Jacques Lacan foi um psicanalista francês. Teve contacto com a psicanálise através do surrealismo e a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos havia- se desviado, propõe um retorno a Freud. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

Jacques Lacan

Ele sitou o Ego como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O Ego é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenómenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Ego. É no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise.

Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. “Os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica.

O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como “formações do inconsciente”. A isto se refere o aforismo lacaniano: “O inconsciente é estruturado como uma linguagem”.

O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, “a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa”.

É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, “o real é o impossível”, “não cessa de não se inscrever”. O Real toca naquilo que no sujeito é o “improdutivo”, é “aquilo que não serve para nada”. Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto ausente, suas criações.