Contextualização
Foi aprovada pela primeira vez pelo Conselho de Ministros, na sua 15ª sessão, de 12 de Outubro de 2004, a “Estratégia de Marketing Turístico 2006 – 2013”. A estratégia reflectia os objectivos emanados da Política do Turismo e Estratégia de sua Implementação, dos quais se destacam os seguintes:
a) Desenvolver e posicionar Moçambique como um destino turístico de classe mundial;
b) Contribuir para a criação de emprego, crescimento económico e para o alívio da pobreza;
c) Desenvolver um turismo económica e ambientalmente sustentável;
d) Participar no desenvolvimento e protecção da biodiversidade;
e) Preservar e disseminar os valores culturais e orgulho nacional;
f) Elevar a qualidade de vida de todo o povo Moçambicano.
Hoje em dia, pode se afirmar que as estratégias desenhadas pelo conselho de Ministro foram bem sucedidas uma vez que Moçambique situa-se 5ª posição dos países mais visitadas de toda a África e além disso, o turismo constitui uma fonte de emprego para milhares de Moçambicanos e de divisas por parte do Estado.
Conceitos básicos
Turismo – É uma actividade de serviços ou trabalhos que envolve acção de viajar, podendo ser por razões de lazer ou de actividades humanas que permite a realização dessas viagens.
Quando o turista realiza as viagens no interior das fronteiras do seu país esta perante o turismo interior e quando realiza fora das fronteiras do seu país esta perante o turismo internacional. A “turistificação” pode ser entendida como o processo de implantação, implementação e/ou de apoio da actividade turística em espaços turísticos ou com potencialidade para o turismo. A ferramenta para esse trabalho deve ser o panejamento estratégico integrado a actividade turística. A actividade de panejamento do turismo deve realmente ser encarada como inerente ao desenvolvimento do turismo. Começar um empreendimento ou uma destinação sem um plano que regulamente e organize as acções do homem sobre o sector turístico, sujeita a localidade ao enfrentamento de inúmeras situações negativas, capazes de levar a falência essa actividade.
A globalização trouxe vários benefícios à actividade turística, dentre eles o conhecimento das destinações, através da internet e a variedade de conhecimentos, ou seja, os turistas podem antecipar o conhecimento das localidades a visitar.
O processo de turistificação
Quanto ao processo de turistificação, verifica-se que são três os principais agentes:
- Os turistas;
- O mercado;
- Os planeadores e promotores territoriais;
Diversos lugares foram e ainda são inventados como lugares turísticos em função da prática espontânea de certos turistas, ou seja, sem a mediação directa do mercado. Nesses casos, são esses visitantes pioneiros que estão na base da transformação de determinado local em lugar turístico. O turista é considerado o principal e mais importante agente de turistificação, sem o turista não há turismo, ou seja, é necessário e importante sua presença. O turista é capaz de promover, vender, criar, produzir e inventar um lugar turístico, essa capacidade cabe somente a ele.
Turista
Refere se a uma pessoa que faz viagens para fora do seu lugar de residência habitual, por qualquer outro motivo menos de razões de trabalhos.
Agente principal do fenómeno turístico e, também o mais conhecido, o turista é responsável pelo momento inicial e mais subjectivo do fenómeno, na medida em que, levado por motivações as mais diversas e quase sempre pessoais, se desterritorializa temporariamente, afastando-se do seu entorno habitual de vida. Para tal, desloca-se para outros pontos do espaço em busca de oportunidades ímpares, que lhe permita fugir do stress do seu dia-a-dia e, de alguma maneira, recompor suas energia para retornar ao seu tempo de trabalho.
A partir do estudo do comportamento dos turistas americanos, na década de 1970, foi determinado um modelo com dois perfis pictográficos ideais opostos: os turistas homocêntricos e os turistas psicodinâmicos. O turista com características homocêntricas aproxima-se do turista pioneiro, ou seja, é o descobridor de novos destinos turísticos; o que busca se afastar do seu quotidiano em lugares radicalmente opostos ao seu lugar de vida.
Para alcançar esses lugares ainda não “descobertos” pela média não se incomoda com longos deslocamentos, muitas vezes utilizando-se de meios de transportes desconfortáveis. O importante para ele é desfrutar de lugares e paisagens ímpares e pouco conhecidos, onde pode entrar em contacto com um ambiente natural e cultural que lhe possibilite, mesmo que temporariamente, vivenciar a experiência diferenciada.
