Educação Pós-Independência em Moçambique (Segundo Samora)
A educação é um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade.
Durante muito tempo, a educação como instrução formal foi privilégio de poucos que dispunham de tempo e dinheiro para investir. Os séculos anteriores à invenção da imprensa foram marcados pela educação restrita apenas aos mais ricos ou a membros privilegiados de certos grupos sociais, como o clero. Para a grande maioria das pessoas educação significava aprender por meio da imitação com a experiência dos mais velhos, de forma que a tradição foi por muito tempo a principal fonte de aquisição de conhecimento.
"A educação deve dar-nos uma personalidade moçambicana, que sem subserviência alguma, assumindo a nossa realidade, saiba em contacto com o mundo exterior, assimilar criticamente as ideias e experiências de outros povos, transmitindo-lhes também o fruto da nossa reflexão e prática." (MACHEL 1973)
Ainda segundo Samora Machel (1973), os moçambicanos deveriam adquirir uma atitude científica, aberta, livre de todos os pesos da superstição e tradições dogmáticas. Deveria ser criada uma nova atitude na mulher, emancipá-la na sua consciência e comportamento e ao mesmo tempo inculcar no homem um novo comportamento e mentalidade em relação à mulher. O desenvolvimento deste dependeria das novas gerações.
“Pela primeira vez na nossa história há crianças, há jovens, que crescem fora do colonialismo, fora das tradições dogmáticas. Há uma geração, a primeira, que se forma ao calor da revolução. É esta geração que nos próximos anos será chamada a prosseguir a tarefa que iniciamos. Eles são o viveiro donde sairá a planta selecionada, que fará triunfar definitivamente a revolução. A este nível a missão dos professores e quadros da educação é extraordinariamente delicada. Eles, como nós, cresceram e formaram-se no mundo antigo, ainda trazem em si muitos vícios e defeitos, muito individualismo e ambição, muitos gostos corruptos e superstições, que são nefastos e podem contaminar as novas gerações. Os professores e quadros da educação devem comportar-se como o médico, que antes de se aproximar do doente na sala de operações se desinfeta, se esteriliza, a fim de não infectar o paciente.” - Samora Machel.