Ao escrever, devemos evitar defeitos que podem prejudicar a compreensão do nosso texto. No capítulo anterior, tratamos das qualidades que devem ser cultivadas: a clareza,

a concisão, a correção e a elegância. Vamos agora tratar de alguns defeitos que empobre-cem o texto.

Ambiguidade

Ocorre ambiguidade (ou anfibologia) quando a frase apresenta mais de um sentido.

Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. E considerada um defeito da prosa, porque atenta contra a clareza.

Veja agora alguns exemplos de frases ambíguas:

  • João ficou com Mariana em sua casa.
  • Alice saiu com sua irmã.

Nos exemplos acima, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento.  Portanto, muito  cuidado  no  emprego  desse pronome possessivo. Você pode evitar a ambiguidade, substituindo-o por dele(s) ou dela(s).

Obscuridade

Obscuridade significa falta de clareza”. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação. Observe:

Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e ele-gantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa,aturada e continua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tem-po.

Pleonasmo

O pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um termo. Veja:

A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.

Ele teve uma hemorragia de sangue.

Convém notar, no entanto, que bons autores costumam recorrer ao pleonasmo

Em função estilística, a fim de tornar a mensagem mais expressiva. Nesse caso, o

pleonasmo não é considerado um defeito. Veja os exemplos abaixo:

“A mim, ensinou-me tudo. ” (Fernando Pessoa)

“A ti, trocou-te a máquina mercante. ” (Gregório de Matos)

 Cacofonia

A cacofonia (ou cacófato) consiste na produção de som desagradável pelaunião das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra. Veja:

Nunca gaste dinheiro com bobagens.

Uma herdeira confisca gado em Mato Grosso.

Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.

ECO

Consiste na repetição de palavras terminadas pelo mesmo som. Observe:

A decisão da eleição não causou comoção na população.

O aluno repetente mente alegremente.

Prolixidade

A prolixidade consiste na utilização de mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia; é, portanto, o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo linguiça”, não ir direto ao assunto.

Nessa tira, para fazer uma simples pergunta, Lester usa a “terminologia e fraseologia” que julga  confusas e que questiona…

O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão-somente para prolongar o discurso, também pode tornar um texto prolixo. Expressões do tipo: “antes de mais nada”, “pelo contrário”, “por outro lado”, “por sua vez” são, muitas vezes, utilizadas só para prolongar o discurso. Cuidado com elas.

Veja o exemplo abaixo:

Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos?

Antes de mais nada, não saberia responder com exatidão. Grosso modo, há sempre uma eterna divergência entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes, estranho. que chega a escandalizar os mais velhos… Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm absolutamente nada a transmitir aos mais idosos.

Além dos defeitos que apontamos, procure evitar as frases feitas, os chavões,

pois empobrecem muito o texto. Veja alguns exemplos:

“inflação galopante”

“vitória esmagadora”

“esmagadora maioria”

“caixinha de surpresas”

“caloroso abraço”

“silêncio sepulcral”

“nos píncaros da glória”