relevo é uma saliência, forma escultural saliente sobre uma superfície que lhe serve de fundo e em geografia define-se como acidentes orográficos da superfície terrestre.

Relevo refere-se as desigualdades que se verificam na superfície terrestre, constituindo deste modo o elemento característico da camada superficial da crusta terrestre, e que resulta da actuação dos agentes internos designados causadores do relevo e agentes externos designados modeladores ou modificadores do relevo.

O relevo se origina e se transforma sob interferência de dois tipos de agentes, os internos ou criadores de relevo (forças endógenas) e os externos ou modeladores do relevo (forças exógenas), que actuam de forma sumultânea, sendo as endôgenas responsáveis pela elevação ou rebaixamento de certas áreas e as exôgenas responsáveis pela erosão nas áreas elevadas e pela acumulação nas áreas rebaixadas, e que para a melhor compreensão da actuação destes agentes, importa estudá-los separadamente.

Agentes externos ou modeladores de relevo

São aquelas que actuam a superfícies sobre as rochas destruindo e aplainando-as, sendo as principais forças exógenas as variações térmicas, a chuva, os seres vivos, os rios, o vento, o mar os glaciares, etc.

A acumulação conjunta destes factores condiciona o relevo inicial á erosão, transporte e acumulação de detritos ou sedimentos, sendo os factores exógenos responsáveis pela formação de planaltos e planícies.

As variações térmicas

As formações rochosas em contacto com a atmosfera estão sujeitas a grandes variações diurnas da temperatura. Quando esta é elevada as rochas dilatam-se e se o arrefecimento for brusco contraem-se e acabam fragmentando-se, processo designado por termoclastia.

Nos desertos quentes a termoclastia é frequente, pois durante o dia as temperaturas são elevadíssimas e de noite atingem valores baixos.

A Chuva

O montículo de área, calhaus de vários tamanhos e sucos cavados no solo, tudo isso é provocado pelas águas da chuva. O grau de importância depende da intensidade da chuva, da natureza das rochas e do declive do relevo.

A água da chuva exerce uma dupla acção na modelação do relevo: acção mecânica e química. Pela acção mecânica a água arranca e transporta o material rochoso e pela acção química dissolve alguns dos minerais que constituem as rochas provocando a sua desagregação.

É o caso das águas selvagens que no seu movimento as vezes violento desgastam as rochas e arrastam os detritos, e se a sua intensidade for maior formam – se enchuradas de forte acção e destruidoras.

Nos terrenos das rochas pouco duras e com pouca vegetação a violência das águas é sempre maior e consequentemente regista-se meio desgaste.

Os Seres Vivos

Os seres vivos contribuem para desagregação das rochas. As plantas com suas raízes em crescimento obrigam as fendas a alargarem-se. O próprio homem destruindo a cobertura vegetal cria novas condições que permite a intensificação da erosão.

Os Rios

O trabalho modelador dos rios compreende a erosão, o transporte e a acumulação. Cada um destes aspectos predominam num determinado percurso do rio, embora se possa verificar ao longo de todo o seu leito.

Acção do desgaste de um rio depende fundamentalmente do seu caudal, do seu regime, da velocidade das suas águas e da natureza das rochas do vale.

O desgaste é dominante no curso superior, onde o rio ocorre num vale estreito e profundo de grande declive. O aumento brusco do declive a acção de erosão, nesta zona é muito intensa.

O material arrancado ao leito ou fornecido pelas vertentes é transportado pelo fundo do rio por arrastamento ou rolamento, e exerce um intenso trabalho de desgaste no leito, tomando o vale a forma de vertentes estreitas e altas.

No curso médio onde o declive (descida) é fraco, com menor velocidade das águas selvagens, o rio exerce um trabalho de transporte.

A erosão é importante nas vertentes devido a acção das águas selvagens e das torrentes vão recuando e o vale torna-se mais longo conforma de V mais aberto.

