O Turismo, portanto, ainda trafega impacientemente pelas áreas das Ciências Sociais Aplicadas e Humanas, entre elas, a Geografia. Esta, indiscutivelmente, é fundamental por oferecer o campo de actuação da oferta turística: o espaço geográfico.

Poucas ciências sociais e humanas possuem tantas aproximações em seus universos de estudos quanto a Geografia e o Turismo. Além disso, o Turismo assemelha-se com a Geografia na busca pelo seu objecto específico de análise.

A Geografia traz, em sua génese, enquanto ciência moderna, a síntese do conhecimento de várias ciências e, assim, construiu o seu próprio alinhamento epistemológico. Mas, a principal relação entre a Geografia e o Turismo vai se estabelecer no espaço geográfico como alicerce da oferta turística. Apesar de serem classificados como ciências sociais e humanas, ambos mantêm fortes ligações com as ciências naturais, o que levou Santos (1996) a afirmar “a Geografia não é física nem humana.

A Geografia é da humanidade”. O espaço geográfico é um suporte na vida dos indivíduos e dos grupos independentes dos estágios de desenvolvimento tecnológico. Ele resulta da acção humana que interfere na realidade natural e cria paisagens humanas e humanizadas.

Assim, o espaço geográfico modifica-se constantemente, e as paisagens incorporam novos objectos e novas técnicas criadas pelo conhecimento e pelo trabalho humano. Essas modificações relacionam e inter-relacionam os diferentes espaços geográficos e criam a oferta turística que, para Sessa (1983) “é o resultado de todas aquelas actividades produtivas que servem à formação dos bens e serviços necessários à satisfação da necessidade turística e que se exprimem no consumo turístico”.

Para Rodrigues (1997), “a paisagem é um notável recurso turístico desvelando alguns objectos e camuflando outros por meio da posição do observador, quando pretende encantar ou seduzir”.

Este aspecto cognitivo é percebido por Santos (1998) como sendo “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons”.

 A paisagem é aquilo que se vê. Ver significa conhecer e perceber, compreender e interpretar. Cada qual vê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam.

É desafiante estender a todas as paisagens geográficas os necessários atributos para adjectivá-las como turísticas, pois as paisagens turísticas, “devem dar conta das motivações dos visitantes que as contemplam ou as utilizam”.

Referências

Boff, L. A águia e a galinha. Uma metáfora da condição humana. São Paulo: Vozes. 2004;

Castrogiovanni, A. C. Turismo: 9 propostas para um saber-fazer. Porto Alegre: Edipucrs. 2000;

Rodrigues, A. B. Turismo e espaço: rumo ao conhecimento interdisciplinar. São Paulo: Hucitec. 1997;

Sessa, A. Turismo e política de desenvolvimento. Porto Alegre: Uniontur. 1983;

Santos, M. & Souza, M. A. A. A construção do espaço. São Paulo: Nobel. 1996;

Santos, M. Metamorfoses do espaço habitado.  São Paulo: Hucitec.  1998.