Se definir industria não é tarefa fácil, menos o é estabelecer uma classificação da mesma, pois os critérios da classificação das indústrias são bastantes diversificados. Inerente a essa problemática, associa-se a variedades de indústrias existentes e as múltiplas características que elas apresentam, o que torna difícil estabelecer uma classificação objectiva. Assim, podemos enumerar um leque de critérios utilizados para classificar as actividades industriais, nomeadamente:

De acordo com o estágio de elaboração da produção

 Neste critério podemos reconhecer: as indústrias de base- que são aquelas que usam matérias-primas brutas (minerais ou produtos energéticos) e as transformam em produtos brutos ou semiacabados, param serem empregues por outras indústrias que realizam os produtos acabados. Estão neste caso a siderurgia, à metalurgia do alumínio e outros metais não ferrosos, a carboquímica, a indústria de cimentos, etc.

De acordo com a finalidade ou destino dos produtos (bens) produzidos

Temos: indústrias de bens de produção ou de capital – são frequentemente também designadas por indústrias de bens de equipamento, que correspondem aquelas que produzem e fornecem matérias destinados a fins produtivos. Engloba, portanto, quer as que produzem bens destinados a outras industrias (matérias-primas, energia, maquinas ferramentas, etc.) quer as que fabricam material a ser utilizado por outras actividades económicas (material ferroviário, maquinas agrícolas, camiões, navios, etc.) Também são designadas são designadas por indústrias de base ou pesadas. Por outro lado, temos as indústrias de bens de consumo que são as que transformam as matérias-primas brutas ou semiacabados em produtos destinados ao consumo directo pelas populações. Nesta categoria, temos as indústrias de bens de consumo imediato (ou não duráveis) que compreende a indústria alimentícia, têxtil, de calcados, etc. E as indústrias de bens de consumo duráveis onde se incluem a indústria automobilista, eléctrica, móveis, etc. Com efeito, alguns dos seus ramos são difíceis de classificar com exactidão, uma vez que fornecem, simultaneamente, bens de equipamento e bens de consumo. Por exemplo: a indústria automobilística fornece veículos para o uso particular (bens de consumo) e veículos utilitários (bens de equipamento). Igualmente, a indústria de definição petrolífera fornece matérias químicas a outras indústrias (bens de equipamento) e produtos para consumo directo, como por exemplo, a gasolina para automóveis particulares (bens de consumo). Enfim, são imensas as indústrias que podem ser consideradas simultaneamente indústrias de equipamento e de bens de consumo.

De acordo com a natureza da matéria-prima utilizada

Tem-se o critério tradicional ou clássico, o que categoriza as indústrias nas seguintes tipologias: industria extractiva, transformadora e construtora.

As indústrias extractivo

 Compreendem aquelas que estão ligadas directamente à extracção dos recursos naturais como, por exemplo, a indústria mineira, a qual retira e elabora minérios a partir de jazigo em produtos acabados ou semiacabados que serão posteriormente utilizados para vários fins. Paralelamente à indústria mineira, destacam-se a indústria extractiva florestal e a indústria pesqueira.

Indústrias transformadoras

 São aquelas que elaboram, a partir de matérias- primas brutas ou semi-elaboradas, produtos acabados ou semi-elaboradas com destino a outras indústrias ou ao consumo final. São portanto extremamente diversificadas, lançando nos mercados uma infinidade de produtos: automóvel, electrodomésticos, mobiliário, maquinas variadas, produtos farmacêuticos, alimentos, etc. Mas é importante considerar que, na verdade, todas as indústrias são transformadoras, uma vez que laboram matérias – prima bruto ou não, em produtos já acabados para a ulterior utilização. Neste contexto, afirmar que existe indústria transformadora é uma questão óbvia, facto que nos permite constatar que tal nomenclatura não nos parece muito precisa e objectiva.

As indústrias de construção cível e obras públicas

São as que produzem materiais (edifícios, pontes, barragens, estradas, etc.) e a sua analogia é grande, pelos meios e métodos de produção, com o conjunto das outras indústrias. Todavia, apresentam duas diferenças essenciais em relação as industrias transformadores: não são transportáveis, não podendo, consequentemente, ser deslocadas para os locais de consumo.

De acordo com as afinidades tecnológicas

Nesta categoria encontramos a indústria de ponta, que se encontra, presentemente, na vanguarda de progresso técnico. Esta utiliza tecnologias altamente evoluídas, recorre a uma constante e dispendiosa pesquisa científica, muitas vezes em ligação com centros de investigação, institutos tecnológicos, laboratórios, universidades e complexos militares. Emprega mão-de-obra altamente qualificada (engenheiros, investigadores, especialistas e outros quadros superiores) e labora produtos de alto valor unitário. De entre as indústrias pertencentes a essa categoria, temos a destacar as seguintes: industria electronuclear, indústria de informática (computadores e telemática), indústria farmacêutica e de actividades ligadas à saúde (genética, bioquímica e biotecnologia, etc), indústria aeroespacial, entre outras.

