só foi reconhecida muito tarde, isto por volta de 1862 do século XIX, quando foram encontradas diferentes esculturas gigantes que não poderia ser atribuídas a uma outra cultura pois não eram semelhantes a nada que se conhecia até então, mais tarde outras esculturas foram sendo encontradas até que se concluiu que só poderia ser de um outro povo ainda desconhecido, já no século XX é que se reconheceu a existência deste povo que se presume ter habitado ao longo da costa do Golfo do México, mais ou menos no ano 1000 a.C.

Por volta de 1200 a.C. surgira o que se considera como a primeira “civilização” americana: a dos Olmecas, na região do Golfo do México. No período entre 1200 e 900 a.C. emergiram os primeiros centros cerimoniais olmecas, como San Lorenzo e La Venta.

O desenvolvimento da civilização nesta zona provavelmente beneficiou da ecologia local de solos aluviais bem irrigados, o que permitia elevada produção de milho. Esta ecologia é comparável à de outros centros civilizacionais antigos: os vales fluviais dos rios Nilo, Indú, Amarelo e Mesopotâmia. Pensa-se que a densa concentração populacional em San Lorenzo encorajou o surgimento de uma classe de elite que eventualmente garantiu a dominância olmeca, fornecendo igualmente a base social necessária à produção de artefactos simbólicos e de um luxo sofisticado, os quais definem a cultura olmeca.

Organização social

A estratificação social dos olmecas encontrava-se estruturada da seguinte maneira: sacerdotes dirigiam as comunidades e viviam de impostos pagos por camponeses e artesãos.

Pouco se sabe da estrutura da sociedade de La Venta ou acerca do estado olmeca. A partir do tamanho e diversidade de La venta presume-se que a sociedade local consistia-se de uma classe de elite, uma classe de artesãos, e um grande grupo de trabalhadores e agricultores que suportavam estas classes.

A centralização demográfica leva os arqueólogos a propor que de um modo geral a sociedade olmeca era também ela mesma altamente centralizada, com uma estrutura fortemente hierarquizada, concentrada inicialmente em San Lorenzo e mais tarde em La Venta, com uma elite capaz de utilizar o seu controlo sobre materiais como a pedra para monumentos e água para exercer a liderança e legitimar o seu regime.

Organização política administrativa

São poucos os conhecimentos obtidos de forma directa sobre as estruturas social e política da sociedade olmeca. Embora a maioria dos estudiosos assuma que as cabeças colossais e outras esculturas são representações de governantes, não existe nada semelhante às estelas maias, onde são referidos os nomes de governantes específicos e as datas em que governaram.

Os centros cerimoniais olmecas não constituíam ainda cidades propriamente ditas, porém já possuíam organização social hierarquizada, ao nível de chefias e confederações tribais, tendo como líderes os integrantes da classe sacerdotal.

Apesar da sua dimensão, San Lorenzo e La Venta eram sobretudo centros cerimoniais, e a vasta maioria dos olmecas vivia em pequenas aldeias semelhantes às actualmente existentes em Tabasco e Veracruz. Estas aldeias encontravam-se situadas em terrenos mais elevados e consistiam de várias casas dispersas. Às aldeias maiores poderia estar associado um templo modesto. As habitações individuais consistiriam de uma casa, um anexo associado, e uma ou mais covas de armazenagem. Um quintal próximo era utilizado para cultivar ervas medicinais e aromáticas e para pequenas colheitas como o girassol domesticado. Árvores de fruto como o abacateiro e o cacaueiro, provavelmente estavam disponíveis nas proximidades.

Actividades económicas

Devido às condições climáticas da região olmeca a agricultura constituiu-se como a principal actividade da sua economia, pois trata-se de uma das regiões mais húmidas da América central, não existindo seca bem marcada, o factor preponderante do cenário olmeca diz respeito as inundações que ocorriam no período das chuvas, em que a água dos rios cobrem os locais mais baixos, com a supressão paulatina da água o solo se mostra como uma placa de rica lama para o plantio.

Apesar das margens dos rios serem utilizadas para a plantação de colheitas entre os períodos de cheias, provavelmente os olmecas praticavam também a agricultura de roça para limpar matas e arbustos, e para obter novos campos de cultivo quando os antigos se encontravam esgotados. Os campos de cultivo situavam-se no exterior da aldeia e neles cresciam milho, feijão, abóboras, mandioca, batata-doce, bem como o algodão. Com base no estudo de duas aldeias nos Montes Tuxtlas sabe-se que o cultivo do milho tornou-se progressivamente mais importante na dieta olmeca, apesar de a dieta ter permanecido bastante variada.

Um quintal próximo era utilizado para cultivar ervas medicinais e aromáticas e para pequenas colheitas como o girassol domesticado. Árvores de fruto como o abacateiro e o cacaueiro, provavelmente estavam disponíveis nas proximidades.

