1.Alterações dos ecossistemas:

As alterações dos ecossistemas são consequências:

De causas naturais, devidas à dinâmica interna e externa do nosso planeta;

Da Acão humana.

1.1. Desequilíbrio dos ecossistemas por causas naturais:

Entre as causas naturais de desequilíbrio dos ecossistemas salientam-se os sismos, os vulcões, as temperaturas, as inundações e as secas.

Os sismos são resultado de intensa actividade geológica da Terra. Podem desviar a direcção dos rios, provocar tsunamis, avalanchas de neve ou de terra, destruindo habitats e comunidades.

A zona de África onde se situa Moçambique é atravessada por uma falha da placa tectónica conhecida por Vale do Rifte. Esta falha pode comparar-se a um prato de vidro quebrado ao meio. Quando os dois pedaços chocam, a Terra estremece, originando assim o fenómeno conhecido por sismo. Em Fevereiro de 2006, em Machaze, na Província de Manica, um sismo originou um buraco no solo de sete quilómetros de comprimento por três de largura.

Os vulcões, durante a sua actividade, expelem grandes quantidades de lava, que escorre pelas encostas, destruindo casas, culturas agrícolas, podendo, mesmo, originar a morte de pessoas e animais. Os gases, cinzas e poeiras libertados na erupção vulcânica reduzem a penetração da radiação solar e alteram a temperatura e a composição da atmosfera.

As tempestades são originadas pela actividade atmosférica.

Podem resultar em furacões, ciclones e tornados, verificando-se elevada precipitação, queda de granizo ou neve e ventos muitos fortes, que causam a destruição de ecossistemas e a perda de vidas.

As inundações ou cheias são causadas pela subida do nível das águas dos rios, que saem do seu leito e alagam as margens e áreas vizinhas, afectando as populações que ali vivem e destruindo casa e culturas.

A principal causa das inundações é o excesso de precipitação, que faz aumentar o caudal dos cursos de água.

Moçambique é atravessado pelos rios internacionais Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Limpopo, Save, Búzi, Púngué e Zambeze, que correm em direcção ao mar. Qualquer alteração ambiental que aconteça nas regiões a montante destes rios reflectem-se no nosso país.

As secas são longos períodos de tempo seco, que trazem como consequência a desertificação, os incêndios florestais e problemas na agricultura e no fornecimento de água. A ausência de chuva ou precipitação insuficiente e a temperatura elevada do ar são as causas principais da seca.

1.2. Desequilíbrio dos ecossistemas por acção humana:

O ser humano tem explorado de forma intensiva os recursos naturais do planeta, correndo o risco de os esgotar. As alterações provocadas pela acção humana no meio ambiente são designadas por impacto ambiental.

A poluição, a exploração demográfica, a introdução de novas espécies, e a desflorestação são as principais causas de alteração dos ecossistemas pela acção humana.

Poluição é a introdução, directa ou indirecta, de substâncias nocivas ao ambiente, provocando um efeito negativo no seu equilíbrio. Causa danos ao Homem, aos seres vivos e ao ecossistema onde ocorre. Dos vários tipos de poluição existentes, destacam-se:

-A poluição do ar,

-A poluição da água,

-A poluição do solo.

a) Poluição do ar:

Os maiores poluentes atmosféricos são o dióxido de carbono, o dióxido de enxofre e o dióxido de azoto, que provém, de modo geral, dos gases originados pela queima, em veículos motorizados, equipamentos industriais e centrais eléctricas, de combustíveis fósseis, como o carvão e produtos derivados do petróleo – gasóleo, gasolina e fuelóleo.

Em Moçambique, as queimadas descontroladas nas zonas rurais são uma das principais fontes de emissão de poluentes do ar.

O aumento da concentração do dióxido de carbono na atmosfera agrava o efeito de estufa, o que faz aumentar a temperatura média da atmosfera. Este fenómeno é conhecido como aquecimento global. Em consequência deste fenómeno, os gelos derretem nos pólos e o nível do mar sube dezenas de metros, submergindo regiões litorais.

O dióxido de enxofree o dióxido de azoto libertados para a atmosfera são levados pelo vento até às nuvens. A sua combinação com o oxigénio e o vapor de água contido nas nuvens dá origem ao ácido sulfúrico e ao ácido nítrico, formando a chuva ácida.

Esta chuva prejudica a agricultura, contamina a água e acidifica os solos.

b) Poluição da água:

A poluição das águas subterrâneas, dos rios e dos oceanos tem diversas origens. A indústria é uma das actividades mais poluidoras da água porque os resíduos das fábricas e das casas são lançados directa ou indirectamente nos rios, nas ribeiras, nos lagos, nas albufeiras, nos estuários ou nos oceanos, sem tratamento prévio. Esta acção provoca graves desequilíbrios no ecossistema e a morte de muitos seres vivos. Por outro lado, se a água poluída se infiltrar no solo, irá contaminar as águas subterrâneas, com consequências graves para a saúde pública.

A utilização descontrolada de fertilizantes e de pesticidas na agricultura pode também poluir as águas superficiais e subterrâneas. As águas da chuva e da irrigação arrastam estes poluentes para os rios, lagos e albufeiras, contaminando o ambiente aquático.

A poluição dos oceanos e das zonas costeiras deve-se sobretudo a acidentes com petroleiros. O derrame do conteúdo que transportam origina as chamadas marés negras, que provocam a morte de numerosos seres vivos dos ecossistemas marinhos.