Por sua vez, o turista com características psicodinâmicas tende a ser introvertido, inseguro e, portanto, não gosta de correr riscos. Suas viagens são planejadas com antecedência, em sua maioria direccionadas para destinos turísticos conhecidos, próximos de sua residência, já consolidados no mercado, que possibilitem uma certa sensação de isolamento do quotidiano local. Não há interesse do turista em manter contacto com os moradores locais e, ele pouco se interessa por conhecer a cultura local. Quando muito, satisfaz-se em conhecê-la através de shows folclóricos especialmente preparados para ele. O turista psicodinâmico tende a repetir suas viagens; prefere retornar ao mesmo hotel, ao mesmo restaurante, pois isso lhe transmite uma sensação de segurança e de rotina.
O mercado
O segundo agente do turismo por nós indicado está directamente relacionado com a actividade económica que surge do fenómeno turístico e, vincula-se ao processo de apropriação do tempo livre do trabalhador pelo capital. No jogo das contradições entre trabalho e ócio e, entre tempo de trabalho e tempo livre, o capital encontrou uma excelente oportunidade para se reproduzir e se fortalecer.
Apoderando-se do discurso que prega a necessidade do lazer para a recuperação das energias necessárias para a continuidade do trabalho, o capital transformou o tempo livre em tempo de consumo e, o lazer em mais um produto a ser consumido. Esses agentes do mercado, conhecidos pela denominação de trade turístico, são os agentes produtivos da actividade turística. A partir das necessidades geradas pelos deslocamentos temporários do homem o capital, através dos seus representantes – empresário – mercantilizou o fenómeno e o transformou em mais uma actividade económica típica da actual sociedade de consumo.
O Estado
Partindo do entendimento de ser possível utilizar o turismo como uma ferramenta para a implementação de processos de desenvolvimento, especialmente aqueles que objectivam diminuir as desigualdades regionais, o Estado, através de suas diversas instâncias de poder público, procura estabelecer regras e normas para o sistema turístico sob sua área de actuação, de modo a regulá-lo e normalizá-lo dentro daquilo que parece ser a melhor forma para o atendimento das necessidades das populações residentes sem, entretanto, esquecer ou desprezar a lógica do capital. Nas últimas décadas, o fato económico gerado pelo turismo tornou-se parte integrante da estrutura governamental de muitos países, estados e municípios. Essa actuação do agente público no turismo pode ocorrer de maneira bastante diferenciada nos diversos níveis de governo. Desde o nível nacional até o nível local, a importância da sua actuação vem se revelando fundamental e sendo solicitada até mesmo pelo próprio agente produtivo, o mercado.
A intervenção do poder público no turismo pode seguir a seguinte directriz:
- Buscar a melhoria da sua competitividade económica
- Corrigir e organizar os direitos de propriedade da terra;
- Permitir uma visão integral do sector que observe e incorpore as suas externalidades
- Reduzir custos e incertezas;
- Apoiar projectos com elevados custos de capital e que envolvam novas tecnologias;
- Educar e informar.
Espaço Turístico
O espaço é o principal objecto de estudo da ciência geográfica. Nele, o homem expressa seu modo de vida, suas relações e suas necessidades. Para Santos (1988), o espaço é:
Um conjunto de objectos e de relações que se realizam sobre estes objectos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem de intermediários. Os objectos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço é resultado da acção dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais.
O turismo é uma dessas relações descritas por Santos e seu reflexo sobre o espaço se efetiva por meio da reprodução do espaço turístico. O principal objeto de consumo do turismo é o espaço geográfico.
Rodrigues (1999) define o espaço turístico como complexo e apresenta-o por meio das seguintes áreas: de dispersão (emissoras); de deslocamento e atracão (receptoras). Para a autora, nestas áreas “se manifesta materialmente o espaço turístico ou se reformula o espaço anteriormente ocupado. É aqui também que se consolida de forma mais acentuada o consumo do espaço”.
Elementos do espaço turístico
O espaço pode ser compreendido sob quatro aspectos interligados: forma, função, estrutura e processo (Santos, 1998). Visto que o espaço turístico reflecte as relações do homem com as viagens e as estruturas necessárias para que ela aconteça, estes mesmos aspectos do espaço geográfico são aplicados para compreensão do espaço turístico.
- Forma: expressa a fisionomia do espaço. Na abordagem da forma se apreende o arranjo dos objetos, ou seja, o padrão espacial. No turismo é representado nos ambientes urbano (logradouros, marcos, bairros, setores, bordas e roteiros) e rural (as unidades de conservação, áreas de proteção permanente, reservas legais, áreas agricultáveis, áreas de criação de animais, de extractivista e mineração).
