Como acontece com a distribuição da população de qualquer outro país, região, continente ou mundo, a de Moçambique foi e é também determinada por factores físicos e humanos. Um estudo deste género pressupõe a recolha de informações sobre a distribuição da população, sua análise e as relações com os aspectos do meio e todas as modificações que se operam ao longo do tempo.

Os factores físicos da distribuição da população em Moçambique destaca: o relevo de montanha ou de planície; o clima com as suas variantes ( temperatura e pluviosidade), os solos mais ou menos férteis; a vegetação mais ou menos abundante; a maior ou menor disponibilidade de recursos do subsolo, interage no sentido de atracção ou repulsão na distribuição da população.

As guerras do passado, o maior ou menor desenvolvimento da agricultura, da indústria, dos transportes e outros factores humanos, interagem também na fixação da população. A desigual distribuição da população em Moçambique foi originada provavelmente por factores económicos e de natureza conjuntural como por exemplo as migrações forçadas devido o conflito armado que terminou em Outubro de 1992.

Regiões mais e menos povoadas e suas causas

Para Arnaldo (2007:16), as áreas costeiras concentram a maior parte da população moçambicana, dadas as boas condições de habitabilidade e incluem os maiores centros urbanos. Internamente, os principais movimentos populacionais tomam o sentido do interior para a costa, ou seja, do Oeste para Leste, e do Norte para o Sul, face aos altos níveis de desenvolvimento social e económicos vigentes na Região sul.

Uma análise da distribuição da população em Moçambique por exemplo, indica que ela se concentra ao longo do litoral, nas margens dos principais rios, ao longo dos corredores de transporte e nos centros urbanos.

Distribuição espacial da população em Moçambique

População de Moçambique

A partir da década de 70 sobretudo, Moçambique tem vindo a registar uma rápida taxa de urbanização. Em 1950, o país era quase totalmente rural. Porém em 1980, a percentagem de população urbana atingem os 13% e, de acordo com o INE em 1997 a taxa era de 27,6%.

A população do País é predominantemente rural. Em 1980, 73% da população total residia nas áreas rurais enquanto a restante morava nas principais cidades consideradas urbanas. Só a capital do País, Maputo, acolhia 48% do total da população urbana, o que demonstra um padrão de distribuição muito heterogéneo. (idem)

Segundo os dados do Censo de Moçambicano de 2007, a Região Centro detinha 42,9% da população e as regiões Norte e Sul contribuíam com 33,4% e 23,7% respectivamente. As províncias de Nampula e Zambézia foram as mais populosas e, as menos populosas, as de Maputo-Cidade e Niassa.

Realçando as constatações do Censo de 1997, as províncias da Região Sul apresentavam taxas de imigração muito elevadas, destacando-se as províncias de Maputo-Província e Maputo-Cidade, nas quais, respectivamente, 50% e 60% da população eram imigrantes.

Quanto à densidade populacional, para o país, havia, segundo o Censo 2007, 25,3 habitantes por km2. As províncias costeiras de Nampula, Zambézia, Maputo-Província e Maputo-Cidade apresentam as mais altas densidades. Comparado a 1997, a província de Maputo-Cidadecapital do país, obteve mais de 426 habitantes por km2, ao passo que as demais províncias, mais povoadas, obtiveram, em média, um aumento em 12,2 habitantes por quilómetro quadrado.

A distribuição territorial da população em Moçambique tem conhecido nos últimos anos, profundas alterações, devido a diversos factores conjunturais de carácter social, político e económico, dinâmica produtiva e ambiental. Esta distribuição é em geral de carácter disperso nas zonas rurais e concentrado nas zonas urbanas.

