O positivismo do filósofo francês Augusto Comte (1798-1857) é uma das bases em que se apoia a ciência moderna. O positivismo é uma linha de pensamento filosófico que considera o estudo dos factos concretos sem qualquer intervenção metafísica, isto é, enfatizando a experiência empírica.

O positivismo forneceu as bases do método científico, sobre o qual se apoia a ciência e no qual a ciência foi buscar a sua união. Para chegar ao objetivo, deve a ciência criar e verificar hipóteses com o objetivo de estabelecer leis gerais, que não sejam específicas a apenas um determinado conjunto de circunstâncias – isto é, leis que possam ser usadas em qualquer investigação. A teoria da evolução de Darwin foi um dos pilares da moderna abordagem científica, porque as suas leis podem ser aplicadas a todos os seres vivos.

Segundo Oliveira, 1976, a Geografia moderna, desenvolvida após a década de 40, estabeleceu quatro campos de estudo principais:

Espacial – refere-se às relações que ocorrem na superfície terrestre;

Área – as características do lugar ou da região;

Terra – que considera as relações do homem com o seu ambiente (que é a Terra, como planeta, onde vive o homem);

Ciências da Terra – descreve a explica os aspectos naturais da superfície da Terra.

A moderna abordagem da geografia regional usa métodos científicos e integrados para estudar os componentes físicos e humanos e não mais os considera separados. Não usa, necessariamente, a teoria de sistemas, mas pressupõe uma integração de factores geográficos.

Para poder estudar todo esse conjunto de factos, a Geografia foi buscar apoio em outras ciências. Mas uma disciplina não vira ciência apenas sistematizando ou buscando dados em outras ciências. Antes de mais nada, ela precisa empregar o método científico, fazer comparações, enunciar e verificar hipóteses.

Ao situar o seu campo de estudo tanto nas ciências humanas quanto nas naturais, a Geografia fica sem um lugar específico para se abrigar, ela tanto é geociência, quando estuda a superfície da Terra, como é ciência humana, quando estuda o homem e o papel que ele exerce no meio físico.

Habilmente, os geógrafos resolveram o problema a Geografia se situa num ponto eqüidistante entre as ciências da terra e as humanas. Por esta razão, ela busca dados e conhecimentos nos dois extremos.

Desta forma, principalmente após os anos 40, as outras ciências influenciaram enormemente o desenvolvimento da geografia. Os diversos campos da Geografia se consolidaram, desde então. Por um lado, este fato a fragmentou, e os geógrafos se esqueceram de que ela é única, o que dificultou o estabelecimento do seu objeto e do seu objetivo. Cada uma das geografias, entretanto, desenvolveu o seu próprio objeto de estudo, o seu método e o seu objetivo. Por outro lado, isto permitiu a criação de um corpo de idéias muito sólido em cada uma delas e cada um dos ramos evoluiu conceitualmente estabelecendo métodos de pesquisa próprios na Geografia física e na humana.

A Geografia partiu, então, para estabelecer o seu método de trabalho, para procurar um objeto de estudo que na Geografia era estanque, isto é, a região era estudada segundo os factores físicos e humanos, em separado. o homem e a natureza não eram vistos em separados, mas um influenciando o outro. Entretanto, primeiro devia-se abordar os aspectos físicos e, só então, estudavar-se os humanos. Por que a Geografia era a ciência dos lugares e não dos homens” (Christofoletti, 1983).

A Geografia sempre foi uma ciência de síntese. Nos tempos de Alexandre von Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859), a Geografia preocupava-se com a integração dos elementos, ambos diziam que a natureza e o homem andavam juntos, um influenciando o outro. Ritter, disse que a natureza era formada por elementos que se completavam, aos quais chamou de sistemas, e que o homem não podia ser separado deles.

O estudo de todos os elementos de um lugar ou de um todo dentro de um ponto de vista conjunto, integrado. Na geografia, o estudo sintético resulta do conhecimento das relações que os elementos mantêm entre si. Por sua vez, as relações derivam de um conjunto de processos e mecanismos contidos num meio organizado. Uma região, objecto de estudo da Geografia Regional, tem uma organização muito clara. É esta organização que vai, quando os elementos biológicos e físicos interagem, originar a região. A região, por seu turno, é constituída por inúmeras paisagens geográficas, que se originam da mesma forma. Para Cholley Christofoletti (1983), a organização é a base de toda região e, pois, de toda paisagem. Não se forma uma região se os seus elementos estão desorganizados.

Devemos ter em mente, contudo, que síntese não significa estudar as partes do todo em separado e depois juntá-las para organizá-lo. O estudo sintético compreende o estudo do todo em suas partes componentes. Isto é, o estudo parte da integração das partes dentro do todo.

O estudo sintético ou integrado não significa dividir o todo em suas partes componentes e estudá-las em conjunto. Na geografia, uma paisagem é estudada e maneira a relevar grupos de características mais ou menos homogêneas, que se reúnam num determinado lugar. O estudo integrado da paisagem mostrará, naturalmente, que os diversos grupamentos de características semelhantes exibem diferenças entre si. Então, originam-se, nessa paisagem, conjuntos de características específicas. Esses grupos formarão o todo da paisagem. A síntese geográfica é, pois, o estudo conjunto do todo.