- Função: propõe a decomposição do espaço turístico nos seus elementos: oferta, demanda, transporte, serviços, infra-estrutura básica, poder de decisão e de informação, sistema de produção e de comercialização. Mediante uma análise sincrónica, procura-se captar a participação de cada um na totalidade espacial, num determinado momento, ou seja, num tempo historicamente determinado. A partir dos atractivos turísticos e seus equipamentos pode-se observar a função turística.
- Estrutura: pretende expressar a acção e inteiração recíprocas entre os elementos, enfocando, a mútua dependência entre as partes e o todo, ou seja, a funcionalidade espacial. Exemplificada nos elementos da oferta turística como a infra-estrutura de apoio ao turismo, serviços e equipamentos turísticos.
- Processo: corresponde a uma categoria de análise diacrónica, objectivando investigar a evolução da estrutura. Visa captar o dinamismo do espaço que pode apresentar fases de estabilidade, de reformulação parcial ou de completa transformação, produzindo-se novos espaços. Expressado por meio da história, política, sociedade e impactos, influenciando e sendo influenciados pela produção do turismo no espaço.
Locais turísticos no distrito de Massinga
De acordo com a Referência Provincial na criação de Gado Bovino, produção de Hortícolas, Mandioca e destino Turístico preferencial (s/d, p.1), com uma linha de costa de 83km, o distrito de Massinga é propícia para o turismo de sol e praia. Distingue-se ao longo da costa alguns polos de exploração deste turismo nas regiões de Pomene (75km da Vila Sede), Morrungulo (23km da Vila Sede), Chibanhane (12km), Macachula (83Km) e Chiduca (15Km).
Diante dos locais supracitados, poder-se-ia escolher a zona turística de Morrungulo como ponto do estudo.
Localização da zona de Morrungulo
Morrungulo localiza-se a 23 km da sede distrital (Massinga) e faz parte do posto administrativo de Roveme. Para chegar a Morrungulo tem de passar por Massinga, depois a cerca de 7 Km encontra o cruzamento de Morrungulo e prepare-se para a picada.
Abandonado durante a guerra civil, Morrungulo foi recuperado pelos Mandela em 1992. Daí que o resort tenha ficado conhecido como Baía do Nelson. Há aqui zonas de mergulho fantásticas. Um deles é Baixos da Silvia com excelentes corais e uma profundidade que vai dos 10 aos 23 m. As outras duas opções igualmente muito boas são: Newyearsreef e Caves and Overhangs.
Constrangimentos do turismo em Morrungulo
Inhambane é uma das regiões de Moçambique mais cotadas no panorama turístico de alta qualidade, proporcionada por uma larga costa com 700km e terras do interior. Tendo em conta que a zona turística de Morrungulo tem como potencial turístico da província é constituído de Sol, Praias, Monumentos turísticos, Mesquita Velha, Museu Municipal, Igreja Católica, Estátua de Vasco da Gama, Praça da 1ª Constituição da República, Buracos dos Assassinatos e Gastronomia Local, Recursos Marinhos, Cultura Local, Lagoas e Dunas, Flora e Fauna, Aves, Ecoturismo, Lagoa de ágia salgada, Flamingos. Indicamos a seguir alguns constrangimentos para o desenvolvimento do turismo naquela parcela do país.
- Degradação dos estabelecimentos e equipamentos turísticos;
- Falta de pessoal com formação para prestar serviços a altura das exigências dos turistas;
- Necessidade de empregar mão-de-obra especializada no ramo turístico;
- Falta de informação, tecnologia no sector, ao nível de oferta e procura internacional;
- Ausência de uma actividade devidamente apetrechada neste sector.
Como tornar Morrungulo em um lugar potencialmente turístico
Os atractivos turísticos baseiam-se fundamentalmente na natureza, na história e na cultura mas são os elementos ou os factores naturais que, principalmente, originam a estruturação e organização da maior parte dos destinos turísticos. À medida, contudo, que o turismo foi evoluindo, estes elementos não perderam nem o seu significado nem a sua capacidade de atracção, mas surgiram novos atractivos e operaram-se transformações em elementos existentes, sem qualquer ligação ao turismo (caso das minas ou fábricas desactivadas), com o fim de dar resposta a novas solicitações da procura. Outros factores de atracção se têm desenvolvido em resultado da inovação, do progresso tecnológico e de novos estilos de vida. Para tornar Morrungulo um local potencialmente turístico deve-se continuar a promover:
O Festival de Morrungulo
De acordo com Boullón (2002), “o espaço turístico é consequência da presença e distribuição territorial dos atractivos turísticos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima para o turismo”.
