Por: Ezequiel Cumbe

Expansão e penetração mercantil europeia em África: a Africa na fase imperialista (séc. XV – XVII)

 

Causas da expansão:


1. Falta de metais preciosos (que, na Europa, eram usados para fabricar moedas);

2. Encarecimento dos produtos vindos do Oriente: o mar mediterrâneo era controlado pelos muçulmanos que compravam mercadorias no oriente e revendiam a preços elevados para os europeus;

3. A procura de novos e seguros caminhos para a Índia: os muçulmanos que controlavam o norte de África atacavam os europeus;

4. Os avanços científicos e técnicos: a partir do século XV, os europeus desenvolveram o uso do astrolábio, o quadrante, a bússola e a caravela.
Os descobrimentos geográficos

Portugal foi o primeiro país na expansão mercantil, iniciando no ano de 1415, durante o reinado de Dom Henriques. Neste mesmo ano, Portugal conquista Ceuta, em Marrocos.

1420 – Gonçalves Zarco e Vaz Teixeira descobrem a ilha da Madeira.

1456 – Diogo Gomes descobre Cabo-Verde.

1471 – João de Santarém e Pedro Escobar descobrem o arquipélago de São – Tomé e Príncipe.

1482 – Bartolomeu Dias a foz do rio Zaire (Congo) e descobre a Angola.

1488 – Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança. Ele chamou o lugar de «Cabo das Tormenta», isso durante o reinado de João II.

A partir de 1492, a Espanha também lança-se na expansão. A primeira viagem patrocinada pela Espanha foi a de Cristóvão Colombo, que no ano de 1492 descobre a América, pensando ter chegado à Índia. Américo Vespúcio vai a América e dá uma volta por todo continente e constata que não era a Índia mas um continente novo.
Portugal e Espanha no dia 7 de Julho de 1494, assinaram o «Tratado de Tordesilhas», que tinha por objectivo dividir as terras descobertas entre duas potências a partir de uma linha divisória que passava a 370 léguas à Ocidente de Cabo Verde.

As terras na parte Ocidental pertenceriam a Espanha e as terras na parte Oriental pertenceriam a Portugal. O tratado de Tordilhas é considerado a primeira divisão do mundo feita pelos europeus.

Em 1498, Vasco da Gama descobre Moçambique e chega a Índia. Parou na baía do rio Inharrime para abastecer as suas embarcações, por ter sido bem recebido pelos locais, chamou de «Terra de boa gente».

Em 1500, Pedro Alves Cabral descobre o Brasil, a serviço da coroa portuguesa. Entre 1519 – 1522, o português Fernão de Magalhães e o espanhol Sebastião Del Cano a serviço da coroa espanhola, ambos fizeram a primeira viagem de circum-navegação.

A 6 de Abril de 1652, a Holanda chega ao Cabo, na África do Sul. O holandês, Jean Von Rebeck, desembarca na baía de mesa e constrói uma cidade, a Cidade do Cabo, hoje Capetown.

Razões para a prioridade portuguesa na expansão e penetração mercantil europeia
A localização geográfica favorável face ao oceano Atlântico; conhecimentos científicos e tecnológicos e a monarquia centralizada com unidade e estabilidade política.

Consequências da Expansão


Descoberta de novas terras; avanços no campo das ciências (nas náuticas, com o aperfeiçoamento das técnicas de navegação; na medicina, com o descobrimento de novas plantas com propriedades medicinais; na geografia, com a descoberta e representação em mapas de novos territórios); o início do comércio a escala mundial (comercio triangular), da europa saíam produtos manufaturados, armas de fogo, bebidas, quinquilharias para África de onde saíam escravos para as plantações americanas que por sua vez davam a europa.

A partir do séc. XVIII, segunda metade, e princípio do séc. XIX, o interesse dos europeus pela África muda. Eles passam a ter interesse pelas terras interiores.
Razões do interesse europeu por África

O movimento missionário que posicionava-se contra a escravatura; movimentos contra a escravatura desencadeados pelas potências europeias cercando os oceanos com objectivo de acabar com a escravatura; curiosidade científica e o espírito de aventura.

Essas razões deram início as viagens de descobrimento e exploratórias. Tinham por objectivo produzir o máximo de informações sobre a África, em particular sobre as vias de acesso ao interior (rios).

Na África Ocidental, a principal dúvida rondava sobre o rio Níger. Para seguir curso deste rio, em 1778 a Inglaterra através do Joseph Bank, cria a Associação Internacional Africana (AIA). As primeiras duas expedições foram desencadeadas a partir da Serra Leoa por Houghton (morto pelos árabes). Outra foi do Egipto, liderada por Horneman, que desapareceu no deserto.

Em 1795, o jovem médico escocês de 20 anos Mung Park partiu de Gâmbia e conseguiu chegar a Segu e morreu em Bussa sem chegar ao seu destino Tombuctu. Em 1850 foi lançado o maior explorador da África Ocidental, o alemão Henry Barth a serviço da Inglaterra.

Em 1848 Burton e Speake descobrem o lago Tanganica, e com Burton doente, Speake descobre o lago Vitória. Em 1849, o médico e missionário inglês, David Livingston, chega a África. Da África do Sul atravessa o deserto de Calaári (Namíbia) e atinge a Luanda. Percorreu o rio Zambeze do oeste a leste chegando as cataratas do rio Zambeze que chamou de «Quedas Vitória». Em 1856, atingiu o Oceano Índico e depois na sua volta em 1858 e descobre o lago Niassa.

A New York Herad enviou o jornalista americano Henry Morton Stanley para África com o objectivo de convencer Livingston a voltar a Inglaterra. No dia 10 de Novembro de 1871 Henry Stanley encontra Livingston em Ujiji (Tanganica), após este encontro permaneceram algum tempo explorando a parte norte do lago Tanganica. Depois de um tempo, Henry Stanley, sem conseguir convencer Livingstone voltou para Inglaterra.

No dia 10 de Novembro de 1875 foi fundada a «Sociedade Geográfica de Lisboa», que teve como secretário Luciano Cordeiro que representou Portugal na conferência de Berlim. Esta sociedade patrocinou as viagens dos seguintes exploradores: Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Paiva Couceiro.

Serpa Pinto atravessou o continente africano de Lisboa para o Oceano Índico (Durban). Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens partiram de Moçâmedes (Angola) e chegaram a Quelimane.

A 12 de Setembro de 1876, Leopold II, rei da Bélgica, convocou a conferência geográfica de Bruxelas onde foi criada a «Sociedade Internacional do Congo» também conhecida como «Sociedade Internacional Africana». Foram convocados todos países interessados em ocupar África, execepto Portugal e Inglaterra.

Em 1879, Leopold II, recrutou Henry Stanley para fazer o reconhecimento do Congo, causando um conflito com a França que havia reconhecido com Sarvogna Brazza. Por sua vez, Portugal, que considerava sua propriedade desde o séc. XV, assina com a Inglaterra, no dia 26 de Fevereiro de 1884 o «Tratado de Zaire». A Inglaterra reconheceria a soberania de Portugal em ambas as margens do rio Congo e Portugal daria o livre acesso a Inglaterra sobre o Congo.

O rei Leopold II convence o chanceler alemão Otto Von Bismark a convocar a conferência de Berlim.