A nível da produção

Antes, é preciso dizer que, com a chegada maciça do povo de origem Bantu houve imensa transformação na região Austral da África, portanto, após a fixação Bantu a economia era baseada na cultura de cereais onde no (I) Sul de Zambeze praticava se, mapira e mexoeira e essa a agricultura era acompanhada pela criação de gado bovino; (II) Norte do Limpopo até ao rio Zambeze, cultivavam eleusina e naxemim e arroz utilizando instrumentos rudimentares como enxadas de cabo curto, catana e paus. Como uma das formas de melhorara dieta alimentar, praticava se a pesca, a caça e a recolecção.

A nível das relações de produção

O trabalho era dividido segundo a idade e o sexo, onde as mulheres produziam para a família alargada e elas detinham da autoridade e controlo sobre os celeiros, mas, um dado muito relevante é que, eram excluídas da posse de bens valiosos e duradouros (gado).

Nestas comunidades, não existia a exploração devido a debilidade das forças produtivas agrícolas, há inexistência da produtividade privada da terra. O controlo da energia humana (não dos instrumentos de produção) é que ordenava as relações de produção. Nos locais onde a terra e os instrumentos eram abundantes e simples o homem era o principal factor de produção, o controlo do processo económico não repousava na apropriação dos meios de produção, mas sim no controlo do produtor e da sua produção, que garantia a produção da riqueza.

A nível da organização sócio-política

A relação de produção era baseada na estrutura linhageira e, cada família alargada ou linhagem era dirigida por um chefe (Mwene; Asyene) com poderes políticos, jurídicos e religiosos, os chefes era ajudados nas suas funções por um conselho de anciãos.

O poder político era hereditário e exercido pelos homens, passava do pai para o filho  mais velho no Sul de Zambeze e, no Norte, do tio materno para sobrinho. A terra era património das linhagens, não podia ser alienada, mas apropriada através da força militar. Os chefes e o conselho de anciãos constituíam a classe dominante e as massas (camponeses, povos estrangeiros recém-chegadas e os escravos domésticos) pertenciam classe dominada, onde por sua vez era obrigada a pagar o tributo.

A nível ideológico

As crenças mágico-religiosas constituíam armas de poder, manutenção da harmonia e da coesão social. Essas cerimónias eram realizadas por ancião-sacerdote num altar primitivo, de preferência numa árvore considerada sagrada, onde, os chefes comunicavam-se com os antepassados, para pedirem a protecção nas viagens e nas guerras e, além disso, pediam a chuva e boas colheitas, observavam alguns costumes no enterro dos mortos.

O indivíduo depois da morte transformava-se num espírito com características divinas. Os espíritos dos velhos eram os mais importantes. Os maus espíritos pertenciam aqueles que em vida possuíam um comportamento não aceitável. A crença na feitiçaria e curandeiros exprimia os conflitos sociais, a coesão moral, política e a dependência familiar.

Bibliografia

COVANE, L. Da comunidade primitiva ao Feudalismo., Editora Asa, Rio Tinto, 1989;

KI-ZERBO, J. História de África Negra. Volume 1, 4ª Edição, Publicações Américas – Europa, Portugal, 2000.