No curso inferior o rio corre numa planície e o seu vale é muito largo, as margens são baixas e o declive é muito fraco e as águas sem força para desgaste quer para transportar os materiais (exceptuando aos mais finos e dissolvidos), pelo que vai deixando ao longo desta parte do seu percurso, vão sendo depositados formando deste modo extensas planícies aluviais

O Vento

A acção erosiva do vento se faz sentir principalmente nas regiões secas e desprovidas de vegetação sendo intensa nas regiões desérticas, semidesérticas e litorâneas.

O vento transporta materiais desagregados, pode ser por meio de meteorizacão. Quanto mais forte for o vento maior é a quantidade e calibre do material transportado, assim o vento tem uma acção selectiva, isto é, retira material mais leve e deixa o mais pesado.

No trabalho de modelação do relevo o vento actua segundo três processos: remoção, transporte e deposição.

Remoção de todos os materiais leves originando a decomposição e fragmentação das rochas, deixando apenas os detritos pesados.

Transporte dos detritos, podendo ser a distância variáveis depois de atingir dezenas ou mesmo centenas de km.

Deposição dos detritos quando a velocidade do vento diminui ou encontra algum obstáculo, os detritos transportados acumulam-se em forma de dunas nos litorais e desertos.

O Mar

O mar é um modelador do relevo nas orlas litorais através das ondas e correntes marítimas.

O mar ataca a terra através da acção química das águas salgadas quer através da acção mecânica das suas ondas. A terra opõe maior ou menor resistência conforme a dureza das rochas e a configuração da costa.

A acção modeladora do mar compreende três aspectos: o desgaste,

O desgaste depende da intensidade das ondas, da natureza das rochas, e do aspecto da costa.

Se as rochas são um pouco duras a costa recua e formam-se reetrâncias e se forem muito duras formam saliências.

As ondas pela sua acção mecânica, arrancam á costa blocos de dimensões variadas que a seguir são lançados contra ela, como instrumentos escavadores.

Na zona situada entre os níveis de maré-cheia de maré vazia, as águas das ondas penetram nas fendas das rochas, comprimindo o ar nelas existentes. Quando as ondas recuam, a água sai dessas fendas de modo explosivo devido a força que o ar comprimido exerce sobre elas. As fendas alargam-se então cada vez mais, o que contribui poderosamente para o desgaste naquela zona.

Como o desgaste da costa se realiza principalmente na sua base, a parte superior, por falta de apoio, acaba por se desmoronar.

As correntes marítimas – deslocamentos de grandes massas de água do mar transportam materiais de erosão, como pequenos calhaus de areias, para pontos diferentes da costa, depositando-os em lugares abrigados quando a velocidade das águas diminui, formando praias, bancos e cordões de areia.

Os glaciares

Dá-se o nome de glaciares as grandes massas de gelo que se movem lentamente.

Os glaciares localizam-se em zonas frígidas e mesmo nas altas montanhas das regiões temperadas, onde as temperaturas são tão baixas e que a água se encontra no estado sólido, isto é, neve e gelo.

O movimento dos glaciares é imperceptível a nossa vista, porque deslizam com menor velocidade e conforme o declive do leito e da época do ano, sendo maior no verão do que no inverno.

Os materiais rochosos, resultantes de desprendimentos das vertentes, caiem sobre o glaciar e vão para o fundo através de fendas abertas no gelo ou ficam entre o gelo e as margens. Estes materiais, conjuntamente com outros que o glaciar vai arrancando ao leito, exercem um forte atrito sobre as rochas do fundo e das margens, provocando-lhes um enorme desgaste. Dado o desgaste simultâneo do fundo e das margens, o vale glaciário tem forma de U.

Um glaciar ao deslocar-se num vale vai se aproximando de altitudes cada vez menores onde as temperaturas são elevadas. Daqui resulta a fusão do gelo e a deposição da moreia transportada na frente do glaciar. Estas formas de acumulação podem construir um obstáculo a passagem das da fusão, que ai fica retida, originado um lago

Quando o glaciar atinge uma zona onde a temperatura é suficientemente alta, o gelo funde e as moreias, com seus calhaus de vários tamanhos incluindo as vezes , grandes blocos , depositam-se e vão se acumulando na parte terminal do glaciar .A água resultante da fusão, forma a partir dai, uma torrente ou rio que podem eventualmente transportar parte do material das moreias.

 

Bibliografia

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