Agricultura como principal actividade económica dos olmecas

Das reflexões acima apresentadas, podemos portanto sublinhar que a economia da civilização olmeca era basicamente agrícola, visto que, situava-se numa das regiões mais húmidas da América central, onde usava técnicas rudimentares para a irrigação e adubação dos solos, o milho era o produto mais importante na dieta olmeca, num quintal próximo cultivavam ervas medicinais e aromáticas e o girassol domesticado, alem desta tinham como actividades complementares a caca, pesca, colecta de frutas e tubérculos, trabalhavam a pedre (basalto) o jade e a cerâmica. Assim como praticavam trocas comerciais com povos distantes, onde obtinham penas, peles e pedrarias, que transformavam em ornamento e objectos de arte.

Arte e Ciência

A Civilização Olmeca usara um calendário religioso de 260 dias, que funcionava junto com o civil de 365, havia sido copiado da civilização Zapoteca que, nasceu sob a influência Olmeca (os registros mais antigos indicam que os Zapotecas teriam começado a contar o tempo com seu calendário por volta do ano 600 a.C., justamente na mesma época em que se iniciou a expansão Olmeca de La Venta. O calendário era um imperativo que se disponha para observar os astros e que se tenha uma perfeita noção da passagem das estações, isso porque, sem esses conceitos, não se pode delimitar a passagem do tempo em ciclos que se repetem. Os Olmecas na sua época conheciam os espelhos côncavos confeccionados em hematita.

Os olmecas são acreditados com muitas criações, incluindo o jogo de bola mesoamericano, sangria sacrificial e talvez sacrifício humanos, escrita e epigrafia, e as invencoes do zero e do calendario mesoamericano. Os olmecas poderão ter descoberto e utilizado a bussula antes de 1000 a,C. e sugere-se que os olmecas poderao ter usado tais aparelhos para obterem orientação  direcional de habitações e enterramento.

As principais formas artísticas olmecas que sobreviveram ao passar dos séculos são a estatuária monumental e pequenas obras em jade. Muita da arte olmeca é altamente estilizada e usa uma iconografia que reflecte um significado religioso. Contudo, alguma arte olmeca é surpreendentemente naturalista, exibindo uma precisão relativamente à anatomia humana provavelmente apenas igualada na América pré-colombiana pela melhor arte Maia da era clássica. Motivos comuns incluem bocas descaídas e olhos mongólicos, ambos vistos como representações dos jaguares-homens

Cultura e religião

Em termos religiosos, fora ultrapassado o estágio simples do xamanismo e do culto aos antepassados, surgindo divindades (como o “homem-jaguar”) que terão longa influência na religiosidade pré-colombianas. No período olmeca se consolidara parte importante da tradição cultural mesoamericanas, sendo considerada a “cultura mãe” da região: aparecem a escrita hieroglífica e o calendário (astronomia), o culto ao jaguar, a arquitectura de pirâmides relacionada com os templos, o jogo ritual com bolas de borracha.

Sacerdotes dirigiam as comunidades e viviam de impostos pagos por camponeses e artesãos. O principal deus era o Jaguar, portador da terra, da chuva e da agricultura.

Alguns autores chegam ao ponto de identificar, na iconografia olmeca, divindades mais sofisticadas (como Xipe, deus da primavera e da renovação, revestido da pele de uma vítima esfolada; ou Ehécatl, deus do vento com bico de pássaro). Outros nele reconhecem os atributos da Deusa-Mãe, divindade da terra, associada ao culto das cavernas, lugares sagrados que simbolizam as múltiplas gargantas abertas pelas quais se chega ao inundo inferior.

Ideologia

O Las Lima era considerado como uma materialização importante da mitologia olmeca. O jovem segura uma criança jaguar-homem, enquanto quatro ser sobrenaturais se encontrava gravados nos ombros e joelhos do jovem.

As actividades religiosa olmecas eram levadas a cabo por uma combinação de governantes, sacerdotes a tempo inteiro, e xamãs. Os governantes eram provavelmente as mais importantes figuras religiosas, e as ligações às divindades consideráveis da existência de xamãs nos registos arqueológicos olmecas, particularmente as chamadas figuras de transformação.

O legado histórico da civilização Olmeca

Os olmecas deixaram para outras civilizações uma avançada técnica agrícola, um sistema de escrita e numeração, um calendário com ano religioso de 260 dias e ano civil de 365 dias; uma religião organizada; um jogo de bola; a arte de lapidar a pedra; e uma arquitectura religiosa.

Os olmecas difundiram uma cultura que alcançou toda a Mesoamérica, excepto a região do Ocidente. A pedra utilizada nos seus monumentos e construção era obtida em pedreiras situadas na Sierra de los Tuxtla de onde eram extraídos blocos de basalto e outras vulcânicas. Porém, estes locais encontram-se a cerca de cem quilómetros de locais como San Lorenzo e La Venta, o que por si só da uma ideia da organização necessária para movimentar blocos de rochas com dezenas de toneladas de peso através de solos pantanosos e sem o auxilio de animais de carga.