O Festival turístico de Morrungulo acontece todos os anos no primeiro fim-de-semana de Dezembro, em Massinga, na província de Inhambane. Mais do que um momento de recreação, o festival está virado para a promoção das potencialidades turísticas existentes naquela região do país e que estão ainda por explorar.
Áreas de Conservação
As Áreas de Conservação como a de Zinave e a reserva de Pomene são consideradas no sector do turismo como a alavanca para o desenvolvimento de turismo no País devido a sua rica biodiversidade, endemismo das espécies, paisagens naturais e o estado menos perturbado dos seus ecossistemas terrestres e aquáticos naturais e que são de grande valor turístico.
ComunicaçãoEstrada e transporte
Segundo Direcção Provincial do Turismo s/d, p. 19), a estrada que liga a zona turística de Morrungulo com a estrada nacional (EN1) deve ser devidamente pavimentada. Esta é uma estrada de área vermelha muito estreita que não facilita a chegado dos turistas ao seu local de destino, razão pela qual devia-se pelo menos pavimentar e aumentar a sua largura. Deve se olhar no fluxo de transportes colectivos de passageiros com terminais e infra-estruturas para os utentes, registando-se muita procura de transporte rodoviário, devido sobretudo ao turismo. Apesar de maior fluxo de transporte de passageiros, a única via que liga Morrungulo da EN1, não tem transporte especial ou táxi que possa satisfazer os turistas 24 horas.
Aeródromos
Um outro meio de comunicação que poderia catapultar o turismo nesta parcela do país, é a instalação de um aeródromo que facilitaria o deslocamento dos turistas que queiram explora além da beleza natural de Morrungulo. Se tivesse um aeródromo a ligação entre Pomene Lodg ou mesmo com o Parque nacional de Zinave seria muito simples.
Instalações financeiras
A presença de um banco facilitaria a vida dos turistas assim como os proprietários dos estabelecimentos turísticos, visto que facilitariam o débito e crédito da moeda assim como as transferências bancárias. Além de facilitar os débitos e créditos, no caso de turistas internacionais o banco facilitaria o cunho da moeda. Evitando assim o deslocamento a vila da Massinga.
Sector de Promoção
Deve-se prever na área de execução de marketing nomeadamente actividades de promoção turística de modo efectivo, tendo em conta o segmento alvo de mercado, ao invés de se proceder a distribuição em massa. Ainda neste sector, deve haver avaliação regular qualitativamente e quantitativamente para testar a eficácia da promoção.
Desenvolvimento do Produto e sua Qualidade
Segundo Direcção Provincial do Turismo (s/d, p. 22), uma das restrições chave ao crescimento do turismo é a ausência de “coisas” para fazer fora do ambiente do “lodge” (lotcha). Através do apoio a produtos de turismo comunitário (CBT) nas redondezas das zonas-chave de turistas, dever-se-á oferecer aos turistas a possibilidade de envolvimento em actividades adicionais, bem assim, experimentar a lendária hospitalidade de Inhambane.
Formação e Capacitação dos Recursos Humanos
Existem várias organizações internacionais que apoiam os esforços de desenvolvimento de Inhambane, no entanto, a falta ou, a interacção & comunicações limitada resultaram em duplicações, ou em muitos casos o reconhecimento ‘depois-do-facto’. Além do mais, constata-se falta de cultura de avaliação dos resultados destes programas de formação. A prioridade na formação em matéria de turismo para a comunidade local em geral é o desenvolvimento das habilidades em áreas que abaixo mencionadas e gestão intermédia para os vários sectores de hospitalidade e turismo. (DIRECÇÃO PROVINCIAL DO TURISMO: s/d, p. 27).
Lista de áreas de desenvolvimento das habilidades profissionais
Línguas Estrangeiras com particular atenção ao Inglês | Empregados de quartos/governantas |
Cozinha | Guias de turismo |
Restaurante/bar | Gestão de alojamento |
Recepção/atendimento | Gestão de restaurante |
Método de melhoramento de artesanato com ênfase na qualidade | Agentes de viagem |
Método de melhoramento de apresentação e marketing dos produtos locais (embalagem, higiene e exibições) | Gestão de marketing |