De acordo com o peso da matéria-prima

Nesta, temos as industrias pesadas e as ligeiras ou leves. No primeiro caso, fazem parte desta categoria as industrias que trabalham grandes quantidades de matéria-prima de pequeno valor em relação ao peso. Ex: indústrias de construção naval, de produção de material ferroviário, de produção de cimento, etc. No segundo, são as indústrias cujo produto final é de grande valor em relação ao peso. Ex: Fabrica de calçado, televisores, mobiliário, etc.

Paisagens industriais

Cada paisagem industrial tem a sua fisionomia própria que resulta do tipo de actividade industrial predominante, do aspecto e idade das suas fábricas, das relações com a população e das diferentes fases de desenvolvimento por que passou. Assim, as paisagens industriais dizem respeito à forma como as industrias se circunscrevem geograficamente no espaço. Portanto, apesar de cada paisagem industrial possuir a sua característica típica, ou seja, a sua originalidade, elas classificam-se em várias categorias, baseando-se nos seguintes critérios: a localização, a idade dos estabelecimentos industriais, o tipo de actividade, o nível de desenvolvimento e a dimensão espacial.

Deste modo temos: negras, paisagens industriais urbanas, industriais portuárias, regiões industriais, complexo industriais e indústrias dispersas.

Regiões negras

As regiões negras são também conhecidas por regiões clássicas. Estas são as paisagens típicas do início da Revolução Industrial que surgiram junto as minas de carvão (Escócia, bacia de Ruhr, Nordeste dos EUA, entre outras) enegrecidas pelos fumos das chaminés das fábricas de aço, altos-fornos, centrais térmicas, fábricas de produtos químicos que poluem o ambiente, juntamente com o ruído fabril.

 A designação das paisagens negras foi atribuída pela primeira vez as paisagens inglesas junto as bacias hulhíferas, em oposição à Inglaterra verde. Estas regiões clássicas caracterizavam-se, igualmente, pelas paisagens de fábricas e bairros habitacionais de operários, cortados por vias-férreas, estradas e canais por onde circulava um intenso trânsito de pessoas e produtos.

A substituição do carvão pelo petróleo veio introduzir profundas alterações nesta paisagem, e as antigas fábricas entraram em declínio ou foram abandonadas, cedendo lugar a novos bairros de residências, zonas verdes e industrias novas. Portanto, é o início de uma nova organização e ordenação do espaço, uma vez que o desenvolvimento dos transportes possibilitou a deslocalização da indústria para novas áreas.

Paisagens Industriais Urbanas

As grandes cidades atraíram sempre a indústria, existindo mesmo grandes cidades e ou civilizações que floresceram através de actividade industriam. É nas cidades que o empresário industrial pode encontrar capital, mão-de-obra e consumidores.

As indústrias localizadas no centro da cidade estão cada vez mais a serem desalojadas em direcção à periferia, por um conjunto de factores, tais como: o elevado custo do solo urbano, a poluição, segurança, congestionamento de tráfego e impossibilidade de expansão e de circulação de veículos pesados. Contudo, no interior da cidade ainda se mantem algumas industriam dispercas, dado que exigem mão-de-obra altamente especializada, como, por exemplo, as tipografias, as oficinas demovem, ourivesaria, marcenarias, etc.

Nas cidades dos países em desenvolvimento não é tão nítida esta distinção entre as áreas industriais e os bairros operários. De uma maneira geral existe uma harmonia entre as actividades industriais e as estruturas urbana, verificando-se uma selecção nos estabelecimentos por áreas indústrias específicas, no quadro de um urbanismo funcional e cada vez mais rigoroso.

Industrias Portuárias

São indústrias cujas matérias-primas ou produtos são respectivamente importados ou exportado por via marítima ou fluvial, localizando-se, por isso, junto aos portos. As indústrias pesadas (industrias siderúrgicas, refinarias de petróleo, construção naval, fabrica de cimento, de alumínio, etc.) de pesca e seus derivados (conservas, congelação de pescado, farinha de peixe e adubos), etc.

Nos países subdesenvolvidos, a implantação de indústrias transformadoras nestas áreas, que recebem algumas matérias-primas do interior, ex: (amendoim, copra, café, açúcar,), tem a finalidade de exportar produtos, geralmente numa primeira fase de elaboração.

Regiões Industriais

A concentração especial da indústria acontece sempre que varias unidades industriais se associam num espaço limitado. As unidades industriais reparam-se então por áreas específicas denominadas regiões industriais.

Nas regiões industriais suburbanas, dois factores contribuem para associação das indústrias.

O primeiro é a questão dos preços dos terrenos, que diminuem com o afastamento do centro da cidade. O segundo é o desenvolvimento da rede viária e dos transportes, que leva à localização preferencial nestas áreas, sobre os eixos suburbanas.

