Factores da penetração europeia em África

A penetração mercantil europeia foi levada a cabo essencialmente por portugueses. Movidos por interesses económicos, sociais e religiosos ocupara e colonizaram Moçambique. Numa primeira fase ocuparam posições costeiras junto de pontos de comércio, mas mais tarde, foram para o interior, junto dos pontos de extracção de ouro.

Enquanto a penetração árabe só ambicionava comercializar com os nativos, a penetração portuguesa foi mais devastadora. Para além da comercialização, queriam também dominar e controlar tanto o comércio como a produção aurífera. Neste sentido, os árabes descontentes com a actuação portuguesa, entraram em conflitos com aqueles.

A penetração mercantil europeia, sobretudo portuguesa, foi movida por factores de diferentes ordens. Em primeiro lugar os portugueses tinham motivos económicos, depois seguiram-se os sociais e finalmente religiosos.

Fatores Económicos

Numa primeira fase, a causa da penetração mercantil europeia visava encontrar os mercados abastecedores de especiarias (canela, piripiri, cravo da Índia, pimento, a cifrão) que se localizavam no Oriente. Assim, a procura destes produtos estimulou a aventura europeia em busca do caminho marítimo para a Índia. A descoberta do caminho marítimo da Índia acabou viabilizando tal projecto e desaguarem na África, em especial em Moçambique. O declínio da taxa de crescimento agrícola devido aos maus momentos agrícolas na Europa; declínio do comércio devido ao elevado custo dos produtos orientais (especiarias, pimentas, gengibre, pérolas, anéis de prata, etc.).

Estes produtos tornaram-se caros na Europa devido à monopolização desse comércio por italianos, turcos e mouros. A carência dos metais entre os quais ouro e prata provenientes do norte de África devido à insegurança das rotas comerciais provocada por piratas do mar.

A nível político: guerras entre a Inglaterra e a França e lutas entre as cidades italianas pelo controlo das rotas de comunicação (mar);

A nível social: o elevado custo de vida provocado por uma crise generalizada e o aumento da população europeia, levou desta forma à procura de novas terras e riquezas fora da europa;

A nível religioso: a expansão do cristianismo e a missão civilizadora; o estabelecimento de uma cultura mouro-árabe criando um cerco ao mundo cristão. Os conflitos religiosos: a Igreja protestante (Reforma religiosa) contra a Igreja Católica Apostólica Romana (contra reforma religiosa).

Para sair da crise, a Europa precisava se expandir para outras terras e procurar rotas alternativas no sentido de diminuir a dependência aos italianos, mouros e turcos como intermediários do comércio com o Oriente. Foi assim que surgiu a primeira expansão marítima europeia no século XV, levado a cabo por Portugal e Espanha.

Pequeno quadro cronológico da expansão portuguesa

Ano Caraterísticas
1415 Conquista da Ceuta, importante mercado no norte de África
1488 Passagem pelo Cabo de Boa Esperança (Bartolomeu Dias)
1497 Vasco da Gama parte rumo à Índia
1498 Vasco da Gama chega a Índia tendo aportado antes em Moçambique
1505 Fundação da feitoria de Sofala
1507 Fundação da feitoria da ilha de Moçambique
1522 Conquista da ilha das Quiribas
1530 Fundação da feitoria de Sena e Tete
1544 Fundação da feitoria de Quelimane, chegada a baia de Maputo
1561 Padre Gonçalo da Silveira chega ao Império de Mutapa

 

Referencias

DHUEM. História de Moçambique: Parte I- Primeiras Sociedades Sedentárias e Impacto dos mercadores, 200/300-1885; Parte II- Agressão Imperialista, 1886-1830. 1ª Edição, Vol. I, Maputo, 2000.

KI- ZERBO, Joseph. História de África Negra. Mira Sintra, Publicações Europa – América; Vol. I, 3ª ed. 1999.

NEWITTI, Malyn. História de Moçambique. Edição, Publicações Europa – América, 1997

SOUTO, Amélia de Neves. Guia Bibliográfico para Estudante de História de Moçambique. (200/300-1930), Maputo, 1996.