À primeira vista, pode-se pensar que todos saibam o que se significa com a palavra religião e religioso. Mas quando se trata do precisar a essência da religião surgem dificuldades sem fim. O problema religioso toca o homem em sua raiz ontológica, isto é, a religião tem a ver com o sentido último da pessoa, da história e do mundo. A religião realiza-se na existência humana.

O apelo de Deus como a proposta do homem verificam-se na existência. O homem sabe-se relacionado e determinado por algo que é maior do que ele mesmo. Assim sua existência religiosa se constitui a partir do divino. A partir do divino, a existência humana se especifica como religiosa. Em suma, a Realidade Suprema, de algum modo transcende com relação ao homem e ao mundo, mas como o qual o homem pode entrar, de algum modo, em relação pessoal.

Poder-se- á Justificar a Religião Perante a Razão?

A filosofia da religião não se confunde com a teologia, pois esta tematiza a relação homem- Deus a partir da livre revelação de Deus ao homem, ou seja, a partir de Deus. Com B. Welte podemos dizer que a filosofia de religião é filosofia; e filosofia que não se esclarece a partir de outras ciências, mas a partir de si mesma. O pensar filosófico é forma radical da liberdade humana.

Pensar é a busca do encontro do homem com o mundo, entre o pensante e o pensado. O pensar tem compromisso com a realidade. O homem existe como compreensão de si mesmo e do ser. A reflexão filosófica indaga o fáctico pelo seu ser inautêntico ou falso o objecto. A filosofia da religião tem a religião como objecto de seu pensar. Tenta esclarecer o ser e a essência da religião.

“A religião é a relação com o Absoluto na forma do sentimento, da representação, da fé; e no seu centro que tudo compreende tudo está somente como algo acidental e evanescente. O que na religião é instituído de modo acidental, e confuso, é demonstrado pela filosofia com carácter de necessidade”.

Iluminismo e Religião

Kant descreveu o Iluminismo como “a saída do homem da minoridade culpada. A minoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem a direcção de outrem… Supere aude! Tem a coragem de servir-te do teu próprio entendimento! Tal é o lema do Iluminismo!”.

O homem liberta-se da tutela de autoridade e da tradição. Quer ver, julgar e decidir por si mesmo. O homem torna-se ponto de referencia da realidade, transformando-se em medida do homem e do mundo, o qual é pensado a partir do homem e projetado para o homem. Com isso a fé tornou-se objecto de suspeita como ideologia de ordem ultrapassada e como força reacionária. Neste processo de emancipação encontramos três atitudes unilaterais a respeito do fenômeno religioso:

Negação Total da Religião

É a atitude que declara a religião como consciência falsa ou simples ideologia para, como tal, dever negá-la. Esta tendência conduz à liquidação da religião em nome da razão, que pretende ser a única possuidora da verdade, considerando a religião como uma ilusão. Descrição empírica e análise das diferentes concepções e instituições religiosas. Os representantes desta corrente geralmente interpretam o mundo actual como resultado do processo de secularização, contentando-se com afirmações meramente formais sobre o fenômeno da religião.

Tarefas da Filosofia da Religião

Há razões para acreditar que muitas formas tradicionais de religião desapareceram. Hoje a filosofia da religião deverá formular questoes que angustiam os indivíduos, as igrejas e a socieda de. No ocidente, marcado profundamente pela religião e cultura judaico-cristã, parece haver três questões fundamentais:

O processo do iluminismo age de maneira dialética sobre a tradição religiosa: destrói e conserva. Mas também pode purificar o conceito de Deus e conservar a autentica tradição da fé. Assim a situação de crise pode reverter em nova oportunidade.