A navegação fluvial e marítima pode igualmente, pelas infra-estruturas que oferece, engendrar regiões industriais mais segundo modalidades um pouco diferentes.

O seu tamanho é muito friável, dependendo da dimensão das unidades, da quantidade de indústria, do tipo de equipamento e do nível de desenvolvimento atingido.

Complexos industriais

Por complexos industriais entende-se as áreas destinadas a produção industrial, dotadas de infiras-estruturas (redes de água, esgotos, energia, transportes e meios de comunicação) de grande dimensão, com entalações adequadas e com organização previamente estabelecidas, mais que excluam as residências de trabalhadores.

 Os complexos industriais são formados por agrupamentos de industrias que funcionam com complementaridade, na medida em que reúnem actividades que se completam e aproveitam em comum disponibilidades técnicas, económicas e financeiras. São essencialmente áreas vocacionadas para a produção, como é o caso da bacia do Ruhr, a região nordeste da Franca (Lille Roubaix e Tourcoing) e o complexo industrial da Pensilvânia, nos EUA.

Existem complexos industriais em países altamente industrializados e em países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos os complexos indústrias surgem em função da solidariedade técnica.

O exemplo disso é a empresa Boeing, que organizou um espaço integrado de industria de alumio e variadas industrias de bens de equipamento, estabelecendo um complexo de industria subsidiarias da industria aeronáutica, ou ainda o caso da industria de automóvel Ford, que produz num grande complexo industrial a volta de Detroit (que entrou em declínio muito recentemente por causa da crise mundial).

Indústrias dispersas

Alguma indústria difunde-se tanto no espaço rural como em pequenas cidades pois são indústrias que possuem um ambiente próprio.

Os tipos mais comuns de indústrias dispersas são: indústria metalúrgica e extractiva, localizadas preferencialmente junto à fonte de matéria-prima e energia, neste caso jazigos mineiros, as agro-indústrias, distribuídas preferencialmente junto aos terrenos e espaços agrícolas.

Temos ainda as indústrias de celulose ou pasta de papel que também tem, tendência para se implantar junto as florestas devido a natureza bastante volumosa da matéria-prima, que é pesada e de maior desperdício, as indústrias de explosivos e a nuclear que se localizam em regiões muito distante dos centros populacionais devido a questões de segurança e ambiente.

Por vezes, os governos, através de planos a curto, médio e longo prazo contribuem para a dispersão da indústria como forma de evitar o desequilíbrio regional em termo de desenvolvimento socioeconómico.

Principais regiões do globo

A actividade industrial está distribuída geograficamente de forma heterogenia no globo, predominando, no hemisfério norte. No hemisfério sul existem machas dispersas e descontinuas.

Assim, podemos dizer que o mondo si dividem entre os países industrializados, situados no hemisfério norte, e os países menos industrializados, no hemisfério sul. As principais regiões industriais são as que si seguem:

Nordeste e centro dos EUA

É a mas importante região industrial do mundo, pela sua abundante riqueza em minérios diversos (carvão, ferro, gás natural e petróleo). Destacam-se os grandes centros urbanos e industriais de Boston, Filadélfia e Baltimore. Destacam-se ainda, no centro dos pais, Chicago e Detroit (o maior centro automobilístico do mundo) e, no litoral Oeste, São Francisco, São Diego e Los Angeles. No sul de pais, destaca para a Florida (onde se localiza a base de lançamento de foguetões e naves espaciais de Cabo Canaveral); Nova Orleães, Houston e Dallas, com refinarias de petróleo, petroquímica, metalurgia, de alumínio têxteis, electrodomésticos e electrónica.

Canadá

O Canada constitui igualmente um dos centros de forte de concentração industrial, com uma grande diversificação de indústrias, desde as de celulose, petroquímica e de extração mineira.

Os mais importantes centros industriais são Toronto, Otava, Quebeque, Montreal, Windsor e Vancouver.

América central e do sul

Na América Central e do Sul, os grandes centros industriais são o Golfo do México, Brasil, Argentina, Venezuela, e Chile. O Brasil tornou-se a primeira potência industrial da América Latina.

A indústria Brasileira encontra-se localizada, na sua maioria, na fachada oriental, desde o Cabo de S.Roque ate quase à fronteira com o Uruguai. É aí que se concentram as maiores riquezas agrícolas e do subsolo e também a maio0r parte da população brasileira. O sudeste é a região vital do Brasil, com indústria de siderurgia, construções mecânicas, petroquímica, refinarias de petróleo, construção naval, indústrias alimentares, electrónica, o São Paulo é o colosso industrial do Brasil e da toda a América Latina. No Sudeste brasileiro destacam se ainda o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santos, Curitiba, Porto Alegre e Volta Redonda. No Noroeste, todavia, a uma fraca industrialização, estando esta circunscrita às indústrias alimentares, têxteis, refinação de petróleo e montagem de automóveis.