Etimologicamente a agricultura, vindo do latim ager que significa campo e culture cultivado. Hoje a agricultura é a ciência aplicada de cultivar. Ela pode ser definida como a actividade desenvolvida pelo Homem tanto no meio rural quanto no meio urbano, que consiste na exploração racional do solo, para obtenção directa dos produtos vegetais  ou, indirecta através da criação de animais para alimentação ou fornecimento da matéria prima.

Recolecção no Paleolítico

Paleolítico é o período da humanidade em que os homens faziam da pedra lascada os seus principais instrumentos. Esta época durou mais de 2 milhões de anos, desde que o homem apareceu na terra até que aprendeu a produzir os seus alimentos usando novos instrumentos. No período Paleolítico o Homem vivia essencialmente da pesca, caça e recolecção, era nómada deslocando-se em função das estações do ano consoante escassez ou abundância de alimentos, movimentando espontaneamente de acordo com que a natureza lhe proporcionava, desconhecia o cultivo das plantas e domesticação dos animais, apresenta uma economia de subsistência.

Quando falamos de nomadismo não devemos supor porém que os grupos humanos estavam em constantes movimentos. O estudo das grutas e cavernas que serviam da habitação aos Homens do Paleolítico permite concluir que sobretudo em regiões e em épocas frias grande parte da sua vida seria passada nesses abrigos.

A existência de lareiras, abundâncias de seixos trabalhados, acumulação de restos ósseos e as pinturas que no paleolítico superior decoraram no interior dessas grutas leva a concluir que tal tenha acontecido. O homem na sua fase recolectora estava consequentemente condicionado pelo clima e pelos movimentos migratórios das espécies animais de que se alimentava. A vida nómada explica-se, pois, facilmente, se meditaram nos condicionalismos que a natureza lhe impunha.

A  agricultura surge por mera curiosidade natural de Homem que a partir das suas observações vai acompanhando o desenrolar dos acontecimentos da natureza e vai tentando emita-la. A agricultura surge por necessidade provavelmente devido a escassez dos seus recursos alimentares por causas das mudanças ambientais (climáticas), verificada nos finais do Paleolítico e assim na luta pela sobrevivência o homem começa a aguçar paus e pedras e lança a semente à terra esperando seguidamente que produza. Enquanto espera o Homem encurrala os animais que produzem novas crias e deste modo surge a domesticação

O início da agricultura coincidiu então com a passagem do nomadismo ao sedentarismo. A passagem do estágio de recolector e caçador ao estágio de pastor e agricultor teria começado entre os anos 1000 e 7000 a.C., em diferentes lugares do globo, esta fixação, representou uma autêntica revolução económica e social.

A Revolução Agrícola do Neolítico

Sendo o Neolítico, o período da vida da humanidade em que os Homens usavam instrumentos da pedra polida. O que no entanto, melhor caracteriza o período é a sedentarização e a economia produtora.

Neste período os Homens já cultivavam a terra e domesticava os animais.

A revolução do Neolítico caracterizou-se pelo aumento da população e foi este aumento que catapultou a expansão agrícola, lenta, mas progressiva. Presume-se que a sementeira fosse inicialmente feita com o recuso ao calcanhar ou a um pau afiado.

Entre 5000 e 4000 anos a.C., com a utilização os metais (cobre, ferro, bronze), o solo passa a ser mais facilmente trabalhado e arrotado o permite o aumento das áreas do cultivo; aparece enxada inicialmente de pedra e mais tarde de ferro, aparece arado de madeira e posteriormente de ferro, já conhecido na Mesopotâmia e no Egipto cerca de 3000 anos a.C. puxado por bois na Europa e Norte de África no segundo milénio.

Este permitiu lavrar em terrenos mais duros e fazer sulcos mais profundos. São inventados dois tipos de charrua: uma no Egipto e a outra na Ásia Central que se espalharam em Europa Setentrional, ao Cáucaso e por terras ainda mais longínquas, onde substitui a enxada e o pau de semear para uma maior propriedade agrícola.

No Neolítico acontece o aperfeiçoamento do amanho da terra e aumenta a produção agrícola, o que estimula o inicio das trocas comerciais. Pratica-se o afolhamento e rotação de cultura com o pousio, reconheceu-se igualmente o esgotamento dos solos pelo que alguns povos deram inicio a utilização de estrumes de animais para fertilizar o campo.

Não se admira portanto que as margens de grandes rios, que que registavam cheias periódicas tenham sido as regiões preferidas para a fixação das comunidades neolíticas. As cheias fertilizam os campos marginais, a água é imprescindível à vida dos Homens, das plantas e das culturas agrícolas.

Os agricultores preferiram as planícies aluviais para a prática de agricultura, e os que dedicaram fundamentalmente à pastorice preferiam as zonas planalticas favoráveis a criação de gado.

Localização das principais áreas agrícolas durante o período neolítico

A zona geográfica entre o rio Nilo (Egipto), o Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), passando por região intermediaria Oriental, Planalto da Síria, Ásia Menor e Sul do mar Cáspio constitui o chamado Crescente Fértil, território onde se encontraram vestígios das mais antigas povoações neolítica.

No Crescente Fértil verificaram-se os primeiros progressos significados dos povos, situa-se o Berço das civilizações. Na Ásia os rios Indo e Ganges (Índia) e o rio Amarelo (China), constituíram igualmente foco de atracção muito antigo para o cultivo da terra.

Também na América, mais tarde numa zona que actua o actual México, a Venezuela e Colômbia cedo se fixaram alguns povos agricultores.

O Egipto

O Egipto antigo conheceu muito cedo, no sector da pecuária, a caça, o cativeiro e a selecção de animais. Criavam-se várias raças de bois, burros, cabras, porcos e carneiros, além de antílopes e gazelas da própria África e cavalos procedentes da Ásia. Um papel todo especial no trabalho agrícola foi atribuído ao boi, elevado à categoria de divindade (o boi Ápis) e, segundo a tradição, uma dádiva da Índia ao Egipto.

Do Egipto a agricultura passou à Grécia, onde inspirou a Hesíodo um poema didáctico, Os trabalhos e os dias, e a Teofrasto dois trabalhos técnicos, As pesquisas sobre as plantas e As causas das plantas, que sobrevivem ainda como manifestações pioneiras.

Roma

 Os romanos, de posse de uma múltipla herança, deram grande valor ao campo e sistematizaram o emprego de técnicas fundamentais como a enxertia e a poda. Columela, com sua obra Sobre a agricultura, tornou-se o mais célebre especialista de Roma, enquanto Públio Catão fez o louvor da classe agrária e garantiu por escrito, 200 anos antes de Cristo, que a agricultura é a profissão “que menos expõe os homens a maus pensamentos”.

Em Roma, de início, os lavradores formavam a vanguarda do patriciado: só proprietários de terras podiam comandar a defesa da pátria. Casos como o de Cincinato, que deixou uma chefia no exército para retornar à charrua, não foram raros. A agricultura romana progrediu até a época dos antoninos. O poder central, em seus avanços imperialistas, assenhoreou-se das terras conquistadas, escravizando os habitantes, e distribuiu-as entre os patrícios. A agricultura tornou-se assim actividade servil. Mas suas bases foram minadas pela crescente concentração urbana de escravos fugidos e pequenos proprietários arruinados.

Bibliografia

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