Os Centros Cerimoniais disseminaram sua influência tanto ao Norte como ao Sul, por meios pacíficos e belicosos de 1.200 ªC a 900 ªC. Os Olmecas conheciam a escrita, o calendário e conheciam o conceito do zero. Cultuavam as montanhas e as cavernas por onde acreditavam se chegaria ao mundo inferior. Iniciaram a construção dos Centros Cerimoniais em platôs aterrados constituindo o protótipo das pirâmides escalonadas. Cultuaram a Serpente emplumada como deidade associada à agricultura e ao jogo ritual com bolas de borracha. A simbologia religiosa do Jade e o próprio estilo artístico foi um de seus legados aos demais povos. Procuravam eternizar as datas importantes e seu conhecimento, através de ideogramas geralmente esculpidos em madeira, mas raros são os que chegaram aos tempos actuais, devido ao clima quente e húmido, desfavorável à conservação.

Centros Cerimoniais Olmecas necessitaram um gigantesco esforço de terraplanagem, que às vezes modificavam profundamente a topografia. A grandiosidade das construções demonstra esse esforço de construção, pois para se obter esses efeitos não utilizaram a roda, nem animais de tracção, usando apenas a força humana na busca das pedras em outras regiões. Além disso, construíam reservatórios em pedra, para acumular água para as estações secas que se comunicavam por uma rede de canais. Enormes blocos de basalto eram arduamente extraídos das pedreiras; depois transportados por meio de alavancas, toras e cordas até as embarcações fluviais e marítimas. No canteiro de obras eram entalhados e polidos sem auxílio de qualquer instrumento metálico, pois sua tecnologia, jamais ultrapassou o estágio “Neolítico”.

Apogeu e declínio

A cultura olmeca se consolidara parte importante da tradição cultural mesoamericana, sendo considerada a “cultura-mãe” da região: aparecem a escrita hieroglífica e o calendário (astronomia), o culto ao jaguar, a arquitectura piramidal dos templos, o jogo ritual com bolas de borracha, etc. Cultivavam, já com obras hidráulicas, o milho, feijão e abóbora. Em termos religiosos, fora ultrapassado o estágio simples do xamanismo e do culto aos antepassados, surgindo divindades (como o “homem jaguar”) que terão longa influência na religiosidade pré-colombiana.

A cultura Olmeca floresceu por volta de 1400 a.C., com um notável desenvolvimento das artes e da arquitectura. Essa época, foi marcada pela construção de pirâmides em centros cerimoniais, por pinturas refinadas e por enormes cabeças esculpidas em pedra, algumas com mais de 20 toneladas. Utilizaram também no apogeu um sistema de escrita e criaram o primeiro calendário.

Não se sabe com clareza o que provocou a eventual extinção da cultura olmeca. Sabe-se que entre 400 e 350 a.C., a população da porção oriental da Área Nuclear Olmeca decresceu fortemente, e esta área manter-se-ia pouco habitada até ao século XIX. Esta perda de população parece ter sido originada por factores ambientais: talvez resultado de mudanças nos cursos de rios importantes, ou do seu assoreamento devido às práticas de cultivo.

Qualquer que tenha sido a causa, poucos séculos após o abandono das últimas cidades olmecas, haviam-se estabelecido firmamente culturas sucessoras. O sítio de Tres Zapotes, na orla ocidental da Área Nuclear, continuaria a ser ocupado bem para além de 400 a.C., mas sem os traços típicos da cultura olmeca. Esta cultura pós-olmeca, frequentemente designada epiolmeca, tem características semelhantes às encontradas em Izapa.

 

Bibliografia

ARRUDA, José Jobson e PILLETI, Nelson. Toda a história: História Geral e História do Brasil. 4ª edição, Editora Ática. 1996, 408 p.

AAVV, Enciclopédia Britânica do Brazil, História geral das civilizações. Publicação Ltda, São Paulo – Rio de Janeiro Brazil, 1981, 891 p.

CARDOSO, Ciro Flamarion S. América pré-colombiana. São Paulo: Brasiliense, 1996, 75p.

COE, Michael. O México, história Mundial. Londres, Editorial Verbo, 1962.

DIEHL, Richard A. The Olmecs’s Firt Civilization. Londres, Thamaes & Hudson, 2004. 230 p.

FILHOS, Miguel Attie. A Civilização Olmeca. Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1998, 230 p.

GENDROP, Paul. A civilização Maia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.

JUNQUEIRA, Lucas de Faria. História de América I. Salvador, Faculdade de Tecnologia e Ciência – Ensino a Distância, 1998, 75 p.

SOUSTELLE, Jacques. A civilização asteca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.

VANDERWARKER, Amber. Farming, and Fishing in the Olmec World. Texas, University of Texas, 2006.

WWW. WIKIPÉDIA, a Enciclopédia livre.