A palavra Karst foi inicialmente empregada para designar a morfologia regional da área de calcário maciços situada nas proximidades de Rjeka (Iugoslávia).

Actualmente, é um termo de sentido amplo empregado para designar as áreas calcárias ou dolomíticas que possuem uma topografia característica, oriunda da dissolução de tais rochas. O principal aspecto de uma área cársica é a presença da drenagem de sentido predominantemente vertical e subterrâneo, resultando na completa ausência de cursos de água superficiais.

O relevo cársico ocorre predominantemente em terrenos constituídos de rocha calcária, mas também pode ocorrer em outros tipos de rochas carbonáticas, como o mármore e rochas dolomíticas.

Esquema simplificado de um modelado cársico numa formação calcária, resultante da acção dissolvente da água. A – Dolina; B – Campos de lapiás; C – Gruta com rio subterrâneo; D – Estalagmite; E – Estalactite; F – Algar; G – Exsurgência.

Para que haja o pleno desenvolvimento do modelado cársico, é necessário a existência de algumas condições básicas, cujas principais:

A existência, na superfície ou próximo dela, de considerável espessura de rochas solúveis. A rocha deve ser acamada em bancos delgados, fissurada e fracturada para Qualquer tipo de estrutura geológica, desde as horizontais até às dobradas e falhadas, pode ser envolvida.

O tipo de rocha mais comum que preenche as especificações acima é o calcário, que é acamado, maciço, puro, duro, consolidado e cristalino. A dolomite pode apresentar características suficientes, mas não é tão facilmente dissolvida como o calcário.

  • A região deve receber quantidade moderada de precipitação, pois a dissolução da rocha só pode se efectuar se houver água em quantidade suficiente. Nas áreas húmidas, a presença de vegetação densa auxilia a dissolução pela água pluvial, pois a quantidade de CO2 existente no solo pode chegar a ser quinze vezes a de existente na atmosfera. Nas áreas áridas e semi-áridas, que apresentam terrenos calcários, a morfologia cársica é pobremente desenvolvida, embora mostrando alguns aspectos, e por vezes pode estar totalmente ausente.
  • A amplitude topográfica, ou a altura da área acima do nível do mar, deve ser elevada para permitir a livre circulação das águas subterrâneas e o pleno desenvolvimento das formas cársicas. É essencial que água subterrânea possa se escoar através do calcário, efectuar o seu trabalho de dissolução e energia nos rios superficiais.

As formas características do modelo cársico

A família de formas cársicas é muito variada, e as mais importantes e comuns são:

  • Lapies (ou lapiaz) – corresponde às canelaras ou sulcos superficiais nas rochas calcárias. Elas podem estar recobertas por uma camada de solo (“terra rossa”) ou aflorarem a céu aberto. As cristas entre elas são muito agudas devido ao recortamento de suas paredes laterais.
  • Dolinas – são depressões fechadas de formato aproximadamente circular, formadas pela dissolução da rocha no terreno abaixo dela ou também por desmoronamento do teto de cavernas.
  • Poljé – são depressões de grande extensão, caracterizadas por terem o fundo plano. Desenvolvem-se sempre nas proximidades do nível freático, evoluindo principalmente no plano horizontal, por dissolução das faces laterais da depressão. O fundo dos poljés é por vezes utilizado para cultivo, e às vezes apresentam caudais fluviais. Quando estes são incapazes de absorver a água da chuva, convertem-se em lagos temporários comes cársicos – correspondem às protuberâncias cónicas ou aos pontões que caracterizam o modelo cársico nos tópicos húmidos, pontilhando as planícies que se desenvolvem por causa da acumulação de detritos.
  • Cavernas – constituem um traço comum em todas as áreas cársicas. O movimento da água nos calcários é controlado pelas variações litologicas e pelas linhas de falha e de fractura. Uma caverna é um leito natural subterrâneo e vazio, podendo estender-se vertical e horizontalmente e apresentar ou mais níveis.

Os minerais removidos da rocha sobre a caverna, ao precipitarem e cristalizarem criam espeleotemas, as formações rochosas típicas das cavernas, entre as quais as mais conhecidas são os estalactites e estalagmites.

A hidrologia cársica

A hidrologia cársica caracteriza-se pela ausência de cursos superficiais. A circulação das águas cársica tende a se aprofundar; nesse aprofundamento, as galerias superiores encontraram-se ameaçadas pelas inferiores. Se uma fissura vertical, ou próxima dela, interliga dois níveis de galerias, a água pode abandonar o nível superior.

Isto acontece quando a capacidade do débito da ressurgência ultrapassa a totalidade dos débitos infiltrados.