 Em 1980, a população considerada urbana isto é vivendo nas 12 cidades era de 1.5 milhões de habitantes; ou seja, de 13.2%, contra 86.8% das zonas rurais. Em 1991, os 12 centros classificados como cidades, passaram a ter uma população de 2.5 milhões de habitantes. Comparando este valor com cerca de 1.5 milhões de 1980 observa-se um crescimento de 994.894 habitantes para um período de 11 anos, o que equivale a uma taxa média de crescimento anual na ordem de 4.5%. Contudo, na década de 90 a distribuição espacial foi influenciada por um conjunto de factores conjunturais que alteram o desenvolvimento normal da distribuição geográfica da população. Entre estes factores conjunturais adversos, a guerra foi um dos principais, associados à fraca rede de infra-estruturas sociais e económicas, principalmente no meio rural, tornando-o extremamente repulsivo, enquanto os espaços urbanos transformaram-se em centros mais seguros e atractivos. No meio urbano, a distribuição territorial da população vai progredindo no sentido duma maior concentração à medida que nos aproximamos do centro urbano. Assim, a população residente nas faixas peri-urbanas ostentam características de sociedade rural que se misturam com formas económico-sócio-culturais urbanas.

Problemas Rurais e Possíveis Soluções

O surgimento de um povoamento rural concentrado, com as características daquele que está a expandir-se por todo o território da república de Moçambique, num território da população essencialmente dispersa, além do impacto que está a ter na distribuição da população rural e dos problemas daí decorrentes, também está a influenciar diversos aspectos da organização sócioeconómica, surgindo novas situações que nem sempre são de fácil resolução.

Um dos problemas surgidos, diz respeito à localização geográfica das habitações. Durante a primeira fase do desenvolvimento deste novo tipo de povoamento, a localização era fruto do acaso ou de alguns conhecimentos empíricos dos camponeses. O movimento de criação de aldeias não pode ser acompanhado por estudos físico-geográficos e económico-geográficos que fornecem as bases científicas necessárias para uma correcta localização, tanto do ponto de vista económico como do ponto de vista físico. Não existiam os quadros necessários para tão grande tarefa. E assim que, por vezes, surgem aldeias implantadas em lugares contra-indicadores (vertentes, por exemplo), sem articulação a rede de estradas com os centros urbanos. Esta situação começou a ser corrigida na segunda fase deste processo através da relocalização de algumas aldeias em situação mais crítica e da criação de um sistema de comercialização e aprovisionamento.

A relação entre a quantidade da população agrupada nas aldeias e os recursos naturais disponíveis (terras, água, florestas), revela-se, por vezes, com desequilíbrios pronunciados, quando a escassez de terra arável de água e de lenha em áreas próximas da aldeia. É frequente encontrarem-se aldeias onde a distância média entre habitação e a terra de cultura é superior a 5km, e a fonte de abastecimento de água mais próximo localiza-se a mais de 3km.

Possíveis Soluções

Para minimizar estes problemas, além da localização de algumas aldeias, devem ser tomadas algumas mediadas no que diz respeito a melhoria do abastecimento de água potável, de tal forma que os abertura de furos de água estarem próximas das aldeias, a extensão da rede eléctrica para as zonas rurais. Da formação de bairros satélites, maior incentivo das cooperativas agrícolas, reorganização das propriedades familiares e introdução de outras actividades para além da produção agrícola.

 

Bibliografia

DE ARAÚJO, Manuel Garrido Mendes. As Aldeias Comunais e o seu Papel na Distribuição Territorial da População Rural na República Popular de Moçambique. UEM, Maputo, 1994.

MANGUE, João etall. Aspectos Sociais, Económicos, Demográficos e de Saúde em Moçambique1997 á 2007, Maputo, 2011.

MINISTÉRIO DE PLANO E FINANÇAS.Moçambique político nacional de população Maputo, 1998.

MUANAMOHA, Ramos Cardoso. Tendências históricas da distribuição espacial da população em Moçambique. Belo Horizonte, Brasil, 1995.

PERFIL DO SECTOR URBANO EM MOÇAMBIQUE.Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos Escritório Regional para África e Estados Árabes 2007.