O livro divide-se em cinco partes, que correspondem com os períodos mais importante da vida de Alexandre Semedo, mas também com a anatomia da estátua: 1-A boca (1890-1904), 2-Os olhos (1917), 3-O coração (1940-1941), 4-O sexo (1961) 5- As pernas (1975).

Yaka (1984) é um romance histórico, que aborda a época da colonização desde 1890 até a independência de Angola em 1975, através da vida de Alexandre Semedo, filho de um português desterrado para a colónia de Angola, devido as suas convicções antimonárquicas, outra versão, diz-se, por ter morto sua esposa a machadada.

Alexandre Semedo, personagem principal desse romance, nascera em 1890, debaixo de uma árvore quando os pais saiam das terras do Namibe para Benguela, depois de terminar a pena imposta a Óscar Semedo seu pai, sua mãe fora assistida por uma escrava Ganguela, que acabara de falecer momentos antes da chegada da família Semedo no Dombe-Grande.

Yaka representava o mito dos povos guerreiros que, sob direcção da Rainha Njinga, empurraram o exército português até ao mar. A rica estátua Yaka dá uma razão para se inventar um outro protagonista: uma estátua que o pai de Semedo ganhara no jogo.

1- A Boca (1890-1904), 2- Os Olhos (1917) O afundamento psicológico do colono, o medo pela rebelião dos nativos contra o sistema colonial, justificava as barbaridades mais violentas, violações dos valores e direitos humanos, a morte de Silva Porto, a destruição de Ekovongo e a morte de Ndunduma Bié, a rebelião de Mutu- ya-kevela (Bailundo) e posteriormente a sua morte, a morte do soba do Huambo, as caravanas militares para impedirem as revoltas em toda parte da região, o fim da guerra de 1902 no planalto central, a fé na superioridade frente aos povos africanos, é descrito nas duas primeiras partes.

3- No coração (1940-1941), o centro do romance, narra a caçaria de uma família que vivia ao longo do rio Cupororo, homem mucubal, pelos militares portugueses como resposta a morte de Aquiles Semedo, filho de Alexandre Semedo, caçado como se fosse um animal, num divertimento dos colonos. Paralelamente, os pulos pelas independências são cada vez maiores, e dão-se revoltas na capital, (em Luanda) o medo dos portugueses aumenta e a repressão também.

4- O sexo (1961) Alexandre Semedo completava 71 anos de idade, altura em que morre sua esposa Donana de Aragão, narram-se as convivências dessa família, as revoltas que se observavam no Bocoio, no seles, a morte de muita gente, as crianças rebentadas as cabeças nas arvores, as cubatas queimadas, o óbito do velho Acácio, que foi atirado no mar, o velho Cassenda que sangrava por todos os lados, gritava suku, ah suku, quando lhe arrancavam o sexo com alicate, o desmantelamento da rede clandestina cujo o epicentro se encontrava no Bocoio, e dali irradiava para toda a região, a prisão do pastor protestante que deu abrigo a um terrorista profissional.

5- As pernas (1975), representam momentos prévios à independência, a fuga dos colonos e a integração no MPLA de Joel, o bisneto do Alexandre Semedo, a ocupação do país pelas tropas sul-africanas, a guerra travada pelas FAPLA com ajuda dos cubanos perante as forças sul-africanas no Katengue e consequentemente a derrota das FAPLA perante as forças estrangeiras. Toda a história da família é acompanhada pela estátua Yaka. Semedo interroga-a durante todo o livro. Só no final do romance é que Alexandre Semedo, consegue percebe-la. Depois de ter passado cinco gerações desde a chegada dos Semedos a Angola.