Um exemplo deste tipo de acidente é o que ocorreu em Moçambique, em 1992, quando o petroleiro Katina P derramou grandes quantidades de petróleo bruto na baía de Maputo.

c) Poluição do solo:

A poluição do solo ocorre principalmente pela acumulação de resíduos sólidos, por poluentes químicos oriundos das fábricas e por pesticidas e fertilizantes utilizados na agricultura.

As substâncias radioactivas são também grandes poluidores do solo. Estas substâncias emitem durante milhares de anos radiações altamente perigosas para todas as formas de vida.

1.3. Explosão demográfica:

Explosão demográfica é o grande aumento da população de seres humanos. Até ao século XIX, a mortalidade era extremamente elevada, pois o ser humano não tinha recursos suficientes para combater grande parte das doenças existentes naquela época.

A descoberta da penicilina, das vacinas, dos antibióticose a melhoria das condições de vida no século XX contribuíram grandemente para a diminuição do índice de mortalidade no Homem.

Como a natalidade não foi reduzida em muitos lugares do mundo, verificou-se um aumento brusco do crescimento da população mundial.

A explosão demográfica acaba por originar efeitos negativos no meio ambiente, já que o excesso de população induz o acréscimo de poluição e uma maior degradação ambiental, decorrente, por exemplo, do uso mais intensivo do solo ou de práticas indevidas (como a desflorestação, a desertificação e a erosão do solo).

2. Introdução de novas espécies:

Uma espécie introduzida pelo ser humano num ecossistema onde ela não existia anteriormente é chamada espécie exótica.

As espécies exóticas podem pertencer vários grupos de seres vivos – bactérias, fungos, protozoários (parasitas), plantas e animais – e vírus. O seu aparecimento tornou-se mais frequente a partir da época dos Descobrimentos, através das viagens transcontinentais iniciadas no século XVI.

Algumas espécies exóticas instalam-se no novo habitat, reproduzem-se e desenvolvem-se rapidamente, devido principalmente à ausência dos seus predadores naturais no novo habitat.

Tornam-se assim espécies invasoras.

O crescimento da população de espécies exóticas sem controlo tem como consequência a ocupação do habitat e possível extinção das espécies autóctones. A introdução descontrolada de espécies exóticas nos diversos cantos do mundo tem trazido, frequentemente, graves problemas para os ecossistemas.

Um exemplo em Moçambique foi a introdução do corvo-indiano. Este corvo é mais pequeno do que o corvo comum, e não possui o colarinho branco típico deste. Na ilha da Inhaca foi há alguns anos introduzido um casal de corvos indianos que rapidamente deu origem a uma população numerosa.

Mais resistentes do que as aves nativas daquela ilha, os corvos desalojaram as outras aves dos seus ninhos, obrigando-as a fugir para habitats menos favoráveis, e comeram os seus ovos, reduzindo assim a sua população. Esta espécie de corvo já atravessou a baia de Maputo, podendo ser observados corvos-indianos em toda a cidade.

a) Extinção de espécies:

Extinção de uma espécie é o seu total desaparecimento. Considera-se o momento de extinção de uma espécie a morte do último indivíduo dessa espécie.

Actualmente, assiste-se à extinção de muitas espécies devido principalmente à poluição, destruição do habitat, pesca e caça furtivas, assim como à introdução descontrolada de espécies exóticas.

b) Espécies ameaçadas de extinção:

Dugongo – mamífero marinho em perigo de extinção no mundo. Moçambique é o único da costa oriental da África com ocorrência de dugongos. Estes são muitas vezes apanhados nas redes dos pescadores, onde ficam presos, morrendo afogados. São protegidos ao abrigo da Lei de Florestas e Fauna Bravia de Moçambique.

Tartarugas marinhas – são espécies migratórias que se encontram ameaçadas mundialmente. A população de cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em Moçambique e que procuram a nossa costa para desovar tem vindo a diminuir em várias zonas, porque tanto os ovos como o próprio animal servem de alimento ao ser humano. Para além disso, as carapaças são também utilizadas para a produção de objectos de adorno. Por se encontrarem ameaçadas mundialmente, a protecção e utilização de tartarugas marinhas é regulada por leis e acordos internacionais.

Elefante – é o maior animal terrestre. Encontra-se igualmente protegido por lei. É vítima de caça furtiva por causa do marfim destinado à comercialização.

Espécies florestais e plantas medicinais – Moçambique possuem variedades de plantas para exploração de madeira de alta qualidade e de muita procura no mercado estrangeiro, como, por exemplo, sândalo, pau-preto, jambire, chanfuta, pau-ferro e umbila.

Actualmente, o corte e o abate de madeira atingem proporções alarmantes, pondo em risco estas espécies vegetais. Exemplo: Afzelia quenzensis (Chanfuta);

As plantas medicinais usadas para o tratamento de várias doenças em Moçambique correm igualmente o risco de desaparecer devido à destruição das florestas e à sua colheita intensiva, sem reposição de novos exemplares, Batata-africana (Hypoxis hemercocallidea.)

c) Desflorestação:

O termo desflorestação refere-se à destruição da floresta, que tem como consequências nefastas para o ambiente a erosão dos solos, a destruição de habitats, o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera e a diminuição da humidade atmosférica, alterando o regime das chuvas.

As florestas são muitas vezes destruídas com o intuito de se obterem terrenos para a construção de centros urbanos e de zonas industriais, para a abertura de estradas e de áreas de agricultura intensiva e pastagens. A desflorestação também é causada pelo abate indiscriminado de árvores para comércio de madeira e para a produção de combustível.